Não, não é. Eu acabei de assistir a um filme morto de lindo e queria escrever em algum lugar as coisas bonitas que vieram na minha cabeça depois que eu terminei de vê-lo. Eu teria feito isso no meu diário, se eu ainda tivesse um diário. Mas vou fazer de conta que aqui é ele, então não vou me importar tanto com estilo, se tá aquele texto bem fechadinho, dentre outras bobagens.
Eu só estou com uma melancolia muito grande pra deixar passar. Não sei, uma melancolia daquelas boas. Alguma coisa que te puxa pra um passado de lembranças que nunca vão se apagar, mesmo que se passem mais dez anos. Mesmo que se passe mais um. Eu sei bem do que estou falando. Depois que o filme acabou, eu fiquei calada por um bom tempo, até ligar o notebook pra escrever. Na minha cabeça, mesmo durante as cenas do filme, eu ficava me lembrando dos meus amores juvenis e de como eu sabia obstinadamente o que eu queria pra cada pedacinho da minha vida: não havia espaço pra meios-termos ou dúvidas. Mesmo as impossibilidades eram certas. Deus! Como me fizeram sentir viva, as minhas paixões.
Há algo que me puxa sempre pra eternidade delas. Eu não sei entender direito o porquê. Eu ainda sou daquelas que, no fundo, sonha um amor recíproco, calmo e ao mesmo tempo, intenso. Nessas horas é que eu posso jurar que a Vida não me ensinou nada, que eu ainda não aprendi da fluidez das coisas... Mas não sei, é algo que me preocupa, porque sei também que espero, o que é muito mais grave do que "apenas" sonhar.
E aí vêm as perguntas ardentes no meu cérebro: Quem, de fato, sou eu? Uma jovem de 23 lutando pra conseguir os seus sonhos. Mas quais são todos os meus sonhos? O que está, de verdade, aqui dentro pulando feito um doido no meu coração pra se libertar? Eu estarei ainda à mercê de amores mal curados? Parece que eu ainda tenho uma vida a enfrentar de expectativas que eu não consigo deixar de fazer, não correspondidas, pela frente. Mas, ao mesmo tempo, quem serei eu se não forem essas mesmas expectativas de felicidades? Que me perdoem os facilmente escandalizáveis, mas eu sinto que há algo de grandioso esperando por mim. Desde pequena, desde que consigo me lembrar. Por mais estranhas e difíceis que as coisas fossem em determinados momentos, eu apenas sabia que nada seria daquele jeito pra sempre. De fato, tudo mudou. E eu me pego espantada, sem ter a mínima ideia do que pode me acontecer daqui pra frente. Eu rio, porque eu simplesmente não tenho a MENOR NOÇÃO de pra onde a Vida vai me levar, porque Ela já deu mostras de que é extremamente renitente em mim. Totalmente teimosa e fantasiosa. Não, ela não se larga fácil. Veio uma porrada de lágrimas que embaçam a tela, mas ainda bem que eu aprendi a digitar sem olhar. HAHAHAHAHA Porra! Como assim, cara? Vai dormir, Jamila.
Há alguma coisa... Há algum mundo... Eu, de novo, não sei. Parece que eu vou terminar esse texto e passar mais algum tempo calada. Deus, meu bom Deus, pra quê tanta alma? rs
Boa noite pra mim, Jamila.
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
terça-feira, 26 de novembro de 2013
O raio
Alguém já sentiu o raio?
Sim, ainda empolgada com a leitura d'O Chefão, que há muito deveria já ter figurado nos livros lidos. Mas, fazer o quê... A gente não pode ler tudo o que quer. A vida sempre vai deixar algumas lacunas das coisas maravilhosas que a gente poderia ter feito e toda aquela coisa que todo mundo tá cansado de saber, que o mundo não dá conta da gente ou a gente não dá conta do mundo.
Mas o caso é que eu li sobre o tal do raio. Algo que o sicilianos antigos diziam da sensação (ou ocasião) única na vida, de avistar um ser humano e seu sangue revolver-se dentro do seu corpo e depois fugir e depois voltar novamente, carregando litros de um desejo incontrolável por quem se teve o raio. Uma paixão tão sôfrega e instantânea que não há cura conhecida a não ser a posse do ser dos desejos. Você fica paralisado, sem sentir o próprio corpo, um tanto quanto catatônico e sem o raciocínio inteiro.
Eu lembro de um raio.
Eu devia ter, no máximo, dez anos e até hoje eu não sei como isso aconteceu. E ainda mais, por que isso aconteceu. Sempre estudei no mesmo colégio a vida toda, durante o ensino fundamental. É um colégio religioso, protestante. Na época, figurava entre os melhores da minha cidade, o que queria sim dizer grande coisa. Os alunos eram tidos como muito inteligentes e ávidos e, com efeito, a turma com o qual passei mais de onze anos, galgou passos largos nessa vida. Não podemos dizer que não tivemos uma boa base. Mas não era sobre isso que eu queria falar.
Meu irmão e eu sempre íamos com o meu pai à escola. Não de carro, coisa que nunca possuímos, mas de bicicleta mesmo. Sempre foi o único meio de transportes do qual dispomos e eu, particularmente, nunca achei isso ruim. Na nossa cidade, mais que isso, só mesmo pelo conforto. Qualquer distância pode ser percorrida por uma bicicleta facilmente. Pois bem, houve um período em que as vacas começaram a engordar e as chuvas a cair, estas últimas não metaforicamente. Morávamos em ruas que sempre alagavam e não foi só uma vez que eu cheguei na escola toda molhada e tive que ligar pra casa pedindo pra mandarem roupa, coisa que me causava bastante constrangimento por n motivos. Um conhecido nosso fazia transporte escolar e minha mãe o contratou pra nos levar à escola, pelo menos durante algum tempo. Nós sempre chegávamos atrasados, porque eram muitas crianças e, não raro, a gente se espremia em mais de oito corpinhos magrelos dentro de um gol prata da primeira geração, todo acabado. Meu Deus, como fui feliz naquele carro...
Um dia, ao chegar na escola, saímos e fomos buscar nossas mochilas de carrinho no porta-malas. Quando eu avistei um homem saindo de um terreno que servia como estacionamento pra uma empresa da minha cidade, em frente ao colégio. O homem me viu e parou a bicicleta dele. Eu o vi, parei, petrifiquei e não conseguia mais sair do lugar. Eu lembro MUITO bem de como o homem era. Ele tinha um cabelo liso, oval, os olhos azuis bem claros, usava óculos. Era de um branco já marcado pelo sol. Se vestia com uma camiseta amarela e uma calça com um tecido que era parecido com o jeans, mas não era jeans. Os óculos dele eram enormes, como muito se vê por aí hoje em dia. Meus olhos se enchem de água ao me lembrar desse episódio, porque foi marcante demais. Eu deixei cair a minha mochila das minhas mãos, enquanto todo mundo saía de dentro do carro. Nós não conseguimos nos mover. Do outro lado da rua, eu via que os olhos deles estavam cravados nos meus, talvez sem entender o que estava acontecendo. Meu coração acelerou como se precisasse daquela violência pra continuar a viver e eu senti uma onda de arrepios percorrer toda a extensão do meu pequeno corpo, da cabeça aos pés. Uma sacudida de um colega da mesma turma me tirou do meu torpor. Tudo isso durou uns cinco minutos e do meio pro fim, comecei a lacrimejar por uma emoção que eu ainda não tinha sentido antes. Não era amor, não era paixão. Não. Era uma conexão inimaginável com um ser humano totalmente desconhecido pra mim. Eu peguei minha mochila do chão e caminhei pra entrada, olhando pra trás pra ver se continuava a ver aquele homem tão misterioso que nem falou comigo, mas que me causou essa impressão tão forte.
Lembro bem de, muito tempo depois, tê-lo visto passando na rua perto da praça da primeira casa que morei, também de bicicleta. A imagem dele ficara gravada em mim e naquele momento, como não poderia deixar de ser, estava bem mais nítida que agora. Eu ia à pé pra casa da minha avó, porque aquele era o caminho. O homem passou por mim e, creio fortemente, me reconheceu. Foi mais adiante e eu o acompanhava, com os olhos quase pra furá-lo. Eu sentia no meu corpo inteiro as batidas inclementes do coração. E pra minha total exasperação, o homem dá a meia-volta na sua bicicleta, olha pra mim, para, pensa e segue o seu caminho. Obviamente, a melhor saída. Eu era uma criança, afinal de contas. E obviamente, nada aconteceria dali, nada de carnal, nada de concreto. No entanto, sempre tive propensões pra amizades com pessoas mais velhas. Talvez isso sim pudesse acontecer. Mas o mais provável era que eu saísse correndo por não conseguir disfarçar a ansiedade no momento. Não sei. Só sei que esse foi um evento que eu jamais consegui qualquer explicação. Não fui atrás de explicações cósmicas, religiosas, nada. Foi um raio sem qualquer deliberação clara que me atingiu, apenas. Com todo o direito que um raio tem, deixou as marcas na memória.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
O barqueiro.
Não sou fatalista, nem pessimista. Superei a fase do "foi porque Deus quis". Mas ainda existem coisas que insisto em colocar as razões, não as culpas, nos fatos anteriores a mim, como o fato de eu ser extremamente renitente em relação aos meus sentimentos. Parece que a massa com a qual fui feita derramou demais o ingrediente da lembrança, da fixação. Nada escapa à regra, aplicável a quase tudo na minha vida: dos amores aos ódios, das alegrias às tristezas, tudo fica interminavelmente registrado. E parece que precisa, por força, que tudo seja bastante intenso.
Acredite ou não, mas eu ainda me lembro do meu primeiro amor. Eu sentia-me torturada e viva ao mesmo tempo, pois se jamais poderia esperar o retorno do sentimento, também jamais poderia esperar viver sem ele. Desde sempre, os amores platônicos fizeram-me companhia. Talvez, por isso, o meu cérebro me dá a possibilidade infame de continuar sentindo coisas mesmo quando tudo de concreto já se passou há muito tempo. O caso mais grave entrou em remissão depois de 10 anos! E ainda hoje não sei dizer se já curou.
