Todas as noites antes de dormir eu faço um pequeno retrospecto do dia, do que transcorreu, do que foi importante e do que não foi também. Aí eu fico pensando do que eu poderia ter feito de melhor, do que eu não deveria ter feito de maneira nenhuma ou no que eu fiz e definitivamente não me arrependo.
E é nessas horas que eu sinto como as coisas são passageiras, de como tudo o que se sente agora talvez não seja a mesma coisa que sintamos daqui a alguns anos, ou mesmo daqui a um minuto.
E também é nessas horas que eu vejo o meu passado, da minha ainda curta vida de quase 18 anos, é nessas horas também que eu vejo de como era ingênua e desconhecedora de várias coisas da vida, e continuo sendo – a “idade” não me subiu à cabeça – mas lembro de quando eu tinha 13 anos, achava que era perfeitamente adulta.
Eu também sei que daqui a alguns anos eu vou ter essa mesma opinião sobre mim hoje, vou querer voltar ao passado, vou querer regredir no tempo para tentar não cometer alguns erros que eu hoje cometi e ainda cometerei, ou mesmo, querer cometê-los de novo, como diz a música Epitáfio, dos Titãs.
Será que quando eu estiver velha (de corpo) eu vou olhar para o passado e ter a certeza de que fiz o que tinha que ser feito, ou vou olhar e ver mais uma vez que eu só fui uma tola que não soube aproveitar as chances que a vida lhe deu?
Meu futuro ainda é incerto, sei que vão acontecer reviravoltas na minha vida, e sei que eu ainda vou amadurecer muito mais, à custa de sofrimento, é claro, sei que eu ainda vou me lembrar desses tempos de agora com muitas saudades, mas, se existe uma coisa que eu não quero perder nunca é a capacidade de rir mesmo nas adversidades, de cantar músicas que não fazem sentido algum, de dizer piadinhas com a família reunida, de brincar com as crianças e de andar com os olhos fechados e abrir os braços deixando que o vento leve os meus cabelos, mesmo sabendo que eu posso ser atropelada por qualquer carro errante.
Não quero deixar nunca de visitar os meus amigos de surpresa, não quero deixar nunca de ligar o som bem alto enquanto se arruma a casa, e eu não quero nunca, nunca mesmo deixar de fazer guerra de travesseiro. Eu não quero deixar nunca de andar de bicicleta sem um lugar específico para se ir, não quero deixar nunca de cantar no chuveiro músicas em inglês que eu não sei o que significam (por enquanto), não quero deixar nunca de criticar o que eu vejo na televisão e mesmo assim não conseguir mudar de canal.
Eu quero é continuar sendo essa mesma doida de sempre, que gosta de encontrar os amigos e ficar batendo papo sentada nas calçadas da cidade até altas horas da noite, a contra-gosto de meus Pais.
Eu quero é ser feliz, sei que a idade vai chegar e com ela as responsabilidades, mas vou lutar com todas as minhas forças para que a vida não me deixe carrancuda e amarga, não, isso nunca!
Quero ser uma mulher, que a vida deixou como presente a alegria e a leveza de uma menina.
Jamila Carvalho
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