segunda-feira, 19 de maio de 2014

O mundo, todo ele, de novo.

Entrando nesse mundo de novo. É assim que eu me sinto nesses marcos cíclicos do tempo. É dia 18 de maio de 2014, exatamente às 23:58. Ainda faltam dois minutos pra chamar de meus. Talvez se acabem e eu nem perceba, porque estou escrevendo esse parágrafo e dando algumas suspiradas por estar com o peito inteiramente cheio de muito mais do que ar, daquela Vida que às vezes se instala em mim por horas e não quer sair e eu nem quero mais que ela vá, mas em algum momento ela vai. No entanto, como os gatos de rua que foram morar em casas: ela vai, mas ela sempre volta.
Se os meus cálculos não estiverem errados, em alguma parte do dia de algum dos dias do mês de agosto de 1989, meus pais sentiram alguma urgência inexorável. Ao liquidarem a urgência, o que era de se encontrar, se encontrou e eu fiquei, durante um tempo que eu ainda hoje considero pequeno, no lugar mais legal que alguém com um rabo maior que o corpo pode ficar. Dizendo mamãe, meio dia do dia 18 de maio de 1990, eu mostrei a cara, porque mesmo achando massa lá, já tava ficando chato e eu, mesmo pequena, sempre precisei de espaço.
Muita coisa rolou, muita água passou por debaixo desta ponte e hoje (?), como disse uma vez um conhecido, tá com 24 anos que eu "tou aí". E quando badalou a meia-noite e eu estava lá, rodeada de amigas, gritando e pulando junto comigo, veio essa sensação que eu mencionei acima: "Estou entrando no mundo de novo". E pelas provas que a Vida já me deu, puta que pariu! O que será que me aguarda?
Sonhei um sonho já sonhado antes, onde salvava bebês muito pequenos dentro de piscinas. E eles estavam imóveis, como se alguém os tivesse colocado ali, porque os bebês sabem nadar mesmo, certo? Mas eles não se mexiam e eram muito, mas muito pequenos. Só estou contando isso, porque, quando papai me ligou pra desejar os parabéns, eu estava vendo a cara de um que sorria pra mim, por que eu acabara de tirá-lo de dentro da piscina, como se fosse um agradecimento. Como ainda existe uma parte de mim que acredita em augúrios, pensei que fosse um bom pra começar essa reentrada no mundo. Salvando bebês extremamente novos do afogamento. Gente... What a vibe!
Esse ano, no meio, e já rolou coisa pra caramba. E tá sendo bem, bem bom. Desses que dá até medo de dizer que tá sendo bom, porque vai que... Né? Mas é impressionante. E tantas felicitações (sempre mais que bem vindas), me fizeram pensar que essas conquistas do dia-a-dia são desvalorizadas, talvez porque não estejam inseridas dentro desses marcos que nos fazem parar e pensar o que nós estamos realmente vivendo. Ainda assim, quando tudo terminou, eu tinha consciência de que muitas vezes eu deitei na minha cama agradecida por mais um dia completa e maravilhosamente normal.
Sentada aqui, dando fim a uma urgência bem menos inexorável do que a que fez com que meus pais me engendrassem, depois das lágrimas e do sorriso no rosto em caaaada mensagem que me mandaram pelo meu aniversário, eu creio que meus sentimentos estejam um pouco em frangalhos, pelo tanto que os pobres trabalharam hoje. Terrível e maravilhoso passar um aniversário com TPM. Mas... Como eu não vivo num episódio de Skins, não recomendo. Se não der pra evitar, passe o aniversário com tpm mesmo assim. Porque se o aniversário não rolar, então quer dizer que você já morreu.

Esse texto foi escrito exatamente ao contrário de qualquer ideia que eu tinha quando eu o comecei. Ideia que eu nem me lembro tanto assim. Já é quase uma hora do dia 19 e eu, em tese, já teria que estar dormindo. Acontece. Não é todo dia que se entra no mundo de novo.