quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O ano improvável.

Como não poderia deixar de ser, um texto pro final desse ano. Já estamos no dia 29 e provavelmente não entrarei na internet antes do reveillón e nem depois!

Praticamente em todos os dias, esse ano me trouxe surpresas.
Foi o ano que eu dei o meu 5º beijo, no 1º dia do ano.
Foi o ano que eu passei pro que eu queria, duas vezes. Desisti da primeira e meti os peito na segunda.
Foi o ano que eu abandonei, com uma dor no coração, Pedagogia. Depois de um ano e meio pedalando com a pobre Lois Lane praquela UEMA, passando raiva, tendo ódio de gente, rindo, amando algumas seletas pessoas. Não, não foi pra nada que eu fiz Pedagogia. Foi uma das mais surpreendentes aventuras da minha vida. Pena ter que ter de deixar tudo isso pra trás.
Foi o ano do meu primeiro carnaval!
Foi o ano que eu fui morar fora, depois de quase perder o curso de Jornalismo, por um erro no meu cadastro na UFPI.
Foi o ano que quatro pessoas me fuderam com toda a crueldade com que se pode fuder alguém. E digo FUDER mesmo, sem eufemismos, sem duplo sentido. A marca que ainda está em mim mostrou o quanto um dia pode fazer tanta diferença na vida de uma pessoa.
Foi o ano que eu conheci o maior número de gays da minha vida. (\o/ Lesgal! Atoron!)
Foi o ano que eu conheci pessoas e as amei, quase que instantâneamente. E, pelo menos uma dessas pessoas me amou com toda a intensidade que poderia ter. E foi, infelizmente, o ano que eu não pude retribuir o tesouro que me era dado.
Foi o ano que eu subi na mesa (não digo o meu estado*!) e cantei "Hay amores" pra umas 20 pessoas. Sei que serei lembrada pra sempre por isso. (gravaram, porra!)
Foi o ano que eu beijei mais do que em toda a minha vida inteira. A contagem não vai ser revelada, mas, pelos meus padrões, foi muito, mésti.
Foi o ano que eu beijei e não morri. (Sim, eu poderia. Se você me conhece, sabe o porquê!)
Foi o ano que eu fui assaltada pela primeira vez. Corri, o ladrão não me pegou, o celular sobreviveu, mas eu dei uma topada e torci o pé! Grrr
Foi o ano que, por causa da topada, pela primeira vez na vida, coloquei o gesso no pé. (Vai me dizer que quando você era criança não tinha esse sonho de usar gesso só pros outros assinarem? TÁ! Nem vem!)
Foi o ano que eu me sujeitei trabalho escravo às aulas de uma professora acolá, que me deu uma mínima amostra do que é o mercado de trabalho.
Foi o ano que eu dei um ataque de fúria e xinguei meus pais na cara deles! =O EU fiz isso. Até hoje não acredito... Não só ter feito, mas como não acredito ter sobrevivido. Gulp!
Foi o ano que parei de dormir com a minha vó, depois de quase cinco anos.
Foi o ano que passei fui personagem de três reportagens de tv. (Tipo, eu passava lá atrás na escala rolante do shopping, mas mesmo assim, foi a minha estréia. Meu nome agora não é mais Jamila Carvalho, meu nome artístico agora é Íris Katherynni, ok?)
Foi o ano que eu vi o tanto que eu tava lascada sem amigos.
Foi o ano que eu fui assaltada pela segunda vez. E pela segunda vez, o meu celular resistiu.
Foi o ano que eu parei de escrever no meu diário. Infelizmente, muito, absurdamente.
Foi o ano que eu vi que eu não sei de porra nenhuma e que eu sou igual a uma formiga andando distraída pela sala. E que não sabe que o seu pé vai pisá-la e esmagá-la a qualquer momento.

Pelo menos eu sou daquelas formigas teimosas, que não morrem logo.

*Eu vou dizer meu Estado sim: Maranhão!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Eu já escreví isso?


Jamila sempre foi conhecida por suas manias. Desde muito pequena, não conseguia ficar quieta um só instante. Odiava ter que entrar em casas com pisos de azulejos, porque faltava enlouquecer pra não pisar nas malditas linhas. Da mesma forma era com as calçadas. Talvez por isso mesmo que não gostava muito de ter que andar, mas tinha.

Agora que já é menina moça, anda por aí sem olhar para o chão. Ainda é muito difícil resistir a um bom desafio.