Costumávamos fazer um peça na minha escola que ficou na minha cabeça. Era uma peça de sentimentos que vinham nuns barquinhos de cartolina que nós fazíamos, com os nossos "nomes" escritos neles. Vinham vários e já não lembro a ordem. Mas se o espírito não me comete um terrível engano, lembro de o Tempo - que nem era um sentimento, senão uma entidade - ser o único barqueiro a parar na ilha para a Tristeza. Era o que lhe dava carona e lhe tirava daquela ilha, onde estava gritando há muito tempo para os outros que passavam, pedindo por socorro. A metáfora é linda, se a história não estiver errada e esta ter sido uma falsa memória: o tempo é o único a carregar as nossas tristezas. Isso, de certa forma, me consola. Definitivamente me emociona.
Sobre a renitência dos sentimentos e a intensidade deles, me lembro das histórias que me foram contadas por outros, sobre meus pais. Lembro de dizerem que eles eram o casal mais apaixonado que já viram, que era um amor daqueles loucos, desesperados, que não havia meios-termos. Mas ao mesmo tempo, bastante conturbado, cheio de brigas homéricas, que causavam o desfalecimento imediato no semblante de meu pai. Eram muito jovens, mas mesmo a idade não alterou certas coisas no relacionamento. Talvez tenha amainado os amores, mas não os conflitos. Meu irmão e eu viemos e não sei o que continuou o mesmo, o que mudou, no que havia de anterior a nós entre eles.
Era sobre a história deles, desse sentimento que havia, pelo menos no tenro começo, que era intenso e voraz, que fê-los casarem-se sem saber do que os esperavam. Tenho certeza de que puxei essa propensão às intensidades. Como poderia eu ser diferente se sou filha de meus pais? Se a carne deles é a minha, se o sangue deles é o meu? É algo fora da minha capacidade de estornar. Só me resta lidar o melhor que posso com as dores advindas de ter muito sangue nas veias.
O Tempo me disse, enquanto íamos no barquinho conversando, que não há nada melhor que manter a própria serenidade. Apontou pra trás e me fez ver que já estava fora da ilha.
Acredite ou não, mas eu ainda me lembro do meu primeiro amor. Eu sentia-me torturada e viva ao mesmo tempo, pois se jamais poderia esperar o retorno do sentimento, também jamais poderia esperar viver sem ele. Desde sempre, os amores platônicos fizeram-me companhia. Talvez, por isso, o meu cérebro me dá a possibilidade infame de continuar sentindo coisas mesmo quando tudo de concreto já se passou há muito tempo. O caso mais grave entrou em remissão depois de 10 anos! E ainda hoje não sei dizer se já curou.
Costumávamos fazer um peça na minha escola que ficou na minha cabeça. Era uma peça de sentimentos que vinham nuns barquinhos de cartolina que nós fazíamos, com os nossos "nomes" escritos neles. Vinham vários e já não lembro a ordem. Mas se o espírito não me comete um terrível engano, lembro de o Tempo - que nem era um sentimento, senão uma entidade - ser o único barqueiro a parar na ilha para a Tristeza. Era o que lhe dava carona e lhe tirava daquela ilha, onde estava gritando há muito tempo para os outros que passavam, pedindo por socorro. A metáfora é linda, se a história não estiver errada e esta ter sido uma falsa memória: o tempo é o único a carregar as nossas tristezas. Isso, de certa forma, me consola. Definitivamente me emociona.
Sobre a renitência dos sentimentos e a intensidade deles, me lembro das histórias que me foram contadas por outros, sobre meus pais. Lembro de dizerem que eles eram o casal mais apaixonado que já viram, que era um amor daqueles loucos, desesperados, que não havia meios-termos. Mas ao mesmo tempo, bastante conturbado, cheio de brigas homéricas, que causavam o desfalecimento imediato no semblante de meu pai. Eram muito jovens, mas mesmo a idade não alterou certas coisas no relacionamento. Talvez tenha amainado os amores, mas não os conflitos. Meu irmão e eu viemos e não sei o que continuou o mesmo, o que mudou, no que havia de anterior a nós entre eles.
Era sobre a história deles, desse sentimento que havia, pelo menos no tenro começo, que era intenso e voraz, que fê-los casarem-se sem saber do que os esperavam. Tenho certeza de que puxei essa propensão às intensidades. Como poderia eu ser diferente se sou filha de meus pais? Se a carne deles é a minha, se o sangue deles é o meu? É algo fora da minha capacidade de estornar. Só me resta lidar o melhor que posso com as dores advindas de ter muito sangue nas veias.
O Tempo me disse, enquanto íamos no barquinho conversando, que não há nada melhor que manter a própria serenidade. Apontou pra trás e me fez ver que já estava fora da ilha.
domingo, 17 de novembro de 2013
A dedicatória
O chefão. Mario Puzo.
É, o cara é mestre, o cara é foda. Eu assisti aos três filmes e com a minha santa ignorância (, Batman!), eu nem manjei que o primeiro foi feito baseado no livro do Puzo. Desde então, fiquei um tanto quanto louca pra ler. Acho que do mesmo jeito que eu fiquei quando tinha por que tinha que ler "O amor nos tempos do Cólera" do Márquez, depois que vi o filme, senão o mundo ia se acabar.
São Paulo, maio de 2013. Último dia da viagem, a Luana e eu saímos da Feira da Liberdade e encontramos um sebo maravilhoso. Entre tantos títulos que me passavam pela cabeça procurar e achar, não passava esse. Até que eu vi e minha mão foi guiada instintivamente a ele. Era a escolha primordial e a verba disponível, se fosse pouca pra outro, que fosse só pra ele, não fazia mal.
Até que eu abri as páginas e folheei. O livro estava muito gasto. Não valiam os vinte reais que eu teria dar. E não pelo estado estético dele, mas pelo físico, digamos assim. As folhas estavam caindo todas e eu pensei em desistir da compra, até mais uma outra folheada no começo do livro, onde eu quase ia perdendo essa dedicatória, que sanou todas as minhas dúvidas.
Eu li e a vista consequentemente embaçou, por algum cisco que caiu no olho. Eram tempos de remissão e ainda havia muita sensibilidade nos olhos e creio que em mais outros cantos. E os ciscos eram meio que teimosos.
E me perguntei do porquê de alguém vender a um sebo um livro com uma dedicatória tão especial, tão bonita. E me perguntei onde ficaria a Chico City. E me perguntei por quais caminhos aquele livro já passou até que chegasse em minhas mãos. Aliás, uma pergunta sempre feita aos livros comprados em sebos.
Um coração quebrado? Onde livrar-se das lembranças físicas talvez aliviasse a melancolia das lembranças vívidas de um amor que não durou a eternidade sonhada pelos amantes? Talvez. Sinceramente, tomara que não. Talvez fosse algum desses infortúnios que faz com que percamos coisas que nos são extremamente valiosas, como um empréstimo mal pensado ou uma mudança de endereço. A boa e velha má sorte.
Todos esses pensamentos vieram novamente ao começar a ler, na semana passada, o tal do livro desfolhado. Caiu um cisquinho menor no olho, menos irritante dessa vez. Mas é bom não confundir, moços! Agora é porque eu também quero um cargo público hiper-remunerado.
É, o cara é mestre, o cara é foda. Eu assisti aos três filmes e com a minha santa ignorância (, Batman!), eu nem manjei que o primeiro foi feito baseado no livro do Puzo. Desde então, fiquei um tanto quanto louca pra ler. Acho que do mesmo jeito que eu fiquei quando tinha por que tinha que ler "O amor nos tempos do Cólera" do Márquez, depois que vi o filme, senão o mundo ia se acabar.
São Paulo, maio de 2013. Último dia da viagem, a Luana e eu saímos da Feira da Liberdade e encontramos um sebo maravilhoso. Entre tantos títulos que me passavam pela cabeça procurar e achar, não passava esse. Até que eu vi e minha mão foi guiada instintivamente a ele. Era a escolha primordial e a verba disponível, se fosse pouca pra outro, que fosse só pra ele, não fazia mal.
Até que eu abri as páginas e folheei. O livro estava muito gasto. Não valiam os vinte reais que eu teria dar. E não pelo estado estético dele, mas pelo físico, digamos assim. As folhas estavam caindo todas e eu pensei em desistir da compra, até mais uma outra folheada no começo do livro, onde eu quase ia perdendo essa dedicatória, que sanou todas as minhas dúvidas.
Eu li e a vista consequentemente embaçou, por algum cisco que caiu no olho. Eram tempos de remissão e ainda havia muita sensibilidade nos olhos e creio que em mais outros cantos. E os ciscos eram meio que teimosos.
E me perguntei do porquê de alguém vender a um sebo um livro com uma dedicatória tão especial, tão bonita. E me perguntei onde ficaria a Chico City. E me perguntei por quais caminhos aquele livro já passou até que chegasse em minhas mãos. Aliás, uma pergunta sempre feita aos livros comprados em sebos.
Um coração quebrado? Onde livrar-se das lembranças físicas talvez aliviasse a melancolia das lembranças vívidas de um amor que não durou a eternidade sonhada pelos amantes? Talvez. Sinceramente, tomara que não. Talvez fosse algum desses infortúnios que faz com que percamos coisas que nos são extremamente valiosas, como um empréstimo mal pensado ou uma mudança de endereço. A boa e velha má sorte.
Todos esses pensamentos vieram novamente ao começar a ler, na semana passada, o tal do livro desfolhado. Caiu um cisquinho menor no olho, menos irritante dessa vez. Mas é bom não confundir, moços! Agora é porque eu também quero um cargo público hiper-remunerado.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Uma carta para Janines.
