segunda-feira, 5 de maio de 2008




ELA

Na cama não se fala de filosofia.Peguei na mão dela, coloquei sobre meu coração, disse, meu coração é seu, depois pus sua mão sobre minha cabeça e disse, meus pensamentos são seus, moléculas do meu corpo estão impregnadas com moléculas do seu. Depois botei a mão dela no meu pau, que estava duro, disse, é seu esse pau.
Ela nada disse, me chupou, depois chupei sua boceta, ela veio por cima, fodemos, ela ficou de joelhos, rosto no travesseiro, penetrei por trás, fodemos.Fiquei deitado e ela de costas para mim sentou-se sobre o meu púbis, enfiou meu pau na boceta. Eu via meu pau entrando e saindo, via o cu rosado dela, que depois lambi. Fodemos, fodemos, fodemos. Gozei como um animal agonizando.
Ela disse, te amo, vamos viver juntos.Perguntei, não está tão bom assim? Cada um no seu canto, nos encontramos para ir ao cinema, passear no Jardim Botânico, comer salada com salmão, ler poesia um para o outro, ver filmes, foder. Acordar todo dia, todo dia, todo dia juntos na mesma cama é mortal.
Ela respondeu que Nietzsche disse que a mesma palavra amor significa duas coisas diferentes para o homem e para a mulher.Para a mulher, amor exprime renúncia, dádiva. Já o homem quer possuir a mulher, tomá-la, a fim de se enriquecer e reforçar seu poder de existir.Respondi que Nietzsche era um maluco.Mas aquela conversa foi o início do fim.

Na cama não se fala de filosofia.


Rubem Fonseca, "Ela e outras mulheres”, Editoras Companhia das Letras, 174 páginas.



Tem umas coisas dele que eu, pessoa sensível que sou, não posso ler. Por exemplo, Secreções, Excreções e Desatinos, só consegui ler alguns e com muito custo...

Mas a história de ELAS foi assim... A capa do livro é verde limão e peguei pra dar uma olhada...abri o livro aleatoriamente e caiu em ELA... na hora lembrei da Chay...

Eu já tinha lido um livro dele, há muito tempo, quando ainda era muito jovem... Por não ter idade suficiente, não alcancei o livro, ou ainda, ele não me alcançou... O livro era o “ Vastas emoções e pensamentos imperfeitos”, como eu roubei esse livro ele está lá em casa aguardando o momento de ser relido... Afinal eu tinha 15 anos quando li, faz um tempinho...