Jamila não chora fácil. Não, não mesmo. Nada de tpm’s que a fazem chorar com comerciais de manteiga, muito pelo contrário. A sua TPM a faz inflamar de ódio. Coitado do vento que triscar. Nomes feios, nomes baixos, nomes altos e sonoros saem da sua (voluptuosa) boca. Mas certa vez, a pobre garota chorou. Chorou até suas lágrimas secarem no rosto. Desde esse dia nunca mais chorou tão copiosamente, nem tanto e nem pretende. Mas a lembrança do dia do choro extremo nunca saiu de sua cabeça. É bom lembrar que depois disso, ela dormiu como se tivesse tomado diazepan na veia.

Ela já gostou de matemática, mas como qualquer pessoa normal, no Ensino Médio, veio a odiar essa triste invenção com todas as suas forças. Algo como três TPM’s acumuladas. Em dia de prova, saia de casa cheirosa, arrumada, cabelo penteado e alguma sombra no olho, mas nunca com uma faca, que era o que ela mais desejava carregar.

Sem perceber, entendeu que os seus dotes davam pra escrever. Mas ao mesmo tempo, também entendeu que podia escrever sem dar. Desde então, mantém cadernos avulsos, sempre comuns e entediantes, sem canetas coloridas, onde tem a oportunidade de ficar totalmente nua. Só às vezes, sexy.

Meninos bonitos demais não têm vez com ela. Mas só pelo único motivo de nunca um ter tido vontade de entrar na fila.*

Por vezes, vai dormir muito linda. Invariavelmente acorda feia. Nesse caso, já desistiu de esconder as eternas olheiras, porque nem cimento resolve.

É limpinha e cheirosa, porém os cabelos... Os seus cabelos têm vida própria. Quando eles encasquetam que não querem sair de casa, é um puxa daqui, repuxa dacolá, e muitos fios são sacrificados nessa batalha vencida quase à sangue. E, triunfante, ela joga o que tiver de creme em cima dos coitados exânimes. Certa vez, ela inventou de domá-lo à gel. Nem uma pedrada na cabeça movia algum fio. Só aí ela percebeu o quanto a Hebe Camargo deve sofrer. Desde então, a menina é partidária de qualquer meio que descaracterize o cabelo miscigenado das povas brasileiras, mas nunca teve coragem de meter qualquer química no seu.

A jovem ama e vive. De um jeito muito particular, de um jeito muito intenso, mas de um jeito não tão estereotipado como ela queria que fosse. E, porra!, apesar dos pesares, ela é uma garota normal. Ok, atipicamente normal.


[i]*Peraí, existe uma fila?[/i][:o]

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Segunda do Dia da Felicidade.


Percebí que sou filha do vento.
Meu pai me carrega por entre as árvores
Beija-me e abraça-me completamente.
Ele disse: -Vai, filha.
Tenha-me dentro de ti.
Lembre-se dos meus beijos.
Deixe que eu me revolva em seu ser.
Vá por entre o mundo,
Assim como fomos entre as árvores.
Faça seus próprios tornados.
Destrua-se e volte a ser novamente.
Sopre para longe os males,
Assim como eu carrego as folhas secas reunidas.
Deteste as amarras,
Não as que ligam seu coração,
Mas as que perpetram no seu cérebro.
Vai, minha filha.
Chore. Eu secarei suas lágrimas.
Ria. Eu brincarei com os teus cabelos.
Ame. E terás uma brisa em seu rosto.
Apaixone-se. E verás um enorme furação.
Vai, filha.
Num simples balanço das mãos eu estarei contigo.

Primeira do Dia da Felicidade (31/08)

Senhor cavalheiro,
Se me quiseres,
Terás de mim o beijo mais doce
Terás as palavras que aquecem o coração
Terás o carinho que lampeja a alma.

Senhor cavalheiro,
Se me aceitares,
Terás um coração cheio de amor e de dor
Que reconhece a cada face e que faz curar
Que morreria por um sorriso de felicidade.

Senhor cavalheiro,
Se me amares,
Terás também o corpo casto que possuo
E todas as suas violentas formas
Que serão para ti e para mim uma fonte inesgotável.

Senhor cavalheiro,
Peço-lhe que me queiras,
Porque já não é a vida sem ti
Mas se não aceitasres minha oferta,
Terás porém estes versos
Que já eram seus antes de nós mesmos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010


O declínio do amor romântico


Uma história popular relata o caso de uma jovem que desejava muito viver uma relação de amor e então deixou um bilhete num local onde seria fácil de ser encontrado. A mensagem era a seguinte: “A quem encontrar este bilhete: eu te amo.” Parece improvável? Mas é isso mesmo o que acontece por aí, só que de forma mais sutil.