Janine,
Eu abri o blogger pra escrever qualquer coisa relacionada a mim, aos meus sofrimentos presentes, aos possíveis futuros e tudo o mais. Provavelmente eu iria expurgar um monte de coisas que estão aqui, de certo modo, presas. Mas deixa isso um pouquinho pra lá. Eu abri o "site" de novo e lá estava o seu pedido, talvez a sua provocação, de que, se era pra eu escrever, que escrevesse pra ti. E porque não, afinal?
Eu conheço pouco sobre você. Aliás, acho que nada. Talvez só que você é parmerense, faz Direito na mesma Universidade que eu e que é tímida. Tão tímida que foi preciso eu perguntar por você meia centena de vezes quando eu topava com a Amanda e ela me dizia: "A Janine tá estudando/Ela tá na sala/Ela ficou fazendo trabalho" e eu, morta de vergonha por ser uma aluninha medíocre, ficava: "Meu Deus do céu, ô diabo que estuda, nan!"
Creio eu também que tu deva ter lá os seus recém-completados 20 anos. Esse povo entra cada vez mais cedo na Universidade, benzaDeus! Eu não sou muito mais velha do que isso, mas sigo tendo uma impressão danada de que já vivi umas três vidas pra cada ano completado depois dos 20. A vintolescência me deixou mais forte, menos suscetível às dores e mais consciente dos meus movimentos. Eu espero, de coração, que isso aconteça com você também.
Eu tiro por mim. Quem me vê andando serelepe pela rua, não sabe de qualquer agrura que eu já passei. Da única vez que te vi na P.A. do CCHL, só pude perceber que você não olha nos olhos enquanto conversa, mas isso, é claro, era sinal de uma intimidade que não tínhamos e ainda não temos. Te desejo força quando escreves dos desafios acadêmicos, que 2013 anda ruim, que o desgraçamento da cabeça está em níveis estratosféricos, tenha certeza! Muito há de Vida a correr pelas suas veias e muito há de alegria também. Vai na fé, menina. Ela não costuma falhar. (Ok! De vez em quando ela dá umas quebrada e tal, mas...)
Desejo a ti, assim como pra todos os amigos queridos que eu fiz no site, felicidade e paz de espírito. Que pouco lhe falte! ("Que nunca lhe falte" seria um pedido utópico demais). De todas as coisas que nós devemos zelar, a mais importante é ela, que é a que mais faz falta quando se vai. Guarde a sua.
Abraço, querida.
Eu abri o blogger pra escrever qualquer coisa relacionada a mim, aos meus sofrimentos presentes, aos possíveis futuros e tudo o mais. Provavelmente eu iria expurgar um monte de coisas que estão aqui, de certo modo, presas. Mas deixa isso um pouquinho pra lá. Eu abri o "site" de novo e lá estava o seu pedido, talvez a sua provocação, de que, se era pra eu escrever, que escrevesse pra ti. E porque não, afinal?
Eu conheço pouco sobre você. Aliás, acho que nada. Talvez só que você é parmerense, faz Direito na mesma Universidade que eu e que é tímida. Tão tímida que foi preciso eu perguntar por você meia centena de vezes quando eu topava com a Amanda e ela me dizia: "A Janine tá estudando/Ela tá na sala/Ela ficou fazendo trabalho" e eu, morta de vergonha por ser uma aluninha medíocre, ficava: "Meu Deus do céu, ô diabo que estuda, nan!"
Creio eu também que tu deva ter lá os seus recém-completados 20 anos. Esse povo entra cada vez mais cedo na Universidade, benzaDeus! Eu não sou muito mais velha do que isso, mas sigo tendo uma impressão danada de que já vivi umas três vidas pra cada ano completado depois dos 20. A vintolescência me deixou mais forte, menos suscetível às dores e mais consciente dos meus movimentos. Eu espero, de coração, que isso aconteça com você também.
Eu tiro por mim. Quem me vê andando serelepe pela rua, não sabe de qualquer agrura que eu já passei. Da única vez que te vi na P.A. do CCHL, só pude perceber que você não olha nos olhos enquanto conversa, mas isso, é claro, era sinal de uma intimidade que não tínhamos e ainda não temos. Te desejo força quando escreves dos desafios acadêmicos, que 2013 anda ruim, que o desgraçamento da cabeça está em níveis estratosféricos, tenha certeza! Muito há de Vida a correr pelas suas veias e muito há de alegria também. Vai na fé, menina. Ela não costuma falhar. (Ok! De vez em quando ela dá umas quebrada e tal, mas...)
Desejo a ti, assim como pra todos os amigos queridos que eu fiz no site, felicidade e paz de espírito. Que pouco lhe falte! ("Que nunca lhe falte" seria um pedido utópico demais). De todas as coisas que nós devemos zelar, a mais importante é ela, que é a que mais faz falta quando se vai. Guarde a sua.
Abraço, querida.
terça-feira, 6 de agosto de 2013
La chamana de mis dias.
Hoje, aniversário de morte de um ano da minha diva Chavela Vargas. E eu aqui, chorando, com um copo de vinho na mão, escutando suas músicas, porque são viscerais demais, sanguíneas demais, intensas demais, como tudo o que ela sempre foi e representou.
A xamã agora está no seu céu mexicano, dando vivas e se deixando pintar para os retratos de Frida.
As lágrimas são fáceis pra essa canção:
A xamã agora está no seu céu mexicano, dando vivas e se deixando pintar para os retratos de Frida.
As lágrimas são fáceis pra essa canção:
sábado, 3 de agosto de 2013
Há quanto tempo, né?
Tanta coisa que já mudou. Eu nem sei por onde começar e nem sei se devo.
O fato é: eu só estou escrevendo por que algo importante aconteceu. Novamente. E, na verdade, o que está me fazendo sentir coisas nesse momento não foi o que realmente aconteceu (como nunca o é), mas o que eu estou sentindo sobre o fato. Hoje, faleceu alguém que eu odiava bastante. Bastante mesmo. Como eu nunca odiei e nunca serei capaz de odiar a mais alguém na minha vida, espero.
Talvez, pra isso, seja mister explicar algumas coisas: em um dia como esse, há três anos atrás, no começo de agosto, eu estava pra viver um dos piores dias da minha vida. 2010 foi o ano que eu me mudei pra Teresina e o ano que eu comecei a viver mais as coisas que eu sempre soube que poderia, não fossem as amarras que eu mesma me enredava sempre na minha cidade. Dava desculpas à mim mesma por não estar fazendo as coisas que eu queria, por não estar vivendo as experiências que eu queria e sabia que já era tempo de viver. Por vontade, não pelos outros. Ponto.
Vim pra Teresina atrás de um sonho, atrás de um ideal. Mas não só atrás disso: também vim pra Teresina atrás de uma nova vida. Vi essa cidade como um recomeço, uma nova chance, algo melhor. Melhor do que as horas agoniantes que havia vivido a adolescência quase toda, ou a melhor parte dela, ao explodir a grande bomba que ficou estilhaçando minha vida por muito tempo, desde os meus dezesseis anos, aquela que eu não posso deixar de falar nunca: a porra da síndrome do pânico.
E chega a moça serelepe, contente, mas morta de medo. Na cidade onde não tinha um amigo sequer, um conhecido que a valhesse, foi contar com um velho amigo que poderia levar pra onde quisesse: o diário que mantinha desde 2008. Nele, resvalava todas as minhas emoções, todos os meus ódios, meus acontecimentos, minhas iras, meus amores, minhas paixões, minhas taras, meus xingamentos, minhas bênçãos. TUDO. Se há algo de que me orgulho, mesmo depois do que tudo aconteceu, foi o fato de eu ter conseguido ao máximo não filtrar os meus pensamentos - lógico, sempre nos limites da escrita e da rapidez com que a minha mão era capaz de escrever. Nunca pensei em fazer uma versão digital (e mais segura) desse diário. Pra mim era imprescindível o papel pautado em branco e uma caneta com tinta. Eu queria minha letra. Eu queria minha subjetividade riscada ali, eu queria à mim, no que possível fosse da minha totalidade. Tentei.
Consegui até Agosto de 2010.
Na van que me trazia da minha cidade pra cá, mamãe perguntou ao motorista se ele conhecia algum lugar onde nós duas pudéssemos ficar, pelo menos durante a primeira noite que eu passasse aqui. Ele nos indicou uma pensão que ficava perto de onde eu estudo e que, segundo ele, eram de gentes muito boas. Pessoas evangélicas (não vou escrever qualquer juízo de valor sobre isso, pelo menos, não agora), muito respeitáveis e rígidas nas normas, porque não podia ser da "bagunça", claro. Claro.
Nessa época, conheci pessoas maravilhosas. Os amigos que eu fiz lá, apesar de que raramente eu mantenho qualquer contato, ainda me pego pensando no quanto foram essenciais naqueles meses chorados e novos em que eu saí da minha terra, depois de 19 anos morando por lá. Todos estávamos na mesma situação e era natural que todos nos ajudássemos. Obviamente, fui também viver as coisas que eu pretendia viver e que a mim não seriam mais vedadas pela pessoa que mais me impedia, sempre: eu mesma. Saí pra festas, bebi, fiquei bêbada, vomitei, beijei, dancei que me acabei. Mas também fiz amigos, estudei como nunca tinha estudado na minha vida, passei em todas as disciplinas, contornei crises. Enfim... Vivi. E não tinha perdido a minha responsabilidade, meu tino, como muita gente na minha família julgava que eu o faria.
E registrava diariamente nos meus cadernos numerados o que me acontecia, porque sabia que o tempo ia passar e a minha memória nunca foi nada confiável. E pra conseguir também. Sabia que, em qualquer momento que fosse da minha vida, aquelas páginas não me deixariam decepcionadas. Não me deixariam de ouvir. Seriam pacientes com as minhas lamúrias de saudades, minhas paixonites do primeiro período de faculdade, com o mesmo velho amor encarniçado de anos, com as minhas raivas, com qualquer Jamila que ali se apresentasse. Eu trabalhava minhas emoções nele. Eu me resolvia. Tudo na mais plena confiança de que só eu tinha acesso, porque todo mundo sabe que a presença de um observador diminui a espontâneidade de qualquer experimento.
