Dia 5 eu soube da notícia que espero desde os 15 anos. Quando sugerí a uma amiga, que em dúvida da profissão que iria seguir, me perguntou se eu sabia de alguma profissão em que você poderia conhecer muitas pessoas, viajar muito e tal... E eu, martelando com meus botões, respondí, triunfante: "Porque tu não vira Jornalista?". Mal sabia que aquela resposta para aquela pergunta era resposta pras minhas próprias.
Desde então, quis ser Jornalista. Lembro muito bem que o meu sonho profissional anterior era de fazer parte da esquadrilha da fumaça do Brasil (!). Mas quando parei pra pensar que eu tenho medo de altura, entre outros empecilhos, ví que Jornalismo era para o que eu tinha sido feita. Uma vocação, um dom, alguma coisa do tipo.
Desde essa época também, tive bastante trabalho pra convencer os meus pais que eu não seria médica. Nem advogada, nem fisioterapeuta, nem enfermeira, nem nada. Eu seria jornalista e eles teriam que aceitar. Quem foi que mandou me incentivarem a paixão pela leitura e a consequente pela escrita?
Em 2006, eu estava prestes a completar 16 anos. Novinha ainda, uma criança, arrisco dizer. Sobreveio sobre mim a maior tempestade que já enfrentei nessa ainda curta vida: Síndrome do Pânico. Não tenho intenção de descrever aqui o sofrimento que é. No entanto, isso marcou minha vida de tal maneira que hoje, quase 4 anos depois, vejo meu coração contrito por causa dos desafios que agora a vida me colocou na frente.
Moro nessa em Bacabal (MA), desde que me entendo por gente e alguma coisa dentro de mim, dizia que o meu futuro não estaria aqui. Sonhei bastante com esse dia, com a alegria que seria, com as saudades que eu sentiria. Em suma: eu sabia que não seria fácil. Mas eu não achei que seria tão difícil.
Pra quem não sabe sobre a Síndrome, uma das características é a ansiedade descontrolada. O que gera o medo. E só o fato de eu pensar que posso ter uma crise por conta do medo, tenho mais medo. Bola de neve, saca? Ainda bem que eu seguí um tratamento rigoroso e ao contrário das minhas expectativas de 2006, que eram apenas que eu não sobreviveria pra ver o 2007, hoje eu levo uma vida normal.
Assim, pude concluir o Ensino Médio, dar risadas, fazer novos amigos e o mais importante de tudo: enxergar um amanhã livre! Assim, não tive dúvidas de colocar o curso pra uma cidade muito longe, onde não tenho parentes, não conheço nada, nunca pisei na vida. Eu estava com uma coragem absurda, absurda mesmo, que mesmo com os parentes falando de todas as dificuldades, eu dizia: "Eu posso superar!"
E ainda continuo achando que posso. No entanto, meu coração está pesado demais. Penso em como vai ser lá sem minha mãe, meu pai, meu irmão, minha avó querida... Em como vai ser se eu tiver uma crise por lá, sem ninguém pra me socorrer. Eu sei que eu só estou pensando nas dificuldades, e não estou pensando no que aquela cidade me reserva de bom.
Não quero desistir. Não quero mesmo. Estou fazendo de tudo pra me forçar a rasgar a "razão" do meu desespero e partir em paz.
Ontem lí uma coisa que me deu um pouco mais de força: "Pessoas sofridas são perigosas, diz alguém... São perigosas porque sabem que podem sobreviver." (daqui)
Corrí, corrí atrás de um sonho e quando ele finalmente se apresenta possível, eu fico como fico. Mesmo que não acreditem em Deus, eu acredito. Ele vai me dar forças pra aguentar tudo, firme e forte.
Eu posso. Eu já pude muito mais.
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Agora que pude
Agora que pude, choro o choro dos justos. Tenho orgulho da minha coragem.
2010 foi o ano "improvável" pra mim. Muito do que eu esperava da vida aconteceu e muito do que eu não esperava também. Como eu já disse, me amaram, me fuderam no pior dos sentidos e eu estou aqui. Dá vontade de abrir a janela e gritar: EEEEEUU ESTOOOU AQUIIIII, PORRAAAAAAA!
Hoje, pela noitinha, chorei ao lado de uma amiga que amo.
Dividir emoções... Em um lugar que até tão pouco tempo atrás era totalmente inóspito pra mim...
Já é 2011 e sei que mais coisas estão por vir. Estou até agora (2:35) lendo esses meus antigos textos desse tão estimado blog e lembrando coisas que escrevi nos meus cadernos sem tranca (o meu grande pecado) que eu chamava de diário. Meu Deus! Quanto de vida já passou por mim? Quanto!!!
Olho pra trás e sinto apenas o orgulho de ser quem eu sou. Olho pra frente e sinto medo - por que eu sou eu, né? - mas não me sai do juízo que tudo também há de dar certo.
Eu já falei que eu acredito numa poderosíssima instituição chamada de Vida? Pois é. Pra mim, ela é uma mulher de muitas cores, com um vestido esvoaçante. Ela é faceira, séria, puta, nojenta, sem-vergonha, amorosa, amiga. Ela é tudo. Não ensinaram os nãos pra ela. De uns tempos pra cá eu senti que ela finalmente se apresentou na sua imensidão pra mim. Não só uns pedacinhos, mas eu vi ela toda e percebi que ela é mais bela do que feia. Ela é imperfeita, assim como eu, por isso agora somos amigas, somos irmãs. Eu a agarrei e ela se entranhou em mim. Vida, sua louca, você não me escapa nunca mais!
Sinto-me feliz e realizada por ter podido. Como eu disse nesse dia que escrevi a comparação com o cachorrinho, com o coração tão pesado quanto o do Frodo pra destruir o anel, eu sabia que podia. Ia ser putaqueparilmente difícil, mas eu podia. E eu pude.
Eu já pude muito mais.