sexta-feira, 15 de março de 2013

Às vezes eu fico me lembrando de como as coisas eram diferentes há um tempo atrás. Não há tão pouco tempo assim, levando em consideração os aspectos mais gerais da minha vida. E, não sei porque diabos, vim me lembrar de como era quando eu tinha os meus diários. Aquelas páginas em branco, cheias de privilégios, já que elas eram praticamente as únicas que me viam inteiramente. Ali o espelho era total. Depois que muita coisa aconteceu, nunca mais consegui um espelho tão definitivo quanto aquele. Nunca mais soube como era, de verdade, estar sufocada por uma situação durante o dia e saber, ter a certeza mais plena e absoluta, que as suas próprias palavras iam servir como o bálsamo pra deixar que a noite viesse sem maiores sobressaltos.

E eu só me lembrei disso, porque hoje foi um desses dias em que eu estive sufocada. Não durante o dia inteiro, ainda bem. Mas em uma parte considerável dele e, pra mim, na parte mais crítica: durante a noite. De repente, acontece algo que te leva há alguns dias atrás e te lembra de uma dorzinha que esteve ali e que você viu que não foi embora. Vulcões não se revolvem tão facilmente, como no mundinho minúsculo do Pequeno Príncipe.

Essa dor, por mais irracional que tenha sido e por mais que eu saiba que não darei qualquer tipo de prosseguimento a ela, me deixou a par da minha situação: ainda vulnerável às expectativas. Ainda querendo alcançar uma serenidade que eu queria que fosse como a sua natureza pede: natural. Algo que continuasse comigo mais tempo, nesses tempos. Só que aí a gente se lembra que não seria quem é se não fosse a falta dela nesses tempos, né?

Tô falando muito em código, né? Eu sei.

Eu realmente não sei há quanto tempo eu sou blogueira daqui da Liga. Lembro só que os meus primeiros textos eram muito pífios. Daquela menina de dezoito anos que queria escrever, que achava bonito, mas que não fazia isso muitas vezes. O que dava aos meus textos um certo provincianismo e uma lógica meio furada de que eu precisava copiar o estilo de alguém. Hoje eu sei que posso não ser lá essas coisas, mas as coisas que eu escrevo, estão muito mais conscientes, pelo menos. A temporada de visita diária ao meu íntimo de mais de dois anos, me trouxe resultados surpreendentes e me deixou ciente de que sempre eu poderia me desvendar, com um texto ou dois. Que eu poderia, se não resolver, pelo menos compreender o que está se passando e racionalizar uma solução viável pra parar de doer. Sempre dava certo.

Hoje, por mais que eu saiba que vai parar de doer aquela dorzinha em particular, por algo que eu já havia perdoado, eu sei que hoje, especificamente hoje, isso está me incomodando. E outras questões surgem, sempre ligadas às expectativas que eu não sei deixar de fazer sobre o futuro, por mais que eu tente sempre me policiar em relação a isso. Viver mais o momento e deixar o depois pra depois mesmo.

É complicado... Sempre soube o que fazer quando era só eu. Mas nunca foi só eu, né, Jamila? Sempre havia algo ou alguém na vida. Eu não sou uma ilha. rs

Enfim, muito mais desabafo comigo mesma (já que eu sei que quase ninguém vai ler o que tá aqui mesmo) do que qualquer outra coisa. Eu sei que sensações vão passar por mim. Eu sei que isso vai passar, mas eu espero que logo. Respiro profundo e entendo que coisas boas estão só à minha espera e que essa insegurança não pode levar ninguém a nada. Um pouquinho de tristeza nunca matou ninguém (sendo só um pouquinho!).

Ah, outra coisa: PUTA QUE PARIU, como eu tô com saudades da minha mãe. Se eu chorar hoje à noite, vai ser por causa da falta dela. Eu só queria um abraço dela. Eita porra, dela e da minha vó. Do meu pai. Do meu irmão. Dos meus primos pequenos, da bebê. Isso me ajudaria a aliviar um pouco a alma, hoje.

Já respiro melhor agora. Já posso dormir melhor agora. (Se o calor deixar, é claro!)