quinta-feira, 16 de julho de 2015

A procura


Teu nome é do tamanho de um suspiro. Tão delicado quanto uma flor. Teu nome é a luz que me clareia. Teus olhos, tão lindos, estão nos meus, me chamando de meu bem. Teus olhos chamam. Entro no teu coração, o culpado, pra ficar lá, quieta, esperando tu chegar. Os pensamentos de chamar te chamam, te gritam. Quantos pensamentos de chamar já não te lancei? Não há como escapar do teu encanto. E eu jamais quis fugir dele, meu amor.

Tu é a fogueira. Tu é o fogo. Tu é um estado. Tu é a tua mão. Uma grande metonímia humana. O todo pela parte, a parte pelo todo: tu era teu coração e teu coração era tu. Não se cala. Teimosa, não se cala. Nunca o fez. Jorrou em mim sua vida como quem esquece dos seus efeitos. Feiticeira nata, das que jogam feitiços sem saber. Meu nariz deteriora sem cheirar teu cheiro, por que foi feitiço forte, conjurado desde a pedra fundamental da Terra, de que teu olor me faria voltar pra ti, mesmo que eu andasse e percorresse todos os confins desse planeta. E eu feneço a cada dia que sei que tu, ingrata, foi embora de mim.

Há algo no firmamento estranho hoje. O céu esteve mais azul do que antes e ventou como não costuma. Sentindo tu, mulher, em meus sentidos, respirei daquele ar, te absorvendo, enchendo meus pulmões de ti, procurando desesperadamente o teu cheiro. Só enquanto eu respirar, vou procurar por ti. Eu sempre vou procurar por ti. E mesmo achando teu cheiro só nos ventos que não costumam, resisto ao teu conjuro e torno a viver.