terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

"E no meio de tanta gente, eu encontrei você..."


... E foi a coisa mais maravilhosa que poderia ter me acontecido. Chegou num momento da minha vida onde o que vivemos já não passava de uma esperança já se borrando no ar e a minha irritação com a Louca da Vida era visível e resistente. Claro, eu era feliz antes de ti. Claro, eu serei depois de ti. Mas fui tão mais feliz enquanto você, que os sentidos só me oferecem pontadas doloridas por toda a parte, por toda a pele. Onde nos tocamos. E nos tocamos demais.

Falou comigo hoje, e o meu corpo me respondeu ao seu nome com um arrepio frio na coluna, coisa que eu não sentia há tempos por ninguém. Talvez porque a Vida, essa entidade sem freios, a quem não ensinaram os nãos, enviou o moço pra me lembrar que eu ainda estava aqui, que ainda podia sentir cada coisinha dessas que sentem os apaixonados. Inclusive que eu teria esses ímpetos de escrever uma poesia louca na apostila, enquanto o professor dava um assunto novo e importante. Inclusive que eu poderia rir mais do meu riso, com uma intensidade bem maior, com um prazer bem, mas bem maior que o de sempre.

Veio como um furacão na minha vida, como todo o clichê de apaixonados... Naturalmente, como todo furacão, deixou as marcas quando desceu da minha cama e bebeu a água da geladeira que eu comprei pra que ele bebesse água gelada comigo da última vez. (Não só por isso, é claro! rs) Mas as marcas que me deixou, foram as melhores que um furacão poderia deixar.

Com a sua chegada tão inesperada, eu entendi que pras coisas não-pragmáticas da nossa vida, é melhor deixar que elas venham até nós. Como as músicas, as poesias e as paixões. Como o vento no rosto em uma tarde nublada... É igualável ao vento de um ventilador? É igualável ao vento de um abano? É sempre melhor que venha por si só, ao natural, à negligé (como os cabelos despenteados d'A Moreninha). Eu vi que eu realmente precisava ser mais serena. Em algum momento, coisas aconteceriam, quando estivessem na hora. Aconteceram, de fato.

Me deixou mais segura de mim, do meu poder feminino, da minha beleza, da minha personalidade e do meu caráter e sensibilidade. Com ele, eu provei que eu também sei estar com alguém, coisa que eu sempre tive bastante medo, justamente por nunca ter tido isso. Os meus medos foram infundados, graças a Deus. Também é saudável pra mim. Também é normal pra mim.

O moço apareceu e passou pelas minhas inúmeras barreiras como se elas nem existissem, sem um pingo de esforço. Apenas porque era assim o que foi. E como não ser eternamente grata à ele por isso? Por ter me feito entender, talvez sem saber, que o tempo ainda seria grato a mim, também.

Abri mão, não do que vivemos, não das minhas lembranças, não do afeto. Abri mão de um futuro nebuloso pra mim, que já estava entregue. Abri mão de muito, mas sabendo que era preciso. Conscientemente, aceitar esse futuro nebuloso, já seria a parte que me cabia do fado. E, conscientemente, eu não aceito fados que não são meus.

Talvez nós ainda nos encontremos na vida. Eu disse que se tudo estivesse certo, eu ainda o quereria. Talvez esteja, mas eu preciso saber que talvez não. Talvez a gente ainda viva pequenas doses de certas coisas, talvez não. Talvez a gente consiga de novo toda aquela intensidade que a gente teve, acrescida da saudade lancinante que me queimou no peito a vontade de dizer: "Não, não vai mais. Volta aqui. Esquece o que eu falei... Vem e faz amor comigo agora." rs

Vai tudo voltar aos seus eixos. Vai tudo voltar à normalidade. E eu vou voltar a esse eixo muito melhor, muito mais madura e muito mais feliz. Eu tenho certeza que sim. Por que é isso que acontece na minha vida, sempre. A certeza maior é que sempre vão vir intempéries, mas sempre virá a bonança. Eu apenas sei. Internalizei demais isso, ainda bem.

E, sem saber da ironia da situação, a música que me exaure os sentidos desde que a escutei a primeira vez, é a Ancora qui, que eu não achava nunca a tradução do italiano pro português. Achei pro inglês e li, quase sem acreditar, que ela é "Still here". rs



Talvez eu nem devesse estar escrevendo isso aqui. Mas eu quis e já me neguei demais pra essa semana.

Andei mil léguas
E quando mal pensei
Te encontrei
E estava cansada
Por ter andado tanto
Quase me encontrou
Caída
E eu mesma me levantei
Pra que pudesse andar contigo


06/02/13, mas só agora.