Na verdade, não faz muita diferença quem encontre o bilhete. Quantas vezes ouvimos a descrição do parceiro amoroso de alguém como sendo uma pessoa maravilhosa, bonita, inteligente e quando somos apresentados a ela levamos um choque?

O amor romântico não é construído na relação com a pessoa real, mas sobre a imagem que se faz dela, trazendo a ilusão de amor verdadeiro. Deseja-se tanto vivê-lo que, quando alguém o critica, provoca grande desapontamento. Não é para menos. Nada pode unir tanto duas pessoas como a fusão romântica.

A questão é que, por mais encantamento e exaltação que cause num primeiro momento, ela se torna opressiva por se opor à nossa individualidade.
Vivemos um período de grandes transformações no mundo, e, no que diz respeito ao amor, o dilema atual se situa entre o desejo de simbiose com o parceiro e o desejo de liberdade. É inegável que a fusão proposta pelo amor romântico é extremamente sedutora. Que remédio melhor para o nosso desamparo do que a sensação de nos completarmos na relação com outra pessoa?


No entanto, quando alguém alcança um estágio de desenvolvimento pessoal em que descobre o prazer de estar sozinho, se dá conta de uma profunda mudança interna. Preservar a própria individualidade passa a ser fundamental, e a idéia básica de fusão do amor romântico, em que os dois se tornam um só, deixa de ser atraente. Quanto à possibilidade de as pessoas alcançarem essa independência, existe certo pessimismo, alimentado pela crença de que o desejo de fusão com o outro está arraigado aos nossos ideais. Não participo muito dessa convicção.


O terapeuta e escritor Roberto Freire afirma em um dos seus livros que lhe custou muita dor, solidão e desespero aprender que sentir amor era uma potencialidade vital sua, produção criativa própria, e que para amar dependia apenas dele mesmo. A expressão e comunicação do seu amor eram produtos da liberdade pessoal e social conquistada. “Em minha inocência e ignorância, eu atribuía a algumas pessoas o poder de liberar, produzir, fazer exercer-se e se comunicar o amor em mim e de mim. Esse amor pertencia, pois, exclusivamente a essas pessoas, ficando eu delas dependente para sempre. Se, por alguma razão, me deixassem ou não quisessem produzi-lo em mim, eu secava de amor e — o que é pior — ficava em seu lugar, na pessoa e no corpo, uma sangrenta ferida, como a de uma amputação, que não cicatrizaria jamais.”


Por enquanto, não há dúvida de que desejar viver relações de amor fora do modelo romântico pode ser frustrante. As pessoas são viciadas nesse tipo de amor e fica difícil encontrar parceiros que já tenham se libertado dele. Mas acredito ser apenas uma questão de tempo. As mudanças são lentas e graduais, mas definitivas, nesse caso.

Para quem imagina que vai perder alguma coisa ao desistir do amor romântico, Bonnie Kreps, cineasta canadense que escreveu um livro sobre o assunto, é animadora.

Ela diz que deixar o hábito de “apaixonar-se loucamente” para a novidade de entrar num tipo de amor sem projeções e idealizações também tem sua própria excitação. É a mesma sensação de utilizar novos músculos, que sempre tivemos, mas nunca usamos por causa de nosso modo de vida. Entretanto, ao começar a utilizá-los podemos fazer com nosso corpo coisas que antes nunca conseguimos.

Para ela, os músculos psicológicos também existem e devemos olhar através da camuflagem do mito do amor romântico a fim de encontrá-los — e, então, ver com o que se parecerá o amor quando mais pessoas começarem a flexioná-los.


Quem sabe não teremos grandes surpresas?

Regina Navarro

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Meu amigo.


Seu Sampaio dorme agora
na sua vida, eu sorri
na sua morte, eu não chorei
o rádio de pilha desligou
não tocará mais
O mundo mudou
E ainda não me dei conta
O meu mais velho amigo
mais jovem alegre
dormiu.
Agora, ele joga conversa fora
com meus avôs.
Deitado não o vi.
Apenas sentado, cantando.
É isso que ficará, amigo.

Durma em paz, querido amigo. Sentirei sua falta.

20:23 de 04/04/2010.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O infinito e nós.

