Deixei teu nome na cabeceira, antes de dormir
Coloquei-o embaixo da pia, ao lavar a louça
Fechei a porta do banheiro pra ele, quando entrei
Escondi-o dentro da última gaveta do guarda-roupa
Abandonei entre uns papéis velhos do armário
Deixei na lavanderia de molho durante dias
Varri, passei o rodo nele, pano de chão com desinfetante
Joguei pela janela do apartamento
Ficou na gaveta vazia de legumes da geladeira
Não paguei a passagem pro teu nome no ônibus
Botei a vassoura detrás da porta
Teu nome ficou lá
Triste, jogado pras cobras, abandonado
Me olhando com cara de cachorro molhado.
E depois de tantos maus-tratos
Creio, teu nome uma hora sairá pela porta
Mas apesar de todos os esforços
De toda a má-educação
Toda a grosseria e impolidez
Ainda não quero que vá.