Senti sua falta hoje. Esse tipo
de relação é coisa esquisita, porque nunca esteve aqui perto. E, no entanto, eu
sinto a falta. A gente parece que se apega num “oi”, num like, num comentário,
num “boa noite”, mesmo que seja só isso. Quando o contato é vedado, essas são
as únicas provas concretas que temos de que ainda estamos ali, de alguma forma,
importando. Haha Eu sei, é assustador, mas sei que você me entende. É claro que
as nuvens são as palavras que não podem ser trocadas em outros meios em que
haja espectadores. As confissões feitas, com o coração balançando pra cá e pra
lá como se não houvesse escapatória de uma morte muito próxima. Os desamparos
achados na materialização da imaginação e o transporte imediato pra um lugar
comum em que não faz nem frio, nem calor. Ele é perfeito pra nós.
É bom dizer as coisas que não
diria antes. Sabe, é muito bom não ter medo. Meu Deus, muito bom mesmo. Dizer das vontades, das loucuras... Falar as
besteiras que eu não consigo me furtar de falar, ainda que isso signifique
tirar onda comigo, com o nosso estado. Foi bom ter assumido que estava
apaixonada. Ainda dá uma pontinha de medo, as implicações disso, mas não posso
fazer muita coisa se isso é uma verdade. Ah, e eu te amo também. É. Falei. E,
por favor, não ache que isso é pesado, porque a afirmação não vem com um
contrato implícito pra você assinar. Olha, eu nem estou esperando que diga nada
de volta. Inclusive não poder contar isso diretamente pra você, de boa, por não
saber a sua reação, me faz odiar as pessoas que fizeram isso com outras. Não
deveria ser pesado dizer da existência de um sentimento bom pra alguém, nem pra
quem diz, nem pra quem escuta. Não é leviandade, já que tenho certeza. Meu
coração não me engana assim, pelo contrário. E ele sabe que, independente até
do nosso “resultado”, ele não deixará de sentir o que sente por você. Se ainda
haverá paixão, isso é que eu não sei, já que o futuro é algo “escritível”
(acabei de inventar), é certo, mas me parece que alguns sentimentos são muito
bem não deliberáveis. Mas amor... Mudei o que eu pensava sobre ele. Tudo está
mais generoso depois de alguns anos e sei que sempre haverá espaço pra você
aqui dentro, talvez pela gratidão pelo muito bem que está fazendo.
A única coisa que eu queria era
teu beijo e o teu afago, que se fazem cada vez mais e mais urgentes. Sejamos sinceros, já vivemos isso antes, não é
difícil perceber. Se aconteceu a tão sonhada concretude é que não sei. No meu
caso, o medo sempre vinha bater na porta de uma maneira que era difícil demais,
porque ele sempre conseguia forçar essa entrada, mesmo que eu ficasse à postos.
A diferença, agora, é que não vejo mais essa porta. E se um dia o medo vier
fazer alguma visita, eu já posso dizer que já fui muito mais longe do que
jamais havia ido. Ele vai embora.
Muitas vezes olhei pra minha vida
e a vi tão distante da tua... Muito mais do que a geografia continental que já
nos separa. Vi a tua vida estabilizada que eu tanto almejo, tuas viagens pelo
mundo, teu conhecimento sobre coisas que eu não vivi. Sua própria idade, uma
vantagem insuperável. Enquanto vejo em mim a garota que sonha muito mais do que
realmente faz e ainda faz sangrar os dedões das mãos, de rasgar, quando alguma
ansiedade vem mais profunda. Olho pra esse apartamento pequeno que vivo e nem
sei se poderia te receber apropriadamente, sem carro, nessa cama de solteiro (apesar
de saber que te queria nela do mesmo jeito), nesse calor, sem muita estrutura e
conforto, nesse lar sem cadeiras e de paredes sujas.
Calma, eu sei que tu vai pensar
nas minhas qualidades e até ralhar comigo mentalmente por eu ter me colocado em
um “patamar menor”. Não, tô bem longe da baixa autoestima, mas sei ver a
realidade quando ela se apresenta pra mim. E eu também entendo que, além de
tudo isso, és também um homem, sujeito às falhas e aos esfriamentos do coração.
Sim, eu racionalizo isso, ainda que internalizar, de fato, seja toda outra história.
Ainda não conheci tuas manias, como te comportas quando tá com raiva, se o teu
coração é constante ou não. E isso eu lamento, porque são coisas que eu também
quero conhecer além do teu cheiro, do teu beijo, do teu sexo, do teu abraço,
dos teus braços, das pernas, da tua voz no meu ouvido.
Ainda bem que te encontrei,
rapaz. Improvavelmente, como tudo na minha vida, mas te encontrei. O teu senso
de vida, tua moral admirável... Penso que vi seu caráter bom. E me apaixonei
mesmo, porque aí já não tinha escapatória pra esse meu pobre coração. É claro
que o teu rosto lindo, a tua barba pretinha, teus olhos assustados e teu corpo
de homem tiveram uma participação terrível nesse processo. rs (Esse perfil só
trabalha com vdds vddrssms!). Ainda estou sentindo a falta de ti que me fez
começar esse texto quase madrugador, enquanto o vizinho me torra a paciência
novamente com o barulho de uma rede. Eu, vítima do meu próprio orgulho, acabo
por me privar de ti do que escolher te chamar, porque não quero passar a
impressão de estar apaixonada demais (olha!). No entanto, olha aqui o tamanho
do texto. Tsc tsc tsc
Sei lá, perdão. Desde o
aniversário do Fagner, estou com Fanatismo na cabeça. E aquela voz se rasgando,
naquela poesia sofrida, me fez achar que me rasgar não teria tanto problema. Fica
com esta outra também, que não sai da mais da cabeça:
Boa noite e espero que tenha os melhores sonhos.