Sete horas te escrevi que não poderia ser o melhor pra mim, meu querido. Olhei nas casas e elas me pareceram sombrias, por isso não me atrevi. Vaguei por mais lugares estranhos e ermos e eles não eram apropriados pra nós. Para nós, apenas um lugar poderia sustentar por alguns minutos as longas horas de amores guardados: o infinito. Se esse lugar existir, onde ele existir, de que modo existir, eu estarei lá, para sempre te esperando. O infinito nos hospedará por alguns minutos e esses minutos serão eternos, por causa do lugar que nos abriga. Horas, minutos, segundos, milésimos, tudo isso não terá nenhum significado. Onde quer que esteja o infinito, lá estarei eu e lá estaremos nós a nos perpetuarmos lancinantemente. Por isso somos mortais, para que possamos ter a oportunidade de nos tornarmos eternos. Por isso não me encontre onde eu te escreví cinco horas. O amor aqui, dessa maneira, jamais poderá acontecer.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A noite

é uma companheira e tanto. Não sei porque, quando dá de madrugada, parece que os meus neurônios querem funcionar mais rápido do que o normal. Eu passo a madrugada inteira "escrevendo" coisas na minha cabeça, criando textos lindíssimos, que na hora que dá o dia, que eu vou começar a escrevê-los, não saem com a mesma fluidez da madrugada.
Ontem, eu fiquei pensando na beleza. E nos seres apaixonantes e nos apaixonáveis. Eu pensei que há uma diferença entre esses dois tipos de gentes. Os apaixonantes seriam aqueles por quem se apaixonam muito fácil e os apaixonáveis seriam aqueles se apaixonam muito fácil ou por muito pouco. Por exemplo, pela beleza. Se apaixonar pela beleza é ser apaixonar muito fácil, porque a beleza é óbvia e evidente, só precisa-se de um olhar pra descobrí-la. E também é apaixonar-se por pouco, já que a beleza, apesar de grandiosa, é apenas uma coisa dentre tantas outras que podem levar uma pessoa a se apaixonar por outra.
Eu tenho um tio que é muito parecido comigo, quando se trata de pensar sobre as coisas. Uma vez estávamos conversando e ele me olhou e disse, com uma sinceridade que me desconcertou: "Você é perigosa, menina!" e eu perguntei porque. Ele me falou que era porque eu sou bonita e mulheres bonitas são perigosas. Eu era mais nova e isso me assustou um pouco, não porque eu não tivesse entendido o sentido do que ele me dizia, mas quando eu propus morar com a minha tia na capital, e ela não aceitou e me deu um monte de desculpas esfarrapadas pra isso, a fala do meu tio ecoou bem fundo na minha cabeça. Uma semana depois, ela revelou o real motivo pro meu pai de que era por causa do marido dela, um cara altamente apaixonável.

sábado, 3 de julho de 2010

O que é maior que dois

Num rompante, se despe por inteira. Não. Ainda não está por inteira. Ainda carrega no rosto sombra e um batom muito vermelho que faz com que seus lábios ressecados tenham um aspecto febril de que estão jorrando sangue. Tranca a porta com duas voltas na chave, ouve o barulho de um simples ventilador.

A noite está inesperadamente fria. O banho que tomou com água gelada faz com que todos os seus pêlos fiquem eretos. Ela não se enxuga, deixa a água correr e formar gotas que deslizarão suaves por suas curvas. Nota aí uma sensualidade que ninguém vê, é dela e apenas a ela pertence. Nesse momento, o desejo mostra-se e ela sente no seu secreto, uma ansiedade para o desconhecido.

O ventilador que é ligado no último grau quase fere o seu corpo. Enrijece-a e a quebra por dentro. E mesmo isso ela deseja. Vê nesse pequeno flagelo uma beleza. É para ela treinar seu corpo para pequenos invernos, resistir-se a si mesma, sentir a sensação do quase impossível na pele.

Segue a curva que é formada pelo seu seio, desce pela barriga e que se finda na virilha. Já não é ela mesma quem está ali, mas uma outra que se apossa e não tem medo de nada, nem de si mesma. Imagina a vastidão que se pode ter em tão delgado corpo e em suas falanges se encontram a passagem para a explosão ensaiada do êxtase.

O livro está aberto em uma página qualquer. Ela o nota e ri-se dessas travessuras que esse ser supremo lhe prega ao seu bel prazer. A vida, a quem não ensinaram os nãos, simplesmente atestara o seu estado: “(...) viver na verdade, não mentir nem a si próprio nem aos outros, só é possível se não houver público nenhum.”

Depois do riso, o ventilador pode então descansar. Olha o relógio e são três da madrugada. Lembra-se que na imensidão de uma noite são sempre três da madrugada.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

ADORO PAU MOLE - MARIA REZENDE


Adoro pau mole.
Assim mesmo.
Não bebo mate
não gosto de água de coco
não ando de bicicleta
não vi ET
e a-d-o-r-o pau mole.

