sábado, 3 de maio de 2008

O amor, o sorriso, a flor


"Quem acreditou
No amor, no sorriso, na flor
Então sonhou, sonhou...
E perdeu a paz
O amor, o sorriso e a flor
Se transformam depressa demais
Quem, no coração
Abrigou a tristeza de ver
Tudo isto se perder
E, na solidão
Procurou um caminho e seguiu
Já descrente de um dia feliz
Quem chorou, chorou
E tanto que seu pranto já secou
Quem depois voltou
Ao amor, ao sorriso e à flor
Então tudo encontrou
Pois, a própria dor
Revelou o caminho do amor
E a tristeza acabou"


(Newton Mendonça / Tom Jobim)








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Eis um cara que pensa o amor eterno. Porém, somos perecíveis e assim fazemos perecer também as relações. Enquanto vivo, forte, pulsante e obcecado, o amor segue violentamente em busca de um novo alvo.


Hoje eu gosto dela, é ela o meu pão de cada dia, me alimento com seus sorrisos. Amanhã passo fome. Choramos aos borbotões com a perda do que acreditamos amar (afinal, como saber o que é o amor?). Só dói em quem está vivo, só quem vive sente dor.


Com um pouco de ousadia, e total falta de criatividade, começarei uma daquelas frases que já nascem mortas - aquelas que tentam definir o indefinível: O amor é uma doença que aflige os corações que batem.


E assim seguimos tateando nessa nossa roda-viva de dor e flor, sorriso e amor, e dor.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

O QUE SERÁ, SERÁ!

Todas as noites antes de dormir eu faço um pequeno retrospecto do dia, do que transcorreu, do que foi importante e do que não foi também. Aí eu fico pensando do que eu poderia ter feito de melhor, do que eu não deveria ter feito de maneira nenhuma ou no que eu fiz e definitivamente não me arrependo.
E é nessas horas que eu sinto como as coisas são passageiras, de como tudo o que se sente agora talvez não seja a mesma coisa que sintamos daqui a alguns anos, ou mesmo daqui a um minuto.
E também é nessas horas que eu vejo o meu passado, da minha ainda curta vida de quase 18 anos, é nessas horas também que eu vejo de como era ingênua e desconhecedora de várias coisas da vida, e continuo sendo – a “idade” não me subiu à cabeça – mas lembro de quando eu tinha 13 anos, achava que era perfeitamente adulta.
Eu também sei que daqui a alguns anos eu vou ter essa mesma opinião sobre mim hoje, vou querer voltar ao passado, vou querer regredir no tempo para tentar não cometer alguns erros que eu hoje cometi e ainda cometerei, ou mesmo, querer cometê-los de novo, como diz a música Epitáfio, dos Titãs.
Será que quando eu estiver velha (de corpo) eu vou olhar para o passado e ter a certeza de que fiz o que tinha que ser feito, ou vou olhar e ver mais uma vez que eu só fui uma tola que não soube aproveitar as chances que a vida lhe deu?
Meu futuro ainda é incerto, sei que vão acontecer reviravoltas na minha vida, e sei que eu ainda vou amadurecer muito mais, à custa de sofrimento, é claro, sei que eu ainda vou me lembrar desses tempos de agora com muitas saudades, mas, se existe uma coisa que eu não quero perder nunca é a capacidade de rir mesmo nas adversidades, de cantar músicas que não fazem sentido algum, de dizer piadinhas com a família reunida, de brincar com as crianças e de andar com os olhos fechados e abrir os braços deixando que o vento leve os meus cabelos, mesmo sabendo que eu posso ser atropelada por qualquer carro errante.
Não quero deixar nunca de visitar os meus amigos de surpresa, não quero deixar nunca de ligar o som bem alto enquanto se arruma a casa, e eu não quero nunca, nunca mesmo deixar de fazer guerra de travesseiro. Eu não quero deixar nunca de andar de bicicleta sem um lugar específico para se ir, não quero deixar nunca de cantar no chuveiro músicas em inglês que eu não sei o que significam (por enquanto), não quero deixar nunca de criticar o que eu vejo na televisão e mesmo assim não conseguir mudar de canal.
Eu quero é continuar sendo essa mesma doida de sempre, que gosta de encontrar os amigos e ficar batendo papo sentada nas calçadas da cidade até altas horas da noite, a contra-gosto de meus Pais.
Eu quero é ser feliz, sei que a idade vai chegar e com ela as responsabilidades, mas vou lutar com todas as minhas forças para que a vida não me deixe carrancuda e amarga, não, isso nunca!
Quero ser uma mulher, que a vida deixou como presente a alegria e a leveza de uma menina.


