Bacabal, 25 de Outubro de 2009.
Deve ser 1:00 hr de 26.
Apesar de eu sentir-me tentada muitas vezes a acreditar no "destino", quando paro pra pensar racionalmente (sim, porque se pode pensar com a emoção também), vejo que o mesmo não existe. Bom, não é que não exista de fato. Pode até existir, mas tenho que admitir que nossas decisões são o nosso destino. Tenta-me muito mesmo pensar "que estava tudo escrito", mas não está. Não está!
Ah, outra coisa: se pode mudar. E como se pode mudar. Veja a sua vida de dez anos atrás e repare em quantas coisas mudaram desde então, tantas que você nem imaginava. E em tantos aspectos...
Muitas pessoas acham que existe uma "natureza interna" da qual não se pode fugir. Bom, não sou profunda conhecedora do ser humano, mas se existe uma boa desculpa no mundo é a que: "não pude fugir da minha natureza... Foi mais forte do que eu"!
Nunca ninguém pode saber o que teria acontecido. Só se podem fazer especulações. Existem coisas que para o conhecimento, apenas a vivência é capaz de ensinar.
Bom, como se pode mudar, não podemos dizer que algo seja eterno. Podemos supor que seja - em alguns casos, torcer - mas sempre caímos na mesma teia de nossas esperanças que nos castigam quando não se concretizam, pois poucas coisas no mundo são mais tristes do que esperar o que, simplesmente, não vai chegar. Mas ao mesmo tempo, também existem sentimentos incrustados. Pessoas incrustadas, tal flepa na carne. Coisas que dão a sensação de que não vão curar.
Também não quero dar a impressão de que tudo seja efêmero. Algumas coisas realmente duram muito, duram mesmo pra sempre, pro nosso sempre, que é até a hora derradeira. O que eu quero dizer é que não podemos simplesmente acreditar que dure. Talvez dure. Tomara que dure, mas pode não durar.
Uma pessoa me desagrada muito. Ok! Eu posso abrir a boca para dizer: "Eu não gosto dessa pessoa"! Mas não é muito sábio abrir a boca e dizer: "Eu nunca gostarei dessa pessoa"! Porque pode acontecer que se mude de ideia um dia. A vida tem uma constância tão volúvel, que o que parecia eterno pode se desfazer por causa de um sonho.
A maturidade é como um carro com os faróis virados para trás. Quando a temos, as oportunidades para usá-las já ficaram no passado e, ironicamente, por causa delas mesmo é que podemos reinvindicá-la. Não é necessariamente uma questão de idade, contudo, é óbvio que alguém que já viveu mais tempo teve mais oportunidades. Mas não são somente as experiências que nos dão-na. Em suma, é o que fazemos com elas que nos ensinam alguma coisa.
O inteligente aprende com seus erros, o sábio aprende com os dos outros. Eis o privilégio dos mais jovens! Economizar anos e anos por causa da lição contida na história da vida alheia. Infelizmente, é característica do ser humano querer ver se o fogo queima mesmo ou se é balela que os outros estão contando.
Existem pesssoas que não fazem sentido. Não se apaixone por elas!
Jamila Carvalho.
*livremente inspirado em "O Menestrel" de William Shakespeare. Óbvio, não dá pra comparar... rs
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Virtual(mente)
De onde vim? Pra onde irei? Não sei
Nada está no mesmo lugar
Meus olhos no espelho, ainda estão vermelhos
Não agüentam me ver chorar
Eu daqui, você de lá
Encontros virtuais todo dia
Já nem sei no que vai dar
Nossa paisagem nova, pop filosofia
Outra realidade pra anestesiar
Nossa viagem sem sair do lugar
Eu sei que o nosso amor ainda navega
Mas tudo que eu grito não chega aos seus ouvidos
Nada mantém o meu coração refém
Preso no espaço sideral
No abismo da rede, ondas que vão e vêm
Alimentando o amor ideal
Tudo bem, tudo igual
Novamente sem seu sorriso
Até amanhã, e ponto final
Pra ir pro paraíso, tudo que eu preciso é
De outra realidade pra anestesiar
Nossa viagem sem sair do lugar
Eu sei que o nosso amor ainda navega
Mas tudo que eu grito não chega aos seus ouvidos
Eu, numa ilha, sem balanço do mar
Mal, minhas garrafas sempre voltam pra cá
Talvez tudo vá se encaixar
Mas sei: solidão a dois, nunca mais
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Parabéns Chay!!!!
