sábado, 6 de setembro de 2014

É quando.

Pensando muito bem, esse ano foi o marco das surpresas boas. Ainda não chegou no final, é claro, e só o que eu penso é no que ainda ele pode me trazer de bom. De ruim também, aliás, mas não me concentro nisso, por causa da esperança sem fim, ainda bem. Se alguns anos ficaram marcados pelos rótulos das surpresas boas e ruins que trouxeram, esse, talvez leve o rótulo do ano das realizações. 2003 ficou na memória como o mais feliz da vida. Dos tempos azuis, de um amor que perdurou muito mais do que aquela garota que percorria aquela cidade sem qualquer tipo de freios metafóricos e reais imaginou. Mas eu só tinha 13 anos e tudo o que existia, era cheio de impossibilidades.
2006 foi o ano da amargura. Dos sofrimentos infinitos que marcaram minha vida pra sempre. Do início de uma caminhada dura, íngreme. Onde as minhas mãos mais se feriram na tentativa de subir aquele poço profundo da miserabilidade humana em que eu cheguei. E saí.
2008 foi o começo do impossível. Entrei pra Universidade pra que fosse alguma coisa, enquanto ainda não podia ir atrás dos meus sonhos. Era bastante novo aquilo. Ainda assim, eu já me conformava com as velhas desculpas à consciência... "Não há problema passar a vida aqui, menina. Você não precisa ter tanta pressa assim. Não há fórmula pra ser feliz. E se você puder ser feliz aqui mesmo, qual é o problema?". Bom, eu estava certa. Se eu pudesse ser feliz lá, qual seria o problema?
Veio 2010, que ficou batizado como o ano improvável. Saí da minha cidade depois de tantas tentativas frustradas, de tantos sonhos abortados naquela gestação infindável. Estava nascendo. Não nasceu sem dor, no entanto. Mas tudo o que houve me deixou mais consciente dos meus movimentos, pelo menos. Nenhuma dessas dores foram necessárias, mas aconteceram. Não me restava o que fazer, a não ser o que fazia desde sempre. Continuar.
Chega 2014 e todos os seus marcos. Foi tanto, mas tanto... Esse ano foi inacreditável. Desses que se tem até medo de falar alguma coisa, porque vai que estraga, né? E mesmo que 2010, o ano das improbabilidades, tenha se passado há quase muito, as improbabilidades ainda me perseguem, porque é disso que é feita a minha existência. Uma sucessão terrível e maravilhosa delas, que se espraiam por toda a minha história. E uma em particular me vem alterando como eu pensei que não fosse mais ser possível pra esse tipo de coisa. Essa improbabilidade está fazendo com que eu passe por cima das minhas vergonhas, dos meus medos. Está fazendo que me desperte a vontade de passar frio, só pra que me esquente. De mudar ainda mais. De rir até a inconsciência. De não ter mais medidas. De transcender toda a distância dos extremos em um pulo e saltar por cima de duas décadas e poucos anos de incertezas, só pra dar o abraço que eu quero. Porque eu quero e não só quero, eu tenho.
E tudo ficou reduzido à simplicidade do "quando". Porque não é mais "se".