domingo, 25 de março de 2012

"Él que no sabe de amores, llorona, no sabe lo que es martírio..."

24 de Março de 2012, às 00:44 de 25.

Sonhei com o que se foi de mim.
Andamos trezentas mil horas de sentimentos acumulados de mãos dadas.
Abracei seu corpo ardendo e desmanchando-se em soluços
Era meu, pra que cuidasse.

Andamos ladeiras de feridas expostas
E as latanhamos mais com nossas palavras.

Ele se viu sem os seus.
Chorou em meu peito a morte de dois filhos
E de uma mulher;
Porque o amor é grande demais, procurei com ele.
Estava prestes a definhar de andar
Mas não pararia nunca
Porque andávamos de mãos dadas
Trezentas mil horas de sentimentos acumulados.

Jorrou em mim sua febre
E em minhas horas acordadas ela alastrou-se
Lacrimejei minha própria luz
De trezentas mil horas de sentimentos acumulados.

Finalmente, achamos quem procurávamos.
Ele iria partir, porque morrera também.
Me queria junto dele, pra que o cuidasse sempre.
Teria que morrer também.



Ele se foi carregando seus mortos chorados,
E eu fiquei aqui escrevendo minha morte.
Porque por mais que não morresse,
Morri também quando se foi.
A partida inconcebível doeu-me
E sangrando fiquei
Trezentas mil horas de sentimentos acumulados.

Meu Deus! Quantas toneladas de solidão cabem
Em trezentas mil horas de sentimentos acumulados?