terça-feira, 4 de outubro de 2011

Sobre a infância.

Ontem à noite, depois de tantas manifestações de alegrias e momentos nostálgicos com os desenhos que a galera tá colocando no Facebook, pra "protestar", fiquei pensando sobre a infância. Claro, não é um texto que tem a intenção de definir o que ela seja, nem de moldar nada, é só um pouco das minhas lembranças.
A infância é, realmente, uma fase linda da vida das pessoas. Sim, a mais importante, sem sombra de dúvidas. É com ela que se começa tudo e onde o caráter e a personalidade do ser humano vão ser definidos. É por ela que ele aprende a simbolizar, a falar, a escrever (ou não). Enfim, na maioria das vezes, é nela que adquirimos as capacidades essenciais pra vida em sociedade. No entanto, não é o momento mais lindo.
Pra mim não foi.
Foi muito, muito bom. Mas tiveram momentos que foram muito, muito ruins.
A infância que não é infância é mais cruel do que as outras fases que não se deixam ser elas mesmas, podem ter certeza. De tudo o que mais me fazia falta era exatamente não saber me defender das crueldades das pessoas mais velhas e ser reprimida em muitíssimas situações onde eu estava certa e não poder fazer nada quanto a isso, por que eu só era uma criança.
Se existe mesmo alguma intenção das pessoas protestarem contra a violência infantil, que não seja só o ato de colocar um desenho querido no seu avatar - ato que por si só não traz relevância nenhuma e não muda NADA na vida de quem está sofrendo. A única pessoa a se beneficiar dos desenhos é você mesmo, que sente os bons momentos sentado na frente da tv, revividos.
Se a dor de uma criança te incomoda, dê ouvidos a ela. Saiba que o sentimento de raiva, de ódio, de tristeza, de frustração, de dor, são tão sofridos nela no que na de qualquer ser humano com mais de dezoito anos. E nem podemos saber (eu, pelo menos não sei) se não é até maior.
Morro de ódio de pessoas que acham que podem destratar uma criança, humilhar, fazer o que for por que "menino não tem querer".
Minha infância foi boa, melhor que de muita criança por aí que sofre coisas inimagináveis, eu sei. Mas poderia ter sido melhor se eu tivesse a consciência que eu tenho hoje, já com 21 anos e alguns calos da vida, desde a já muito dita infância. Conheço senhores de mais de 60 anos, profundamente marcados pelos desmandos sofridos na infância, onde a criança era apenas um adulto em miniatura.

A infância pra mim não é idílica. Tenho saudades dela, sim, mas nunca quereria vivê-la novamente. Prefiro a liberdade pra escolher meus caminhos, prefiro a coragem que hoje possuo, prefiro a consciência de que não sou inferior a ninguém.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Las colores

Há uma lua no céu brilhando como nunca e eu aqui, escrevendo pra não explodir.

Não é verdade que sempre existiram soluções pro que não se achava possível?

Inventaram a lâmpada, a roda, o fogo (esse descoberto).

Eu queria uma solução pros meus impasses. Quero inventar a minha roda, ou talvez minha engrenagem, pra que a minha vida vá. Não que me fuja como das outras vezes.

É tão difícil não chorar quando o mundo se apresenta tal como eu o vejo por vezes. Tenho medo de não ver o mundo com cores sempre.

Pois que esteja decidido: todas as vezes que o mundo estiver em preto e branco, que eu considere como as fotografias que ficam mais artísticas e mais bonitas desse jeito.

Que toda vez que ele estiver em sépia, que eu lembre de um céu amarelado que uma vez fez em Bacabal, logo depois das chuvas de janeiro, com um arco-íris sem cores, mas impressionantemente lindo.

Que toda vez que o mundo estiver somente negro, que eu lembre da janela desse quarto que não é meu, e me lembre da lua gloriosa que está agora e, com isso, lembre que não há escuridão que não ressalte alguma coisa e que eu possa lembrar também da felicidade que eu já toquei por várias vezes, para que as cores voltem.

Amém.

Às 1:25 de 11/07/2011