Adoro pau mole
pelo que ele expõe de vulnerável e pelo que encerra de possibilidade.

Adoro pau mole
porque tocar um pressupõe a existência de uma intimidade e uma liberdade
que eu prezo e quero, sempre.

Porque ele é ícone do pós-sexo
(que é intrínseca e automaticamente
- ainda que talvez um pouco antecipadamente)
sempre um pré-sexo também.

Um pau mole é uma promessa de felicidade sussurrada baixinho ao pé do ouvido.

É dentro dele,
em toda a sua moleza sacudinte de massa de modelar,
que mora o pau duro e firme com que meu homem me come.

sábado, 19 de junho de 2010

Poema privado.

Em certos momentos insanos
é que nos damos a conhecer
a crueza de nossas palavras
que vêm para desdizer
tudo o que outrora se disse
e tudo o que se pensou
disse, portanto e ferí
ferí quem não magoou
se irou-me por um tempo
no outro só deu compaixão
por isso te peço, amigo
que me dê o seu perdão.
se quebras a testa ou a venta
com isso eu tenho a ver
por que com raiva fico
da dor que se deixou doer
mas se com raiva fico
não posso te maltratar
agora és um ferido
do chifre tem que cuidar.
Se pra você que lê agora
este meu poema imbecil
e não entendeu nada
vá torcer pelo Brasil
que aqui só é uma amiga
que tem a boca grande demais
e tudo por causa da formiga
que a carregue o satanás
Júnior, não mate mais formigas
largando a venta no chão
eu não sou tua mãe
mas tu me mata de preocupação
vai fazer um filme
vai estudar
que se tu tacar o chifre na quina do puff de novo
e não prometo não te xingar
E findamos assim
a nossa conversação
se tu não me ligar em dez minutos
eu te passou outro carão.



=D

terça-feira, 13 de abril de 2010

Devo confessar

Porque me sinto latanhada pelas unhas de um amor mal curado, que me persegue e há de me perseguir até os dias findos da minha vida, é que choro sem lágrimas nesse momento. Porque não há, em nenhum outro lugar, alguém que me diga que isso irá passar e me mostre com uma certeza absoluta de que não está enganado.

Enquanto choro, ele vive, ama, goza e eu vivo, choro e gozo a dor. Apenas a dor.

Enfeitiçou-me como um homem que me olhou profundamente às cinco da tarde de um dia que eu achei que fosse não terminar. Justamente por que ele era aquele homem, que atravessou o meu caminho e não saiu do meio para que outros ocupassem esse mesmo lugar. Atolou-se na lama de minhas lamúrias, aninhou-se no ventre de minhas angústias e apossou-se do órgão que controla o amor: o meu cérebro.

Que Deus abençoe a minha noite, para que possa dormir em paz. E que mais uma vez, possa ver o dia para ter de amá-lo tudo de novo. Porque se já não sai mais da minha vida, já não sei mais ser possível a vida sem a sua sombra.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Conheceu-se