Pois bem. Em Agosto de 2010, eu fui aviltada de uma forma que nunca tinha me acontecido antes. O casal velhinho e respeitável da pensão, estava nada mais nada menos do que lendo o meu diário. Lendo os segredos e as histórias que não pertenciam à mais ninguém, senão a mim. Acharam que, por superiores donos da pensão que eram, poderiam pegar os escritos das pessoas que moravam lá e ler. Isso mesmo: leram. Leram todos os meus segredos e confissões, daquelas que você não conta pro melhor amigo. Invadiram uma esfera muito maior que eu jamais havia deixado ninguém entrar: o profundo do meu íntimo, clandestinamente, sem qualquer permissão e sem qualquer conhecimento. O tempo foi passando e eu fui percebendo que aquelas pessoas que haviam me acolhido tão bem outrora, estavam me tratando deliberadamente mal. Inclusive a própria empregada da casa, que se fazia de minha amiga, conversava comigo como que pra confirmar coisas que eu havia escrito no diário. E a coisa foi chegando a um ponto tão insuportável, que a dona de lá me chamou pra conversar e falou coisas que eu nunca poderia imaginar que ela saberia, porque não tinha como, por outro meio. Basicamente, ela me acusou de várias coisas, me fez várias chantagens veladas, como a de que eu teria que sair de lá. Mal sabia ela que era a coisa que eu mais desejava na minha vida, naqueles momentos. Saí da tal conversa, liguei pra minha mãe e disse tudo o que havia me dito. Sem compressões e sem alívios pra mim, por mais que eu tivesse contando a minha versão. Fui embora de novo pra minha cidade. Voltei com a minha mãe, pra que ela dissesse absolutamente tudo que havia dito pra mim na cara dela, nada mais justo. Fui à Universidade e quando voltei com o coração pesadíssimo pelo resultado da conversa, encontro, atônita, minha mãe me dizendo que ela se recusou a falar qualquer coisa a meu respeito e disse que era pra deixar tudo pra lá. Hoje sei que foi o puro remorso pelo que estavam fazendo comigo. Só que por aí não parou. Começaram a me tratar bem por um tempo, mas eu descobri que estavam falando mal de mim pra MÃE da galera que chegava lá, que já morava comigo. Qual não foi a minha surpresa quando eu tive que mudar de quarto, sendo que eu me dava super bem com as duas outras meninas com quem eu dividia o quarto? Ainda mais sob a ridícula desculpa de que era pra que "as evangélicas ficassem em um quarto e as que não eram, em outro, pra não ter problema". Eu poderia contestar, mas não fiz pra não arrumar mais confusão. Mas eu juro que o dia que eu pensei que eu fosse morrer de ódio foi o dia que eu descobri que o real motivo foi que a mãe de uma das meninas que morava no quarto comigo, ao ouvir o quão "louca" eu era, temia pelo futuro da sua filha ao lado de tão má companhia, olha! E hoje eu me lembro o tanto de vezes em que acolhi a sua filha chorando morta de desesperada por não conseguir passar no vestibular, ou dava conselhos pra que estudasse mais, dentre outras coisas.
Minha vista rodou, escureceu. Eu acho que a minha pressão deve ter baixado nessa hora. O estresse tava alto demais. Pra evitar escândalos, calei toda a raiva que eu tinha dentro, respirei com muita vontade e entrei pro quarto novo, com as novas companheiras e escrevi todo o ódio que havia naquele momento na minha alma. Escrevi todos os xingamentos novos e antigos e creio que ainda inventei alguns. E disso não me arrependo. Da minha esfera íntima, quem tinha o domínio era eu, só quem poderia ter acesso também era eu. E ainda fiz isso pra não evitar mais problemas com aquele povo. Porque não tinha pra onde ir, porque não podia ser expulsa e ter que ligar desesperada pra um "recém-amigo" pra que me desse abrigo à noite, porque não podia ligar pra minha mãe chorando dizendo que tinha esculhambado um povo que me humilhou só porque não concordavam com o modo de viver que eu havia escolhido pra mim. Uma pessoa adulta, com cérebro, que estava tomando decisões. Quem eram eles ou quem era qualquer pessoa pra me falar alguma coisa? Alguém por ali pagava minhas contas, por acaso? E muito além disso: o que eu fazia ou deixava de fazer fora daquele ambiente, não era problema de absolutamente NINGUÉM.
No outro dia, tendo tomado café da manhã com pão e ódio, segui pra minha jornada diária que era das 8 às 18, na Universidade. Eis que no meio da tarde, o meu celular toca de um número desconhecido, mas tava no silencioso e eu não atendi. Tocou várias vezes e todas as chamadas ficaram perdidas. Cheguei lá na pensão, jantei. Tudo muito normalmente, tirando o fato de eu não aguentar nem olhar na cara desse pessoal. Fui pro meu quarto pegar um dinheiro pra ir ao shopping que fica perto de lá, quando sou abordada pela filha deles. Uma mulher que eu julgava ter mais de 30 anos e que morava lá também, ou que, pelo menos, passava uma boa parte do tempo. Me abordou da maneira mais violenta o possível e eu sem entender o porquê daquilo. Quando eu vi algo em suas mãos que fez o meu mundo desmoronar à minha volta: a XEROX do meu diário. Isso mesmo, amiguinhos. Nada mais, nada menos que várias páginas xerocadas do meu diário. Figurando, claro, as ofensas íntimas que eu havia escrito no dia anterior. Porque, logicamente, foram lá dar a lidinha do dia e acharam o que tavam merecendo ouvir. Tivemos uma briga corporal, mesmo com a minha força já perdida, mas mesmo assim eu não consegui recuperar o meu diário. Comecei a gritar e a chorar ao mesmo tempo. A visão ficou embaçada e ela seguia me gritando coisas e mais coisas dizendo coisas como: "Você tem que pedir perdão pra Deus", "Eu vou te processar", dentre outras coisas que o melhor pra minha sanidade não lembrar. E eu gritava e gritava, perguntando porque eles tinham feito aquilo. E tentava reaver meu diário, mas ela não me dava. Fragilizada que eu tava, mal conseguia me manter em pé.
Me empurrou de volta ao quarto que eu estava, com a porta em frente ao que tudo aconteceu. Atirou-me lá dentro e disse, sarcástica: "Olha, não vai dar uma crise não, viu?". Cambaleante, fui tomar um banho. Tirei toda minha roupa e fui pra debaixo do chuveiro. Vomitei todo o meu jantar recém comido (cara, eu podia ter morrido nessa porra, sei lá) e desmaiei em cima dele. Depois de um tempo, acordei e consegui pegar meu celular pra pedir ajuda. Liguei pro pessoal de lá, meus amigos. Uma delas me procurou no quarto e me limpou e me vestiu, também já passando mal pelo susto. Foi quando todo mundo apareceu, depois que ela gritou pela casa pedindo ajuda.
Todos vieram, inclusive quem tinha me causado aquilo. Fui levada pra cama já em crise, sem conseguir enxergar quase nada do mundo, com o meu cérebro totalmente alucinado, com toda aquela sensação escrota que essa merda de doença pode causar numa pessoa. Todas. Todas elas. Pelo menos, todas as que se manifestavam em mim, que botavam pra fuder mesmo com qualquer perspectiva de juízo. Nessa hora, eles ME PERDOARAM, acredita? ME PERDOARAM. Perdoaram pelo quê, meu Deus? Quem fez o mal pra quem? Na cabeça desse povo moralista, que só respeita quem anda na linha que eles traçam pra moças, pras pessoas, pra quem quer que seja, EU tinha errado. Eu tinha errado porque fui colocar a MINHA raiva em um lugar de fala que era só MEU. Do meu mais íntimo. Fora que eu nem falei que à tarde, antes de eu chegar, eles ligaram tocando o terror pra minha mãe, dizendo que iam me expulsar de lá e LERAM minhas confissões e segredos pra ela, como se já não bastasse tudo o que eu já tinha sofrido até então.
Talvez foi a crise mais longa da minha vida. Não dá nem pra colocar tudo, mas o cara pegou um óleo lá e me ungiu, me EXORCIZANDO, tá ligado? Tipo, o cara tava falando que era pro coisa-ruim sair de mim, galerinha do barulho. Meu celular tinha sumido (depois eu descobri que meu pai tinha ligado e que quem atendeu foi a filha deles e disse que EU ESTAVA MUITO BEM, OBRIGADA). Certamente estavam com medo de pra quem eu poderia ligar, quem eu poderia acionar. Mas eles nem precisavam ter ficado preocupados. Eu estava submersa em tanta agonia e sofrimento que até a possibilidade de defesa me foi tirada.
E foi, na minha vida, a maior maldade que pessoas já me fizeram. No outro dia, um amigo foi lá me buscar e eu tive que ser levada ao hospital pra tomar soro. E nunca mais pisei daquele lugar. Saí de lá com a roupa do corpo pra nunca mais voltar, graças a Deus. Alguém tem noção do quanto isso me doeu? Do quanto isso me abalou? Na própria fé que eu tinha das pessoas... Fui pra minha cidade sem saber como eu ia ter coragem de voltar de novo e ficar sem minha família... Alguém tem noção do quanto eu sofri com minha vó me dizendo coisas como se eu mesma tivesse provocado essa situação, como se fosse, de algum modo, legítimo que eles lessem mesmo algo que à eles não pertencia? O quanto eu sofri com a minha mãe realmente achando que eu que estava errada nessa história toda, no final das contas? Quando a moral cristã falou mais alto e eu tive que ouvir de gente que me ama e que eu amo, que eu não deveria ter escrito nada daquilo... Ou que eu deveria ter tomado mais cuidado com o meu diário... Como se fosse possível em um lugar onde não se tinha a menor privacidade e se pagava muito caro por isso.
