sábado, 24 de março de 2012

Sonhei demais.

Sonhei mais do que meu espírito podia aguentar. Sonhava que meu amor precisava de mim, que quem ele amava morria, filhos, mulher, e que eu podia abraçá-lo da maneira como eu queria, mas ele queimava de febre, numa maca no meio de uma sala, alucinado, procurando por quem se foi, mas chorando com minha presença. Andávamos eu e ele procurando, de mãos dadas, por eles. Eu, desfrutando cada pedaço de sua dor, dando-me por completa na missão de saná-la, amando-o mais que nunca, permitindo o nunca permitido toque (nem nos sonhos) e, doendo com ele, todos os pedaços partidos da minha alma.
Talvez nunca mais vou tocá-lo como hoje eu toquei. Depois que encontramos seus filhos e a mulher, vivos, mas mortos, almas que se recusaram a ir, ele também já estava morto. Já não era mais meu, como nunca fora e me pedia pra nunca abandoná-lo, e pra isso teria que morrer também. Não morri, como ele quis, porque fiquei com medo da infelicidade. Meu Deus! Como queria que estivesse vivo mais uma vez, pra tocá-lo. A febre dele impregnou-se no meu corpo e se alastrou em minhas horas acordadas e parece que desse sonho não sairei jamais.

Durmo e sonho demais, mais do que meu espírito pode já suportar.