domingo, 23 de março de 2008

Crônica da Poesia: poemando na Liga

Uma bebedeira, um mal de amor, um bem de amor, alguma dor qualquer. Esses são alguns dos motores que iniciam a necessidade de escrever. Tec tec tec tec... onomatopéia do teclado recebendo a inspiração do deus que habita em cada um de nós.

Muitas vezes são versos curtos os que mais dizem, os mais reveladores, os que mais se estendem sobre os temas da existência. E assim a gente se abre, a gente se mostra, a gente se apresenta. É assim que deixamos de ser transparentes para tornar concreto o substrato do abstrato que nos constrói. Assim, com versos.



------------------------------------------

Versos cujo pai
É o título
Cuja mãe
Sou eu
Cujo irmão
São poemas crus
Cuja avó
É tinta
E o avô, papel
Versos que
Sempre quis construir
Ei-lo,
É um poema vadio



------------------------------------------

A cidade como ela é
Sem idade
A cidade a ser desvendada
Cidade desvirginada
A cidade depravada
Cidade ansiedade
Sem idade, sem verdade
A cidade da maldade
O herói da iniqüidade
Cidade é sociedade
Cidade aparta entendimento
Cidade a todo momento
A cidade que deus castiga
Essa cidade mendiga
Cidade da falência
Cidade é inocência
City da veemência
Na cidade sem clemência
A verdade sem cidade
Berço da tranqüilidade



------------------------------------------

Toda a água que cai
Evapora
E a árvore nasce
Sorrindo
Passarinho que canta
Lá fora
A abelha que passa
Zunindo
Todo amor que inicia
Vai embora
Sentimento que acaba
Iludindo
E julgamos infinito
Por ora
Esse amor acaba
Nos traindo
Decisão tem que ser
É agora
Se há dúvida não vá
Sem ter vindo
Adiar não adianta
Por fora
Se é pra ser, seja já
Estou indo



------------------------------------------

A primavera esconde traços
Do inverno que

O outono não quis revelar

As folhas da estação
Dançam como
Pássaros deixando
Seus ninhos
Pra sempre

Voam leves e tolas
Voam belas e breves

Como o efêmero vôo
É a vida que segue
Até o ponto onde
A alma dança
E se liberta
Do corpo que fede



------------------------------------------

O imediatismo
Da mediação
Arranca o lirismo
Do olhar da paixão
A catapulta pula
Aos olhos da moral
E faz o infinito
Além do bem e mal
O único impulso
Que exprime o desejo
É mais do que abraço
Vai muito além de um beijo
Caráter que se queira
Não quer mais ser enfim
Se olho para dentro
Eu busco além de mim
Sou grata ao inato
Pois nasci desse jeito
Esta sou eu, de fato
Humano com defeito




É por isso que eu me orgulho de deixar o sol bater forte em minha cuca, e permitir que a seiva maluca percorra os meus sentidos. Como eu queria ser engolida por uma multidão faminta, ávida por vida e morte. Quem sabe um dia dou sorte?

3 comentários:

DEUS disse...

Bons poemas.

Bons mesmo.

Alguns, assim que li pensei: que merda, por que não fui eu que escrevi isso?

rsrs

Nadadeordinário disse...

Gostei muito dos poemas. Todos.

E o caminho se faz feito.
XXX:)

Agatha disse...

Que legal, gente nova por aqui :)