A cada dia, uma lembrança nova surgia. Ela não imaginou que seu nome não era o que lhe haviam dito. Levantou, pisou os pés descalços no chão frio e uma voz que ela não sabia de onde avisava-a pra que se calçasse. "Pisar no chão com o corpo quente deixa a boca torta!", ouviu.
Uma sensação de familiaridade a tocou e ela sentou no colchão sem capa que tinham dado a ela. Andressa olhou em volta e não reconheceu o seu passado dentro daquele quarto recém rebocado. Pensou que poderia ser tudo um sonho. Olhar pra trás e ver que tudo não passou de um sonho é realmente um sonho, às vezes.
De repente, como que num passe de mágica, o coração voltou a fazer o que teimava há 7 anos. Bater descompassadamente enquanto um frio intenso subia pela sua espinha. Era o retorno do desespero. A garota deitou-se de novo e não pediu ajuda pra ninguém. Aquela seria a última vez na vida em que sentiria aquilo. Seria a última vez que esperava passar, sabendo que voltaria. Isso era a única coisa que ela ainda sabia das velhas reminiscências.
Andou até a cozinha, pegou uma faquinha de mesa, ainda suja de margarina. Lavou-a, mesmo entendendo que não havia sentido em se preocupar com a higiene naquele momento, mas seu instinto nunca deixou que fosse tão porquinha.
Com ódio e com uma profunda tristeza, decidiu apulanhar o seu coração, para que parasse à força. Olhou primeiro pra todos os lados e não havia ninguém daquela família que a acolhera, quando acordou numa avenida movimentada em noite de temporal, suja, com a testa sangrando e trêmula.
Apenas nesse momento, quando a decisão foi tomada, ela fechou os olhos e como sabia que o que a esperava era o descanso eterno, não tesou os músculos, mas relaxou-os inadvertidamente. Foi aí que sentiu que toda ela era agora serena e que o coração parava de bater agressivamente, e passava a bater como numa tarde dormida em uma rede na varanda da casa, com o céu azul e com um vento tranquilo.
A partir daí, abriu os olhos suavemente, tomou consciência de que a vida ainda era possível mesmo assim. Tentou ver onde teve início a sensação ruim e lembrou: quando estava andando à cavalo, na fazenda de um senhor de cabelos brancos. E lembrou que o senhor de cabelos brancos se chamava Augusto e era muito gentil. E lembrou que Augusto tinha um filho chamado Alberto que era muito valente. E lembrou que Alberto criava uma menina muito feliz chamada Manoela e logo se viu num espelho.
Já o coração retornava às batidas fortes, que não eram certeza de morte, mas sim uma profunda certeza de vida. Formigava o seu corpo esbelto dos pés à cabeça, sabendo que agora tinha mais uma razão pra viver e viu também, que mesmo que não tivesse descoberto que ainda tinha essa razão pra viver, ainda assim viveria, pois ao ser humano só cabe viver.
Forçou-se a encontrar a saída. A cozinha já estava cheia de luz, o sol já tinha raiado. Pegou o telefone e digitou aqueles oito números que vieram à cabeça. Uma voz feminina amargurada respondeu e ela já tinha ouvido aquela voz. "Peraí, é a mesma que me disse pra calçar os chinelos!"
Sim, era sua mãe que também se forçava a viver desde que Manoela sumiu no mundo pra nunca mais.

O nunca é sempre demais. O amor e o desejo de viver também. No final das contas, nós é que escolhemos qual das opções queremos pra nós. Se a vida, nos momentos maus, parece nada mais que um punhado de sofrimentos, ela ainda costuma ser maravilhosa e imprevisível. Ainda vale a pena tentar.

Tem amores



Também não deixa de ser uma falta do que fazer. Mas uma falta do que fazer muito digna!

sexta-feira, 26 de março de 2010

A música da vez



Iris - The goo goo dolls

E eu desistiria da eternidade para tocá-la
Pois eu sei que você me sente de alguma maneira
Você é o mais perto do paraíso do que eu jamais estarei
E eu não quero ir para casa agora

E tudo que eu sinto é este momento
E tudo que eu respiro é a sua vida
Porque mais cedo ou mais tarde isso irá acabar
e eu não quero sentir a sua falta essa noite

E eu não quero que o mundo me veja
Porque eu não acho que eles entenderiam
Quando tudo é feito para ser quebrado
Eu só quero que você saiba quem eu sou

E você não pode lutar contra as lágrimas que não estão vindo
Ou o momento da verdade em suas mentiras
Quando tudo parece como nos filmes
É, você sangra só para saber que está vivo

E eu não quero que o mundo me veja
Porque eu não acho que eles entenderiam
Quando tudo é feito para ser quebrado
Eu só quero que você saiba quem eu sou

domingo, 21 de março de 2010

Uma constatação

"Porque por mais que o tempo passe, por mais que eu não o veja, por mais que o mundo mude e nós próprios mudemos, ele é o homem que me habita, não tem jeito." (eu, como sempre, nos cadernos avulsos de toda noite.)


O que se passa nas minhas entranhas nesse momento é a certeza de que o que se vai, também sofre desesperadamente. Mas o que fica sofre mais.
Eu sou a que fui. Estou no lugar de onde ele veio. Agora a visão dele me perturba a todo o tempo, me chamando pra algum lugar do passado que eu não sei mais voltar. Saber que ele é uma certeza me dói.
Eu amo de uma forma, que só de saber que piso agora onde ele pisou, me causa euforia. Eu sou feliz só por saber que ele existe. Isso não é o suficiente, mas já me basta.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Como a vida mudou

Mudou demais. Moro agora em Teresina no Piauí. Curso o curso que sempre quis. Não estou doente, nem só, nem infeliz.
Porra! Pra falar a verdade, eu tô é feliz pra caraleo.
Eu disse que por você eu conseguiria. Pois é, você não sabe que eu disse isso, mas eu disse, há algum tempo atrás. A vida mudou pra mim e só agora eu posso dizer isso.
=D

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Sabe o cachorrinho que corre atrás do carro?

Corre, corre, corre e claro, nunca alcança o carro. Só que um dia um desses carros para. E o cachorrinho pensa: "Mas o que... !?!?" e fica parado, tentando pensar no que fazer a partir de agora.