Tudo doeu e ainda dói. E eu não pude buscar justiça, porque não tive o apoio da família. Quem mais quereria um escândalo, não é mesmo? E também não tinha estruturas físicas e principalmente psicológicas pra passar por isso sozinha. Quantas noites chorei na minha cama por tudo o que isso representou, meu Deus? Quanto de ódio não foi despertado? Eu nunca pensei que pudesse sentir essas sensações ruins que eu senti em relação ao que quer que fosse, imagine à um ser humano. Imagine à um grupo de seres humanos. Nunca pensei, mas eu senti.
Soube, através de um grupo onde fui "jogada" por um outro ex-pensionista, que o cara tava doente, muito doente mesmo. E que hoje, prestes a completar 3 anos daquela desgraça, morreu.
Velho, eu não tô nem aí.
Tanta coisa que já mudou. Eu nem sei por onde começar e nem sei se devo.
O fato é: eu só estou escrevendo por que algo importante aconteceu. Novamente. E, na verdade, o que está me fazendo sentir coisas nesse momento não foi o que realmente aconteceu (como nunca o é), mas o que eu estou sentindo sobre o fato. Hoje, faleceu alguém que eu odiava bastante. Bastante mesmo. Como eu nunca odiei e nunca serei capaz de odiar a mais alguém na minha vida, espero.
Talvez, pra isso, seja mister explicar algumas coisas: em um dia como esse, há três anos atrás, no começo de agosto, eu estava pra viver um dos piores dias da minha vida. 2010 foi o ano que eu me mudei pra Teresina e o ano que eu comecei a viver mais as coisas que eu sempre soube que poderia, não fossem as amarras que eu mesma me enredava sempre na minha cidade. Dava desculpas à mim mesma por não estar fazendo as coisas que eu queria, por não estar vivendo as experiências que eu queria e sabia que já era tempo de viver. Por vontade, não pelos outros. Ponto.
Vim pra Teresina atrás de um sonho, atrás de um ideal. Mas não só atrás disso: também vim pra Teresina atrás de uma nova vida. Vi essa cidade como um recomeço, uma nova chance, algo melhor. Melhor do que as horas agoniantes que havia vivido a adolescência quase toda, ou a melhor parte dela, ao explodir a grande bomba que ficou estilhaçando minha vida por muito tempo, desde os meus dezesseis anos, aquela que eu não posso deixar de falar nunca: a porra da síndrome do pânico.
E chega a moça serelepe, contente, mas morta de medo. Na cidade onde não tinha um amigo sequer, um conhecido que a valhesse, foi contar com um velho amigo que poderia levar pra onde quisesse: o diário que mantinha desde 2008. Nele, resvalava todas as minhas emoções, todos os meus ódios, meus acontecimentos, minhas iras, meus amores, minhas paixões, minhas taras, meus xingamentos, minhas bênçãos. TUDO. Se há algo de que me orgulho, mesmo depois do que tudo aconteceu, foi o fato de eu ter conseguido ao máximo não filtrar os meus pensamentos - lógico, sempre nos limites da escrita e da rapidez com que a minha mão era capaz de escrever. Nunca pensei em fazer uma versão digital (e mais segura) desse diário. Pra mim era imprescindível o papel pautado em branco e uma caneta com tinta. Eu queria minha letra. Eu queria minha subjetividade riscada ali, eu queria à mim, no que possível fosse da minha totalidade. Tentei.
Consegui até Agosto de 2010.
Na van que me trazia da minha cidade pra cá, mamãe perguntou ao motorista se ele conhecia algum lugar onde nós duas pudéssemos ficar, pelo menos durante a primeira noite que eu passasse aqui. Ele nos indicou uma pensão que ficava perto de onde eu estudo e que, segundo ele, eram de gentes muito boas. Pessoas evangélicas (não vou escrever qualquer juízo de valor sobre isso, pelo menos, não agora), muito respeitáveis e rígidas nas normas, porque não podia ser da "bagunça", claro. Claro.
Nessa época, conheci pessoas maravilhosas. Os amigos que eu fiz lá, apesar de que raramente eu mantenho qualquer contato, ainda me pego pensando no quanto foram essenciais naqueles meses chorados e novos em que eu saí da minha terra, depois de 19 anos morando por lá. Todos estávamos na mesma situação e era natural que todos nos ajudássemos. Obviamente, fui também viver as coisas que eu pretendia viver e que a mim não seriam mais vedadas pela pessoa que mais me impedia, sempre: eu mesma. Saí pra festas, bebi, fiquei bêbada, vomitei, beijei, dancei que me acabei. Mas também fiz amigos, estudei como nunca tinha estudado na minha vida, passei em todas as disciplinas, contornei crises. Enfim... Vivi. E não tinha perdido a minha responsabilidade, meu tino, como muita gente na minha família julgava que eu o faria.
E registrava diariamente nos meus cadernos numerados o que me acontecia, porque sabia que o tempo ia passar e a minha memória nunca foi nada confiável. E pra conseguir também. Sabia que, em qualquer momento que fosse da minha vida, aquelas páginas não me deixariam decepcionadas. Não me deixariam de ouvir. Seriam pacientes com as minhas lamúrias de saudades, minhas paixonites do primeiro período de faculdade, com o mesmo velho amor encarniçado de anos, com as minhas raivas, com qualquer Jamila que ali se apresentasse. Eu trabalhava minhas emoções nele. Eu me resolvia. Tudo na mais plena confiança de que só eu tinha acesso, porque todo mundo sabe que a presença de um observador diminui a espontâneidade de qualquer experimento.
Pois bem. Em Agosto de 2010, eu fui aviltada de uma forma que nunca tinha me acontecido antes. O casal velhinho e respeitável da pensão, estava nada mais nada menos do que lendo o meu diário. Lendo os segredos e as histórias que não pertenciam à mais ninguém, senão a mim. Acharam que, por superiores donos da pensão que eram, poderiam pegar os escritos das pessoas que moravam lá e ler. Isso mesmo: leram. Leram todos os meus segredos e confissões, daquelas que você não conta pro melhor amigo. Invadiram uma esfera muito maior que eu jamais havia deixado ninguém entrar: o profundo do meu íntimo, clandestinamente, sem qualquer permissão e sem qualquer conhecimento. O tempo foi passando e eu fui percebendo que aquelas pessoas que haviam me acolhido tão bem outrora, estavam me tratando deliberadamente mal. Inclusive a própria empregada da casa, que se fazia de minha amiga, conversava comigo como que pra confirmar coisas que eu havia escrito no diário. E a coisa foi chegando a um ponto tão insuportável, que a dona de lá me chamou pra conversar e falou coisas que eu nunca poderia imaginar que ela saberia, porque não tinha como, por outro meio. Basicamente, ela me acusou de várias coisas, me fez várias chantagens veladas, como a de que eu teria que sair de lá. Mal sabia ela que era a coisa que eu mais desejava na minha vida, naqueles momentos. Saí da tal conversa, liguei pra minha mãe e disse tudo o que havia me dito. Sem compressões e sem alívios pra mim, por mais que eu tivesse contando a minha versão. Fui embora de novo pra minha cidade. Voltei com a minha mãe, pra que ela dissesse absolutamente tudo que havia dito pra mim na cara dela, nada mais justo. Fui à Universidade e quando voltei com o coração pesadíssimo pelo resultado da conversa, encontro, atônita, minha mãe me dizendo que ela se recusou a falar qualquer coisa a meu respeito e disse que era pra deixar tudo pra lá. Hoje sei que foi o puro remorso pelo que estavam fazendo comigo. Só que por aí não parou. Começaram a me tratar bem por um tempo, mas eu descobri que estavam falando mal de mim pra MÃE da galera que chegava lá, que já morava comigo. Qual não foi a minha surpresa quando eu tive que mudar de quarto, sendo que eu me dava super bem com as duas outras meninas com quem eu dividia o quarto? Ainda mais sob a ridícula desculpa de que era pra que "as evangélicas ficassem em um quarto e as que não eram, em outro, pra não ter problema". Eu poderia contestar, mas não fiz pra não arrumar mais confusão. Mas eu juro que o dia que eu pensei que eu fosse morrer de ódio foi o dia que eu descobri que o real motivo foi que a mãe de uma das meninas que morava no quarto comigo, ao ouvir o quão "louca" eu era, temia pelo futuro da sua filha ao lado de tão má companhia, olha! E hoje eu me lembro o tanto de vezes em que acolhi a sua filha chorando morta de desesperada por não conseguir passar no vestibular, ou dava conselhos pra que estudasse mais, dentre outras coisas.
Minha vista rodou, escureceu. Eu acho que a minha pressão deve ter baixado nessa hora. O estresse tava alto demais. Pra evitar escândalos, calei toda a raiva que eu tinha dentro, respirei com muita vontade e entrei pro quarto novo, com as novas companheiras e escrevi todo o ódio que havia naquele momento na minha alma. Escrevi todos os xingamentos novos e antigos e creio que ainda inventei alguns. E disso não me arrependo. Da minha esfera íntima, quem tinha o domínio era eu, só quem poderia ter acesso também era eu. E ainda fiz isso pra não evitar mais problemas com aquele povo. Porque não tinha pra onde ir, porque não podia ser expulsa e ter que ligar desesperada pra um "recém-amigo" pra que me desse abrigo à noite, porque não podia ligar pra minha mãe chorando dizendo que tinha esculhambado um povo que me humilhou só porque não concordavam com o modo de viver que eu havia escolhido pra mim. Uma pessoa adulta, com cérebro, que estava tomando decisões. Quem eram eles ou quem era qualquer pessoa pra me falar alguma coisa? Alguém por ali pagava minhas contas, por acaso? E muito além disso: o que eu fazia ou deixava de fazer fora daquele ambiente, não era problema de absolutamente NINGUÉM.
