quarta-feira, 30 de abril de 2008

A URGÊNCIA DE JERÔNIMO - CRÔNICA

Já passavam de duas horas da manhã quando Seu Jerônimo apareceu, aos gritos na farmácia de Seu Antônio, o único farmacêutico daquela cidadezinha do interior do interior do Acre. Gritos estes que acordaram não só Seu Antônio e a esposa, que moravam no andar de cima do prédio da Farmácia, mas também a vizinhança inteira.

Seu Antônio sabia que deveria descer e atender quem quer que fosse, não era médico, mas se sentia como um, e por isso, deveria cumprir com o juramento de Hipócrates da mesma maneira que os seus "colegas" graduados! Mas era um pena, pois naquela noite estava dormindo como nunca mais dormira, e com raiva e de cara inchada desceu, sob os protestos da esposa.

Ao chegar na calçada de sua casa e farmácia, viu não só o Velho Jerônimo, mas também um pequeno aglomerado, eram os vizinhos sensibilizados com a insistência do velho, que poderia estar com a esposa doente e prestes a morrer e tudo dependeria do Farmacêutico abrir ou não seu estabelecimento.

Passaram meia hora discutindo, de um lado: Seu Antônio zangado e sem querer abrir a farmacinha, do outro o Velho Jerônimo e a multidão, gritando com mais vigor, e todos, mesmo com sono, estavam cada vez mais exaltados e os gritos estavam cada vez mais altos.

Quando finalmente, Seu Antônio resolveu abrir a Farmácia e sob aplausos dos vencedores, foi para atrás do balcão, perguntou pro Velho Jerônimo o que ele queria, foi com espanto que ele escutou:

- Nada não! Eu só queria me pesar!


Jamila Carvalho ou JamYYY GIRL.

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