Dia 5 eu soube da notícia que espero desde os 15 anos. Quando sugerí a uma amiga, que em dúvida da profissão que iria seguir, me perguntou se eu sabia de alguma profissão em que você poderia conhecer muitas pessoas, viajar muito e tal... E eu, martelando com meus botões, respondí, triunfante: "Porque tu não vira Jornalista?". Mal sabia que aquela resposta para aquela pergunta era resposta pras minhas próprias.

Desde então, quis ser Jornalista. Lembro muito bem que o meu sonho profissional anterior era de fazer parte da esquadrilha da fumaça do Brasil (!). Mas quando parei pra pensar que eu tenho medo de altura, entre outros empecilhos, ví que Jornalismo era para o que eu tinha sido feita. Uma vocação, um dom, alguma coisa do tipo.

Desde essa época também, tive bastante trabalho pra convencer os meus pais que eu não seria médica. Nem advogada, nem fisioterapeuta, nem enfermeira, nem nada. Eu seria jornalista e eles teriam que aceitar. Quem foi que mandou me incentivarem a paixão pela leitura e a consequente pela escrita?

Em 2006, eu estava prestes a completar 16 anos. Novinha ainda, uma criança, arrisco dizer. Sobreveio sobre mim a maior tempestade que já enfrentei nessa ainda curta vida: Síndrome do Pânico. Não tenho intenção de descrever aqui o sofrimento que é. No entanto, isso marcou minha vida de tal maneira que hoje, quase 4 anos depois, vejo meu coração contrito por causa dos desafios que agora a vida me colocou na frente.

Moro nessa em Bacabal (MA), desde que me entendo por gente e alguma coisa dentro de mim, dizia que o meu futuro não estaria aqui. Sonhei bastante com esse dia, com a alegria que seria, com as saudades que eu sentiria. Em suma: eu sabia que não seria fácil. Mas eu não achei que seria tão difícil.

Pra quem não sabe sobre a Síndrome, uma das características é a ansiedade descontrolada. O que gera o medo. E só o fato de eu pensar que posso ter uma crise por conta do medo, tenho mais medo. Bola de neve, saca? Ainda bem que eu seguí um tratamento rigoroso e ao contrário das minhas expectativas de 2006, que eram apenas que eu não sobreviveria pra ver o 2007, hoje eu levo uma vida normal.

Assim, pude concluir o Ensino Médio, dar risadas, fazer novos amigos e o mais importante de tudo: enxergar um amanhã livre! Assim, não tive dúvidas de colocar o curso pra uma cidade muito longe, onde não tenho parentes, não conheço nada, nunca pisei na vida. Eu estava com uma coragem absurda, absurda mesmo, que mesmo com os parentes falando de todas as dificuldades, eu dizia: "Eu posso superar!"

E ainda continuo achando que posso. No entanto, meu coração está pesado demais. Penso em como vai ser lá sem minha mãe, meu pai, meu irmão, minha avó querida... Em como vai ser se eu tiver uma crise por lá, sem ninguém pra me socorrer. Eu sei que eu só estou pensando nas dificuldades, e não estou pensando no que aquela cidade me reserva de bom.

Não quero desistir. Não quero mesmo. Estou fazendo de tudo pra me forçar a rasgar a "razão" do meu desespero e partir em paz.

Ontem lí uma coisa que me deu um pouco mais de força: "Pessoas sofridas são perigosas, diz alguém... São perigosas porque sabem que podem sobreviver." (daqui)

Corrí, corrí atrás de um sonho e quando ele finalmente se apresenta possível, eu fico como fico. Mesmo que não acreditem em Deus, eu acredito. Ele vai me dar forças pra aguentar tudo, firme e forte.

Eu posso. Eu já pude muito mais.