Jamila Carvalho

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O QUE EU DESEJO PRA VOCÊS

Desejo primeiro que você ame, e que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim, mas se for, saiba ser sem se desesperar
Desejo também que tenha amigos
Que mesmo maus e inconsequentes, sejam corajosos e fiéis
E que pelo menos um deles você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos
Mas na medida exata para que algumas vezes você se interpele
A respeito de suas próprias certezas
E que entre eles haja pelo menos um que seja justo
Desejo depois, que você seja útil, mas não insubstituível.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante.
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente
E que fazendo bom uso desta tolerância, você sirva de emeplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais
E que sendo maduro não insista em rejuvenescer.
E que sendo velho não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor.
Desejo, por sinal, que você seja triste.
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia, descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra com o máximo de urgência acima e a respeito de tudo
Que existem oprimidos, injustiçados e infelizes e que estão bem à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato, alimente um cuco e ouça um joão-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal.
Porque assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente, por menor que seja e acompanhe o seu crescimento, para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro.
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano, coloque um pouco dele em sua frente e diga: "Isso é meu"
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum dos seus afetos morra, por eles e por você
Mas que se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem culpar.
Desejo por fim que você sendo homem, tenha uma boa mulhere que sendo mulher, tenha um bom homem.
Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes
E quando estiverem exaustos e sorridentes
Ainda haja amor pra recomeçar
E se tudo isso acontecer
Não tenho mais nada a lhe desejar.


Victor Hugo

quarta-feira, 30 de abril de 2008

A URGÊNCIA DE JERÔNIMO - CRÔNICA

Já passavam de duas horas da manhã quando Seu Jerônimo apareceu, aos gritos na farmácia de Seu Antônio, o único farmacêutico daquela cidadezinha do interior do interior do Acre. Gritos estes que acordaram não só Seu Antônio e a esposa, que moravam no andar de cima do prédio da Farmácia, mas também a vizinhança inteira.

Seu Antônio sabia que deveria descer e atender quem quer que fosse, não era médico, mas se sentia como um, e por isso, deveria cumprir com o juramento de Hipócrates da mesma maneira que os seus "colegas" graduados! Mas era um pena, pois naquela noite estava dormindo como nunca mais dormira, e com raiva e de cara inchada desceu, sob os protestos da esposa.

Ao chegar na calçada de sua casa e farmácia, viu não só o Velho Jerônimo, mas também um pequeno aglomerado, eram os vizinhos sensibilizados com a insistência do velho, que poderia estar com a esposa doente e prestes a morrer e tudo dependeria do Farmacêutico abrir ou não seu estabelecimento.

Passaram meia hora discutindo, de um lado: Seu Antônio zangado e sem querer abrir a farmacinha, do outro o Velho Jerônimo e a multidão, gritando com mais vigor, e todos, mesmo com sono, estavam cada vez mais exaltados e os gritos estavam cada vez mais altos.

Quando finalmente, Seu Antônio resolveu abrir a Farmácia e sob aplausos dos vencedores, foi para atrás do balcão, perguntou pro Velho Jerônimo o que ele queria, foi com espanto que ele escutou:

- Nada não! Eu só queria me pesar!


Jamila Carvalho ou JamYYY GIRL.