No outro dia, tendo tomado café da manhã com pão e ódio, segui pra minha jornada diária que era das 8 às 18, na Universidade. Eis que no meio da tarde, o meu celular toca de um número desconhecido, mas tava no silencioso e eu não atendi. Tocou várias vezes e todas as chamadas ficaram perdidas. Cheguei lá na pensão, jantei. Tudo muito normalmente, tirando o fato de eu não aguentar nem olhar na cara desse pessoal. Fui pro meu quarto pegar um dinheiro pra ir ao shopping que fica perto de lá, quando sou abordada pela filha deles. Uma mulher que eu julgava ter mais de 30 anos e que morava lá também, ou que, pelo menos, passava uma boa parte do tempo. Me abordou da maneira mais violenta o possível e eu sem entender o porquê daquilo. Quando eu vi algo em suas mãos que fez o meu mundo desmoronar à minha volta: a XEROX do meu diário. Isso mesmo, amiguinhos. Nada mais, nada menos que várias páginas xerocadas do meu diário. Figurando, claro, as ofensas íntimas que eu havia escrito no dia anterior. Porque, logicamente, foram lá dar a lidinha do dia e acharam o que tavam merecendo ouvir. Tivemos uma briga corporal, mesmo com a minha força já perdida, mas mesmo assim eu não consegui recuperar o meu diário. Comecei a gritar e a chorar ao mesmo tempo. A visão ficou embaçada e ela seguia me gritando coisas e mais coisas dizendo coisas como: "Você tem que pedir perdão pra Deus", "Eu vou te processar", dentre outras coisas que o melhor pra minha sanidade não lembrar. E eu gritava e gritava, perguntando porque eles tinham feito aquilo. E tentava reaver meu diário, mas ela não me dava. Fragilizada que eu tava, mal conseguia me manter em pé.
Me empurrou de volta ao quarto que eu estava, com a porta em frente ao que tudo aconteceu. Atirou-me lá dentro e disse, sarcástica: "Olha, não vai dar uma crise não, viu?". Cambaleante, fui tomar um banho. Tirei toda minha roupa e fui pra debaixo do chuveiro. Vomitei todo o meu jantar recém comido (cara, eu podia ter morrido nessa porra, sei lá) e desmaiei em cima dele. Depois de um tempo, acordei e consegui pegar meu celular pra pedir ajuda. Liguei pro pessoal de lá, meus amigos. Uma delas me procurou no quarto e me limpou e me vestiu, também já passando mal pelo susto. Foi quando todo mundo apareceu, depois que ela gritou pela casa pedindo ajuda.
Todos vieram, inclusive quem tinha me causado aquilo. Fui levada pra cama já em crise, sem conseguir enxergar quase nada do mundo, com o meu cérebro totalmente alucinado, com toda aquela sensação escrota que essa merda de doença pode causar numa pessoa. Todas. Todas elas. Pelo menos, todas as que se manifestavam em mim, que botavam pra fuder mesmo com qualquer perspectiva de juízo. Nessa hora, eles ME PERDOARAM, acredita? ME PERDOARAM. Perdoaram pelo quê, meu Deus? Quem fez o mal pra quem? Na cabeça desse povo moralista, que só respeita quem anda na linha que eles traçam pra moças, pras pessoas, pra quem quer que seja, EU tinha errado. Eu tinha errado porque fui colocar a MINHA raiva em um lugar de fala que era só MEU. Do meu mais íntimo. Fora que eu nem falei que à tarde, antes de eu chegar, eles ligaram tocando o terror pra minha mãe, dizendo que iam me expulsar de lá e LERAM minhas confissões e segredos pra ela, como se já não bastasse tudo o que eu já tinha sofrido até então.
Talvez foi a crise mais longa da minha vida. Não dá nem pra colocar tudo, mas o cara pegou um óleo lá e me ungiu, me EXORCIZANDO, tá ligado? Tipo, o cara tava falando que era pro coisa-ruim sair de mim, galerinha do barulho. Meu celular tinha sumido (depois eu descobri que meu pai tinha ligado e que quem atendeu foi a filha deles e disse que EU ESTAVA MUITO BEM, OBRIGADA). Certamente estavam com medo de pra quem eu poderia ligar, quem eu poderia acionar. Mas eles nem precisavam ter ficado preocupados. Eu estava submersa em tanta agonia e sofrimento que até a possibilidade de defesa me foi tirada.
E foi, na minha vida, a maior maldade que pessoas já me fizeram. No outro dia, um amigo foi lá me buscar e eu tive que ser levada ao hospital pra tomar soro. E nunca mais pisei daquele lugar. Saí de lá com a roupa do corpo pra nunca mais voltar, graças a Deus. Alguém tem noção do quanto isso me doeu? Do quanto isso me abalou? Na própria fé que eu tinha das pessoas... Fui pra minha cidade sem saber como eu ia ter coragem de voltar de novo e ficar sem minha família... Alguém tem noção do quanto eu sofri com minha vó me dizendo coisas como se eu mesma tivesse provocado essa situação, como se fosse, de algum modo, legítimo que eles lessem mesmo algo que à eles não pertencia? O quanto eu sofri com a minha mãe realmente achando que eu que estava errada nessa história toda, no final das contas? Quando a moral cristã falou mais alto e eu tive que ouvir de gente que me ama e que eu amo, que eu não deveria ter escrito nada daquilo... Ou que eu deveria ter tomado mais cuidado com o meu diário... Como se fosse possível em um lugar onde não se tinha a menor privacidade e se pagava muito caro por isso.
Tudo doeu e ainda dói. E eu não pude buscar justiça, porque não tive o apoio da família. Quem mais quereria um escândalo, não é mesmo? E também não tinha estruturas físicas e principalmente psicológicas pra passar por isso sozinha. Quantas noites chorei na minha cama por tudo o que isso representou, meu Deus? Quanto de ódio não foi despertado? Eu nunca pensei que pudesse sentir essas sensações ruins que eu senti em relação ao que quer que fosse, imagine à um ser humano. Imagine à um grupo de seres humanos. Nunca pensei, mas eu senti.
Soube, através de um grupo onde fui "jogada" por um outro ex-pensionista, que o cara tava doente, muito doente mesmo. E que hoje, prestes a completar 3 anos daquela desgraça, morreu.
Velho, eu não tô nem aí.
sábado, 4 de maio de 2013
A paz
2 de Maio de 2013, às 16:33.
O meu coração dói, mas está em paz. Incrível isso, sabe? O último texto que eu escrevi nessa cadernetinha, sentada na praça de um outro shopping, meu coração não podia se suportar de tanto peso. E agora que está tudo acabado, que decidimos que o melhor é cada um seguir o seu rumo, já que ele não pode me oferecer o que eu queria demais, meu coração está leve. Muitíssimo mais leve de quando esteve quando se terminou pela primeira vez.
Não sei. Estou triste, é claro, mas eu consigo. Quero dizer, estou conseguindo manter-me no meu eixo. As alterações continuam as mesmas, no entanto: sem apetite e agora uma outra muito estranha: só consigo dormir até às seis da manhã, mesmo tendo indo dormir tardíssimo. Fico insistindo até pegar no sono novamente, o que leva umas duas, três horas. Desde a terça. É louco, isso.
(...)
Lamento que terminou, lamento que vamos nos perder, lamento que não serei eu a ajudá-lo a superar os seus medos, os receios, os traumas. Pena muito grande que não serei eu a quebrar o ciclo que ele se enreda todas as vezes. Infelizmente. Por que, por mais que desejasse ardentemente usar toda a minha capacidade pra fazê-lo feliz, era necessário que ele quisesse isso primeiro. Tentar embarcar nessa comigo e ver como as coisas podiam (e seriam, forçosamente) ser diferentes dessa vez.
Mas como eu já tinha visto, os quereres não estavam mais sincronizados e foi aí que se deu o "problema". Enfim... Que bom que se era mesmo pra que isso acontecesse, que foi da forma que foi. Tudo muito conversado, com a verdade que nos devíamos e com o afeto demonstrado na preocupação mútua, evidente e sincera com os nossos sentimentos.
Talvez eu consiga achar um lugar tranquilo pra ele no meu coração. Que haja paz pra mim em relação a ele; que nunca me doa ao vê-lo viver as coisas que ele precisa viver com quem ele precisa viver, com as novas histórias que ele precisa compreender que vão acontecer pra que o ciclo que ele temia se repetir comigo não se repita com quem há de fazê-lo feliz. Marcado já está, mas peço à Vida: que não fique indelével.
E que a Vida, essa louca que me faz de todas, me traga o amor que seja possível, que seja bonito e que seja leve e ao mesmo intenso, como foi aquele Janeiro maravilhoso que eu nunca achei que fosse viver. Ou pensei que estivesse longe demais.
O tempo não foi o errado. Pelo menos não pra mim. rs
E, apesar de uma certa dose de tristeza que é impossível de não ter, a Vida acabou atendendo um dos meus pedidos: que se não fosse pra ser, que eu deixasse ir em paz.
Obrigada, Vida, pela paz.
17:14. Na caderneta.
O meu coração dói, mas está em paz. Incrível isso, sabe? O último texto que eu escrevi nessa cadernetinha, sentada na praça de um outro shopping, meu coração não podia se suportar de tanto peso. E agora que está tudo acabado, que decidimos que o melhor é cada um seguir o seu rumo, já que ele não pode me oferecer o que eu queria demais, meu coração está leve. Muitíssimo mais leve de quando esteve quando se terminou pela primeira vez.
Não sei. Estou triste, é claro, mas eu consigo. Quero dizer, estou conseguindo manter-me no meu eixo. As alterações continuam as mesmas, no entanto: sem apetite e agora uma outra muito estranha: só consigo dormir até às seis da manhã, mesmo tendo indo dormir tardíssimo. Fico insistindo até pegar no sono novamente, o que leva umas duas, três horas. Desde a terça. É louco, isso.