***

Agora que pude

Agora que pude, choro o choro dos justos. Tenho orgulho da minha coragem.
2010 foi o ano "improvável" pra mim. Muito do que eu esperava da vida aconteceu e muito do que eu não esperava também. Como eu já disse, me amaram, me fuderam no pior dos sentidos e eu estou aqui. Dá vontade de abrir a janela e gritar: EEEEEUU ESTOOOU AQUIIIII, PORRAAAAAAA!
Hoje, pela noitinha, chorei ao lado de uma amiga que amo.
Dividir emoções... Em um lugar que até tão pouco tempo atrás era totalmente inóspito pra mim...
Já é 2011 e sei que mais coisas estão por vir. Estou até agora (2:35) lendo esses meus antigos textos desse tão estimado blog e lembrando coisas que escrevi nos meus cadernos sem tranca (o meu grande pecado) que eu chamava de diário. Meu Deus! Quanto de vida já passou por mim? Quanto!!!
Olho pra trás e sinto apenas o orgulho de ser quem eu sou. Olho pra frente e sinto medo - por que eu sou eu, né? - mas não me sai do juízo que tudo também há de dar certo.
Eu já falei que eu acredito numa poderosíssima instituição chamada de Vida? Pois é. Pra mim, ela é uma mulher de muitas cores, com um vestido esvoaçante. Ela é faceira, séria, puta, nojenta, sem-vergonha, amorosa, amiga. Ela é tudo. Não ensinaram os nãos pra ela. De uns tempos pra cá eu senti que ela finalmente se apresentou na sua imensidão pra mim. Não só uns pedacinhos, mas eu vi ela toda e percebi que ela é mais bela do que feia. Ela é imperfeita, assim como eu, por isso agora somos amigas, somos irmãs. Eu a agarrei e ela se entranhou em mim. Vida, sua louca, você não me escapa nunca mais!
Sinto-me feliz e realizada por ter podido. Como eu disse nesse dia que escrevi a comparação com o cachorrinho, com o coração tão pesado quanto o do Frodo pra destruir o anel, eu sabia que podia. Ia ser putaqueparilmente difícil, mas eu podia. E eu pude.
Eu já pude muito mais.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Novidades!

Eu, sem ter mais o que fazer e me lembrando que esse blog existe e deve ser lido por mais gente, coloquei o link na LP. A Vã e o Chalaça querem colaborar com o blog e tornar isso aqui um pouco mais movimentado... Porém, enquanto não arranjar uma forma de que eles façam isso por sí mesmos, eu publicarei os textos deles.

E pra começar, um texto belíssimo, que me foi enviado há alguns instantes atrás, escrito "junho do ano passado numa madrugada fria com cigarros e chocolate quente!", da Vã:

A Madrugada e eu

Todo o mundo dorme, exceto eu que apreendo o alento da noite nas curvas que tremem a caneta sobre o papel.
Escrevo sem saber por quais linhas pousam meus pensamentos. Faço anotações num escuro tentador.
A noite, as curvas e a palavra são duvidosas, o que causam em mim uma inquietaçao necessaria.
Busco os cheiros do mundo com olhos arregalados, afobados, de quem tem ansia de vida. De quem pediu e recebeu, e agora, deve crescer para assumir as rédeas do próprio destino.
O mundo dorme, a lua pendura-se pela metade, e eu escrevo letras tremidas, por estradas onde não enxergo.
Em cada letra há uma confiança solta, um descompromisso da escrita fora de linha e das curvas.
Enquanto o mundo dorme, eu firmo os olhos no escuro, assim como quem tem medo, mas não teme se deixar levar pelos buracos da estrada.
Distante do que torna tudo uniforme, eu não me preocupo com o sentido das coisas. Da escrita e do caminho só saberei amanha. Talvez ria de tudo. Talvez jogue fora. Talvez mostre a alguem. Ou até coloque no blog tornando publico, quem sabe. Por hora, colocarei a tampa na caneta. Fecharei o caderno e os olhos.
Distante de tudo que acho que é, mergulharei por inteiro na noite e repousarei com o mundo, sem pressa, sendo o que sei ser de melhor, eu mesma.

sábado, 2 de janeiro de 2010

2010 e eu


Esse ano será cheio de viradas radicais...

Termino meu curso... e por mais que eu esteja adiando isso, terei que ser uma mulher adulta ¬¬

É que ser estagiária, embora seja um trabalho com responsabilidades e tal e coisa, dá uma sensação de liberdade... Uma impressão de juventude...

Tem a convivência com as meninas da faculdade que diminuirá... A perda da minha carteira de estudante ( até a pós, ou outra graduação ou sabe-se lá)..

Muitas coisas boas tb, eu sei... Meu maninho que começará uma nova etapa...

As novas e maravilhosas pessoas que eu ganhei da vida em 2009 e outras que virão em 2010 ( eu espero)...

Os planos são muitos...

Desde as básicas promessas de Ano Novo: emagrecer, me exercitar, ser mais organizada, ler mais...etc etc...

Até essa nova disposição em mim...

A de tomar nas minhas mãos a minha vida...

Ela me parecia meio solta, aos cuidados do acaso, de Deus ou da sorte...

Entendi um dia desses que a vida é minha e eu devo tomar conta dela, muito bem...ao que me consta eu só tenho uma!!!