sábado, 24 de maio de 2008
NA VOLTA PRA CASA - CRÔNICA
Ela não se deu conta que estava no meio da avenida em pleno meio-dia, seu estado de espírito era tão feliz que ela estava absolutamente só no mundo. Não abriu os olhos, não olhou em volta, não foi reparar se não havia alguém vendo, simplesmente deu vontade de dançar e ela dançou, também não era uma ótima bailarina, mas era agradável ver seu corpo se mexendo como se não tivesse ossos.
Não! Ela não foi atropelada e morreu, como você pensou que fosse o final dessa história, no momento que ela começou a dançar todos os carros pararam pra ver o que era aquilo. Pensaram que a moça estava louca, onde já se viu ficar daquele jeito em plena avenida movimentada...
Ela dançou e dançou e dançou e cantou e até gritou! Quando ela abriu os olhos e viu que todos estavam contemplando-a, deu uma gargalhada e foi pra calçada como se nada tivesse acontecido. Todos ficaram pasmos com aquilo, estava louca mesmo aquela menina... que mundo! Que mundo! Uma garota tão bonita...
Ela seguiu seu rumo com um sorriso no canto dos lábios, eles nunca saberiam que ela voltava de uma noite de amor...
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Então, pintei de azul os meus sapatos
e colori as minhas mãos e as tuas,
Para extinguir em nós o azul ausente
azul sobre os vestidos e as gravatas.
Eu consigo lembrar do exato dia, do momento em que li esse soneto pela primeira vez... O ano era 1999 e eu estava no ônibus Rio Doce/CDU indo para a escola...
Era a celebração do Dia da Poesia, então dá pra saber que era março... estava em um cartaz colado no busão... A viagem era longa e o li diversas vezes e a cada vez que eu ia ficando mais encantada...
Ainda lembro que esse trecho foi o que eu mais gostei...
“E afogados em nós, nem nos lembramos que no excesso que havia em nosso espaço pudesse haver de azul também cansaço”.
Isso eu não sei porque, tinha então 14 nos...Faltava um mês pra eu dar o meu primeiro beijo...Faltavam dois anos pra eu conhecer o meu primeiro amor... Faltava muita vida ainda...
Bem...tudo isso pra dizer que Carlos Pena Filho foi o meu primeiro poeta... E muito feliz eu sou por ele ser pernambucano ( adoro puxar a sardinha pro meu lado ) , triste por ele ter morrido tão jovem... Os bons morrem antes, afinal.
E eu nem tava pensando em fazer um flashback... Que coisa!!!!
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Literatura: mini-conto-feliz
Quando a porta do carro bateu e ela engatou a primeira sumindo repentinamente da minha vida, percebi que tudo não passava de uma mentira minha. Eu a queria de volta. Meu desejo era que ela retornasse - após constatar que não saberia viver sem mim-, me pedisse perdão, assumisse seus erros e implorasse para voltar. Não lembro quanto tempo esperei para que isso acontecesse, mas a espera foi em vão.
Ao esperar pela conta, notei, do outro da calçada, a presença de uma figura conhecida. Ela estava acompanhada, e um ar alegre permeava o casal. Acendi um cigarro e deixei meu corpo ser tragado pela beleza daquele céu de outono. Fechei os olhos e me demorei percebendo os sons da manhã de domingo. A risada da minha amiga de desjejum era agradável aos meus ouvidos.
Havia 3 meses desde que eu disse que ela não precisava voltar, e hoje percebo que realmente não precisava.
terça-feira, 20 de maio de 2008
Musica: Novamente - Ney Matogrosso
Você não dá valor ao que possui
Enquanto sofre, o coração intui
Que ao mesmo tempo que magoa o tempo
O tempo flui
E assim o sangue corre em cada veia
O vento brinca com os grãos de areia
Poetas cortejando a branca luz
E ao mesmo tempo que machuca o tempo me passeia
Quem sabe o que se dá em mim?
Quem sabe o que será de nós?
O tempo que antecipa o fim
Também desata os nós
Quem sabe soletrar adeus
Sem lágrimas, nenhuma dor
Os pássaros atrás do sol
As dunas de poeira
O céu de anil no pólo sul
Há dinamite no paiol
Não há limite no anormal
É que nem sempre o amor
É tão azul
A música preenche sua falta
Motivo dessa solidão sem fim
Se alinham pontos negros de nós dois
E arriscam uma fuga contra o tempo
O tempo salta
"Inclassificáveis, novo show de Ney Matogrosso, em temporada que termina hoje no Canecão e estreou na quinta-feira para 1.800 pessoas, põe o cantor em vantagem diante de outros artistas brasileiros, sobretudo pela sua conceituação. É ela que o deixa além de muitos trabalhos recentes da MPB e, em especial, do pop-rock nacional. A partir da música-título do show, feita por Arnaldo Antunes (um maracatu com versos como "Que preto/que branco/que índio o quê!/somos todos inclassificáveis") e da própria sensação que evoca na platéia, fica claro que o lema de Ney é a sua liberdade pessoal. Esta se estende para as letras que grava, para a produção de seus shows e para o passeio rítmico que, comandado por ele, vai do samba à música grega em minutos." Por Ricardo Schott - JB Online.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Literatura: Conto - A Ruptura
Ao me suprimir de sua vida, ela se privou de provar da minha ilusão de amor maior, deixando em branco os papéis onde eu escreveria cartas confessionais a ela. Dessa forma vil ela agiu, olhou nos meus olhos sem demorar o olhar, e com total falta de misericórdia, executando um tiro certeiro, proclamou o lúgubre decreto, esvaindo meu peito de amor em estado bruto. Ela abaixou suas órbitas de íris negras e pupilas dilatadas, ensaiou um falso choro, e por pouco não derramou algo que se assemelhava a uma lágrima. Girou em torno de seu próprio eixo, me presenteando com a visão de seus cabelos, suas costas, e daquele corpo que eu conhecia tanto. Sem hesitar ela deu dois passos firmes para fora da minha vida, batendo a porta com uma força que eu desconhecia. O estampido ecoou retumbante em minha caixa craniana, estourando meus sentidos, oferecendo a certeza de que, naquele momento, eu morria cravejada por suas palavras condolentes, que dilaceravam meus ouvidos.
Antes de me resignar ao meu fado, pensei na renúncia daquela mulher a um futuro feliz, cheio de sorrisos, poesia, prazer, sexo, sons, um futuro que transbordava de cores e amores, optando por me deixar em companhia das dores. Assim ela extirpou do meu corpo toda esperança de felicidade que passeava liqüefeita dentro de mim. Arrancou com a brutalidade de um bárbaro a quimera de amor pra toda a vida que eu guardava em meus desejos.
Agora eu era só, sem ela pra eu me admirar. Foi dessa maneira que eu descobri só ser alguém quando ao lado dela. E desta forma ela me deixou só, sem mim. E sendo assim, neste estado de privação da própria identidade, e na maior das solidões - aquela onde sentimos a ausência de nós mesmos, descobri que eu ainda morreria de amor e renasceria por ele inúmeras vezes.
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Este conto serviu de argumento para o roteiro do curta-metragem "A Ruptura", parte da trilogia "Tempos de Amor". Em breve nas telas grandes, médias e pequenas.
domingo, 18 de maio de 2008
Cinema: Pangea Day
Apresentação do Projeto
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