(...)
Lamento que terminou, lamento que vamos nos perder, lamento que não serei eu a ajudá-lo a superar os seus medos, os receios, os traumas. Pena muito grande que não serei eu a quebrar o ciclo que ele se enreda todas as vezes. Infelizmente. Por que, por mais que desejasse ardentemente usar toda a minha capacidade pra fazê-lo feliz, era necessário que ele quisesse isso primeiro. Tentar embarcar nessa comigo e ver como as coisas podiam (e seriam, forçosamente) ser diferentes dessa vez.
Mas como eu já tinha visto, os quereres não estavam mais sincronizados e foi aí que se deu o "problema". Enfim... Que bom que se era mesmo pra que isso acontecesse, que foi da forma que foi. Tudo muito conversado, com a verdade que nos devíamos e com o afeto demonstrado na preocupação mútua, evidente e sincera com os nossos sentimentos.
Talvez eu consiga achar um lugar tranquilo pra ele no meu coração. Que haja paz pra mim em relação a ele; que nunca me doa ao vê-lo viver as coisas que ele precisa viver com quem ele precisa viver, com as novas histórias que ele precisa compreender que vão acontecer pra que o ciclo que ele temia se repetir comigo não se repita com quem há de fazê-lo feliz. Marcado já está, mas peço à Vida: que não fique indelével.
E que a Vida, essa louca que me faz de todas, me traga o amor que seja possível, que seja bonito e que seja leve e ao mesmo intenso, como foi aquele Janeiro maravilhoso que eu nunca achei que fosse viver. Ou pensei que estivesse longe demais.
O tempo não foi o errado. Pelo menos não pra mim. rs
E, apesar de uma certa dose de tristeza que é impossível de não ter, a Vida acabou atendendo um dos meus pedidos: que se não fosse pra ser, que eu deixasse ir em paz.
Obrigada, Vida, pela paz.
17:14. Na caderneta.
domingo, 21 de abril de 2013
Carta privada para ninguém em particular.
Os
teus amores me envolvem e parece que nunca serei capaz de sair do teu peito.
De
ti, eu só tenho uma certeza: tua presença é um alento e um vício incalculável.
Ainda encontrarei prazer melhor que o de me ver em teus braços? Que o de passar
as mãos pelos teus cabelos e tu virar a cabeça pra que minhas unhas cocem-na
toda? Que o de te beijar lentamente, depois da saciedade maior? Que o de ver o
seu rosto tão lindo e tão absurdamente encantador quando se crispa, num êxtase?
Eu,
mais uma vez, não sei explicar. Mas quando eu abri os olhos, e estava lá,
também de olhos abertos, olhando em direção aos meus, pareceu que um raio me
atingiu em cheio. Não aguentei e fechei os olhos. Ficar com aqueles olhos me
encarando me faria dizer coisas que ainda quero guardar. Ainda é preciso.
Mas
não há mais jeito, não há mais escapatória. Meu coração há de sempre se lembrar
dessas sensações correspondidas. As mãos puderam, finalmente, se entrelaçar e
as histórias e risadas, finalmente acontecem, como eu sempre desejei.
Eu
queria dizer tudo, eu queria que já fosse permitido. rs
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Outra dessas
Os dedos descalços
E os pés flutuando
Caminhando inertes
E sem direção.
Os dedos descalços
Os dedos tateam
As nuvens secretas
Em extenso algodão
As mãos compreendem
O vasto segredo
Repleto de noites
E transpiração
As mãos compreendem
As mãos tateam
Tateam caminhos
Do que há de paixão.
0:34 - 17/04/13
Em mais uma pausa pra respirar.
E os pés flutuando
Caminhando inertes
E sem direção.
Os dedos descalços
Os dedos tateam
As nuvens secretas
Em extenso algodão
As mãos compreendem
O vasto segredo
Repleto de noites
E transpiração
As mãos compreendem
As mãos tateam
Tateam caminhos
Do que há de paixão.
0:34 - 17/04/13
Em mais uma pausa pra respirar.
terça-feira, 9 de abril de 2013
Os direitos [2]
Esperando da vida a oportunidade do abraço sem medos. Do enlace tranquilo. Esperando da vida que o alvo dos meus desejos veja que a história é nova, que tudo é novo e que nada mais poderá se repetir, mesmo que assim pareça. Estou dando de mim o que eu pensei que não daria: um pedaço do meu medo (aquele medo normal), pra saber se tem coragem. Esperando novamente que a saudade venha e nos cobre os seus direitos, porque ela cobra, sem qualquer dúvida. E esperando que essa espera não seja vã ou tola como já foi um dia. E tendo a consciência intranquila de que a espera não pode ser demorada demais, por que o meu medo é precioso demais pra que eu dê por muito tempo. É muito de mim. Quero, porque quero e preciso como eu ainda não havia precisado (ou como não sabia que precisava).
Espero que não se furte da felicidade que eu quero tanto dar, mas isso
precisa ser querido também. Por muitos anos eu dediquei amor unilateralmente.
Eu gostaria muito que, dessa vez, os quereres se ressincronizassem, que os
medos fossem superados e que nós pudéssemos viver em plenitude esse nosso
tempo, esse momento em especial, que eu temo que passe e nós nos percamos pra
sempre, como eu já vi acontecer, como eu já fiz acontecer.
Vida, louca e querida, te deixo mais um pedido, mais um dentre todos os
guardados que eu tenho no coração: que o nosso tempo não passe e que a vontade
seja tão grande que suplante o medo.
("E quantos segredos trazem o coração de uma mulher?" Perguntou Zé Ramalho.)
08/04/13 – às 11:42. Uma pausa pra pôr pra fora.
sexta-feira, 15 de março de 2013
Às vezes eu fico me lembrando de como as coisas eram diferentes há um
tempo atrás. Não há tão pouco tempo assim, levando em consideração os
aspectos mais gerais da minha vida. E, não sei porque diabos, vim me
lembrar de como era quando eu tinha os meus diários. Aquelas páginas em
branco, cheias de privilégios, já que elas eram praticamente as únicas
que me viam inteiramente. Ali o espelho era total. Depois que muita
coisa aconteceu, nunca mais consegui um espelho tão definitivo quanto
aquele. Nunca mais soube como era, de verdade, estar sufocada por uma
situação durante o dia e saber, ter a certeza mais plena e absoluta, que
as suas próprias palavras iam servir como o bálsamo pra deixar que a
noite viesse sem maiores sobressaltos.
E eu só me lembrei disso, porque hoje foi um desses dias em que eu estive sufocada. Não durante o dia inteiro, ainda bem. Mas em uma parte considerável dele e, pra mim, na parte mais crítica: durante a noite. De repente, acontece algo que te leva há alguns dias atrás e te lembra de uma dorzinha que esteve ali e que você viu que não foi embora. Vulcões não se revolvem tão facilmente, como no mundinho minúsculo do Pequeno Príncipe.
Essa dor, por mais irracional que tenha sido e por mais que eu saiba que não darei qualquer tipo de prosseguimento a ela, me deixou a par da minha situação: ainda vulnerável às expectativas. Ainda querendo alcançar uma serenidade que eu queria que fosse como a sua natureza pede: natural. Algo que continuasse comigo mais tempo, nesses tempos. Só que aí a gente se lembra que não seria quem é se não fosse a falta dela nesses tempos, né?
Tô falando muito em código, né? Eu sei.
Eu realmente não sei há quanto tempo eu sou blogueira daqui da Liga. Lembro só que os meus primeiros textos eram muito pífios. Daquela menina de dezoito anos que queria escrever, que achava bonito, mas que não fazia isso muitas vezes. O que dava aos meus textos um certo provincianismo e uma lógica meio furada de que eu precisava copiar o estilo de alguém. Hoje eu sei que posso não ser lá essas coisas, mas as coisas que eu escrevo, estão muito mais conscientes, pelo menos. A temporada de visita diária ao meu íntimo de mais de dois anos, me trouxe resultados surpreendentes e me deixou ciente de que sempre eu poderia me desvendar, com um texto ou dois. Que eu poderia, se não resolver, pelo menos compreender o que está se passando e racionalizar uma solução viável pra parar de doer. Sempre dava certo.
Hoje, por mais que eu saiba que vai parar de doer aquela dorzinha em particular, por algo que eu já havia perdoado, eu sei que hoje, especificamente hoje, isso está me incomodando. E outras questões surgem, sempre ligadas às expectativas que eu não sei deixar de fazer sobre o futuro, por mais que eu tente sempre me policiar em relação a isso. Viver mais o momento e deixar o depois pra depois mesmo.
É complicado... Sempre soube o que fazer quando era só eu. Mas nunca foi só eu, né, Jamila? Sempre havia algo ou alguém na vida. Eu não sou uma ilha. rs
Enfim, muito mais desabafo comigo mesma (já que eu sei que quase ninguém vai ler o que tá aqui mesmo) do que qualquer outra coisa. Eu sei que sensações vão passar por mim. Eu sei que isso vai passar, mas eu espero que logo. Respiro profundo e entendo que coisas boas estão só à minha espera e que essa insegurança não pode levar ninguém a nada. Um pouquinho de tristeza nunca matou ninguém (sendo só um pouquinho!).
Ah, outra coisa: PUTA QUE PARIU, como eu tô com saudades da minha mãe. Se eu chorar hoje à noite, vai ser por causa da falta dela. Eu só queria um abraço dela. Eita porra, dela e da minha vó. Do meu pai. Do meu irmão. Dos meus primos pequenos, da bebê. Isso me ajudaria a aliviar um pouco a alma, hoje.
Já respiro melhor agora. Já posso dormir melhor agora. (Se o calor deixar, é claro!)
E eu só me lembrei disso, porque hoje foi um desses dias em que eu estive sufocada. Não durante o dia inteiro, ainda bem. Mas em uma parte considerável dele e, pra mim, na parte mais crítica: durante a noite. De repente, acontece algo que te leva há alguns dias atrás e te lembra de uma dorzinha que esteve ali e que você viu que não foi embora. Vulcões não se revolvem tão facilmente, como no mundinho minúsculo do Pequeno Príncipe.
Essa dor, por mais irracional que tenha sido e por mais que eu saiba que não darei qualquer tipo de prosseguimento a ela, me deixou a par da minha situação: ainda vulnerável às expectativas. Ainda querendo alcançar uma serenidade que eu queria que fosse como a sua natureza pede: natural. Algo que continuasse comigo mais tempo, nesses tempos. Só que aí a gente se lembra que não seria quem é se não fosse a falta dela nesses tempos, né?
Tô falando muito em código, né? Eu sei.
Eu realmente não sei há quanto tempo eu sou blogueira daqui da Liga. Lembro só que os meus primeiros textos eram muito pífios. Daquela menina de dezoito anos que queria escrever, que achava bonito, mas que não fazia isso muitas vezes. O que dava aos meus textos um certo provincianismo e uma lógica meio furada de que eu precisava copiar o estilo de alguém. Hoje eu sei que posso não ser lá essas coisas, mas as coisas que eu escrevo, estão muito mais conscientes, pelo menos. A temporada de visita diária ao meu íntimo de mais de dois anos, me trouxe resultados surpreendentes e me deixou ciente de que sempre eu poderia me desvendar, com um texto ou dois. Que eu poderia, se não resolver, pelo menos compreender o que está se passando e racionalizar uma solução viável pra parar de doer. Sempre dava certo.
Hoje, por mais que eu saiba que vai parar de doer aquela dorzinha em particular, por algo que eu já havia perdoado, eu sei que hoje, especificamente hoje, isso está me incomodando. E outras questões surgem, sempre ligadas às expectativas que eu não sei deixar de fazer sobre o futuro, por mais que eu tente sempre me policiar em relação a isso. Viver mais o momento e deixar o depois pra depois mesmo.
É complicado... Sempre soube o que fazer quando era só eu. Mas nunca foi só eu, né, Jamila? Sempre havia algo ou alguém na vida. Eu não sou uma ilha. rs
Enfim, muito mais desabafo comigo mesma (já que eu sei que quase ninguém vai ler o que tá aqui mesmo) do que qualquer outra coisa. Eu sei que sensações vão passar por mim. Eu sei que isso vai passar, mas eu espero que logo. Respiro profundo e entendo que coisas boas estão só à minha espera e que essa insegurança não pode levar ninguém a nada. Um pouquinho de tristeza nunca matou ninguém (sendo só um pouquinho!).
Ah, outra coisa: PUTA QUE PARIU, como eu tô com saudades da minha mãe. Se eu chorar hoje à noite, vai ser por causa da falta dela. Eu só queria um abraço dela. Eita porra, dela e da minha vó. Do meu pai. Do meu irmão. Dos meus primos pequenos, da bebê. Isso me ajudaria a aliviar um pouco a alma, hoje.
Já respiro melhor agora. Já posso dormir melhor agora. (Se o calor deixar, é claro!)
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
"E no meio de tanta gente, eu encontrei você..."
... E foi a coisa mais maravilhosa que poderia ter me acontecido. Chegou num momento da minha vida onde o que vivemos já não passava de uma esperança já se borrando no ar e a minha irritação com a Louca da Vida era visível e resistente. Claro, eu era feliz antes de ti. Claro, eu serei depois de ti. Mas fui tão mais feliz enquanto você, que os sentidos só me oferecem pontadas doloridas por toda a parte, por toda a pele. Onde nos tocamos. E nos tocamos demais.
Falou comigo hoje, e o meu corpo me respondeu ao seu nome com um arrepio frio na coluna, coisa que eu não sentia há tempos por ninguém. Talvez porque a Vida, essa entidade sem freios, a quem não ensinaram os nãos, enviou o moço pra me lembrar que eu ainda estava aqui, que ainda podia sentir cada coisinha dessas que sentem os apaixonados. Inclusive que eu teria esses ímpetos de escrever uma poesia louca na apostila, enquanto o professor dava um assunto novo e importante. Inclusive que eu poderia rir mais do meu riso, com uma intensidade bem maior, com um prazer bem, mas bem maior que o de sempre.
Veio como um furacão na minha vida, como todo o clichê de apaixonados... Naturalmente, como todo furacão, deixou as marcas quando desceu da minha cama e bebeu a água da geladeira que eu comprei pra que ele bebesse água gelada comigo da última vez. (Não só por isso, é claro! rs) Mas as marcas que me deixou, foram as melhores que um furacão poderia deixar.
Com a sua chegada tão inesperada, eu entendi que pras coisas não-pragmáticas da nossa vida, é melhor deixar que elas venham até nós. Como as músicas, as poesias e as paixões. Como o vento no rosto em uma tarde nublada... É igualável ao vento de um ventilador? É igualável ao vento de um abano? É sempre melhor que venha por si só, ao natural, à negligé (como os cabelos despenteados d'A Moreninha). Eu vi que eu realmente precisava ser mais serena. Em algum momento, coisas aconteceriam, quando estivessem na hora. Aconteceram, de fato.
Me deixou mais segura de mim, do meu poder feminino, da minha beleza, da minha personalidade e do meu caráter e sensibilidade. Com ele, eu provei que eu também sei estar com alguém, coisa que eu sempre tive bastante medo, justamente por nunca ter tido isso. Os meus medos foram infundados, graças a Deus. Também é saudável pra mim. Também é normal pra mim.
O moço apareceu e passou pelas minhas inúmeras barreiras como se elas nem existissem, sem um pingo de esforço. Apenas porque era assim o que foi. E como não ser eternamente grata à ele por isso? Por ter me feito entender, talvez sem saber, que o tempo ainda seria grato a mim, também.
Abri mão, não do que vivemos, não das minhas lembranças, não do afeto. Abri mão de um futuro nebuloso pra mim, que já estava entregue. Abri mão de muito, mas sabendo que era preciso. Conscientemente, aceitar esse futuro nebuloso, já seria a parte que me cabia do fado. E, conscientemente, eu não aceito fados que não são meus.
Talvez nós ainda nos encontremos na vida. Eu disse que se tudo estivesse certo, eu ainda o quereria. Talvez esteja, mas eu preciso saber que talvez não. Talvez a gente ainda viva pequenas doses de certas coisas, talvez não. Talvez a gente consiga de novo toda aquela intensidade que a gente teve, acrescida da saudade lancinante que me queimou no peito a vontade de dizer: "Não, não vai mais. Volta aqui. Esquece o que eu falei... Vem e faz amor comigo agora." rs
Vai tudo voltar aos seus eixos. Vai tudo voltar à normalidade. E eu vou voltar a esse eixo muito melhor, muito mais madura e muito mais feliz. Eu tenho certeza que sim. Por que é isso que acontece na minha vida, sempre. A certeza maior é que sempre vão vir intempéries, mas sempre virá a bonança. Eu apenas sei. Internalizei demais isso, ainda bem.
E, sem saber da ironia da situação, a música que me exaure os sentidos desde que a escutei a primeira vez, é a Ancora qui, que eu não achava nunca a tradução do italiano pro português. Achei pro inglês e li, quase sem acreditar, que ela é "Still here". rs
Talvez eu nem devesse estar escrevendo isso aqui. Mas eu quis e já me neguei demais pra essa semana.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Sei que devo ir
Não sei como vou
Nem com quem
Nem quando
Nem de onde sairei
Mas sei que devo.
É que sei que já andei tanto
E tanto isso me pesa
Que parece curvar minha jovem coluna
Por isso sei que tenho que ir.
Sim, será mais um caminho
Você pensará!
Mas o caminho será mais leve agora.
Que me perdoe o meu passado que me fez
As horas afogadas
Os beijos não dados
E os amores que não vivi
Os que vivi também, aliás.
Que ponham nessa conta também os de longe,
os esquecidos,
os venerados
e, finalmente, o eterno.
Que me perdoe o meu presente
Que me constrói todos os dias
E me resguarda dos percalços.
Você talvez não acredite
Mas em todos esses anos
A única coisa que fiz
Foi forrar-me de luz
E talvez acredite menos ainda
Que, para o caminho pretendido
Apenas isso me serve
Porque mais vida,
Muito, muito mais vida
É o que me espera.
Não sei como vou
Nem com quem
Nem quando
Nem de onde sairei
Mas sei que devo.
É que sei que já andei tanto
E tanto isso me pesa
Que parece curvar minha jovem coluna
Por isso sei que tenho que ir.
Sim, será mais um caminho
Você pensará!
Mas o caminho será mais leve agora.
Que me perdoe o meu passado que me fez
As horas afogadas
Os beijos não dados
E os amores que não vivi
Os que vivi também, aliás.
Que ponham nessa conta também os de longe,
os esquecidos,
os venerados
e, finalmente, o eterno.
Que me perdoe o meu presente
Que me constrói todos os dias
E me resguarda dos percalços.
Você talvez não acredite
Mas em todos esses anos
A única coisa que fiz
Foi forrar-me de luz
E talvez acredite menos ainda
Que, para o caminho pretendido
Apenas isso me serve
Porque mais vida,
Muito, muito mais vida
É o que me espera.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Dele.
São dois pássaros que dançam
a mesma música.
São dois pássaros que voam
na mesma corrente.
São dois pássaros que bebem
da mesma fonte.
São dois corpos nus,
Entrelaçados,
no quarto pequeno,
no meio da noite
e no começo do infinito.
a mesma música.
São dois pássaros que voam
na mesma corrente.
São dois pássaros que bebem
da mesma fonte.
São dois corpos nus,
Entrelaçados,
no quarto pequeno,
no meio da noite
e no começo do infinito.
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