Vou falar dessa impressão que se tem na adolescência de que aos 30 anos estaríamos velhas. Nós, mulheres do século 21, ou seja, nascidas entre 75 e 85 do século PASSADO, que a essa altura do campeonato(2009) ou já estão estabelecidas ou estão se estabelecendo... Certamente, ao menos, sabem muito do muito que desejam.
Não tenho 30 anos ( estou a caminho e já vejo a pontinha da montanha no horizonte), como falar desta idade tão especial?
Ora, minha Chay está fazendo 30 aninhos hoje!!!!! \0/
E embora ela seja uma referência pra mim desde seus 22 anos, ver esta mulher, hoje uma balzaquiana, é uma honra e um prazer!
Minha amada Dandan... Sei que você sabe que a sua felicidade diária é tão importante pra mim quanto a minha...
E todo amor que dentro de mim pode haver hoje emana em sua direção com os mais fortes desejos de alegria, saúde e realizações!!!
Vamos comemorar até o fim do ano!!!!!!
domingo, 13 de setembro de 2009
Nunca te deixarei sozinho
Eu deveria mesmo não deixar que o tempo passasse, mas está passando. Eu penso que não, mas está. Coitados de nós, pobres mortais, que não temos todo o tempo do mundo... (ou seria a eternidade uma maldição?)
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Sabe aquelas situações que você vive na sua vida, e que por razões que ninguém sabe responder, ficaram marcadas? Situações incrivelmente banais, ou até mesmo com alguns resquícios de heroísmo, ou qualquer outra coisa do tipo, que não saem da sua cabeça, mesmo que se passem os anos? Então... Fiquei me lembrando delas hoje. Dentre as perguntas que me surgem quando eu penso nelas é o porquê que justamente elas, ficaram marcadas, no meio de tantas outras coisas mais importantes e mais interessantes que eu já ví.
Vou compartilhar algumas, mas não espere muita coisa, certo?
Certa vez eu estava voltando da escola com o meu pai. Isso da época que ele ainda ia deixar eu e o meu irmão na escola, de bicicleta. Em certa altura do trajeto, numa esquina de uma outra escola da cidade, tinha um pequeno aglomerado de pessoas, todas ao redor de um rapaz de seus 15, 16 anos. Ele tinha roubado uma bicicleta e o dono correu atrás dele e conseguiu pegar. Alguns populares ainda deram uns tapas no rapaz, que chorava e pedia até pelo amor de Deus pra não levarem ele pra polícia. Mas o dono da bicicleta estava irredutível e ficou segurando o rapaz até a polícia chegar.
Eu devia ter uns 11 anos. Na hora que passamos, eu olhei de longe e perguntei pro meu pai o que poderia ter sido e ele logo reconheceu o que era. Eu disse: "Éguas! Que massa!" E comecei a rir da cara do rapaz. Meu pai não riu, mas não ralhou como de costume, disse apenas que não imaginava a vergonha que aquele rapaz, claramente arrependido, deveria estar sentindo naquele momento...
Eu estudei numa mesma escola durante 11 anos. Desde o 1º período do jardim de infância, até a 8ª série. Em um recreio de algum dia de todos esses dias, eu derramei suco no uniforme de uma amiga, em plena segunda-feira, ou seja, a farda tava tinindo de limpinha. Suco de cajú ainda por cima, que deixa uma nódoa desgraçada. Na hora que o suco caiu, eu esperava até que ela fosse me delatar na secretaria, e por causa disso eu ia ser expulsa, presa, exilada, essas coisas... Ela começou foi a rir e disse que não tinha problema, ela tinha duas fardas. Talvez isso tenha me marcado tanto, porque eu acho que não teria tido essa generosidade, se fosse o contrário. Acho que essa foi uma lição de como ser alguém melhor.
Lembra da enchente desse ano, queterminou de lascar alagou o Maranhão? A minha cidade em especial... Um dia eu e alguns amigos da Universidade fomos ver o rio. No meio daquelas pessoas que estavam saindo de suas casas para os abrigos e mais outros curiosos, passou um senhor, com o olho muito vermelho, que nos viu fardados e nos parou. Dois colegas eram homens, mas nós, as mulheres, ficamos com medo. Quer dizer, todo mundo ficou com muito medo, mas os rapazes tinham uma reputação a zelar... rs
Ele falou pausadamente, como se fosse um cirurgião que tivesse que pesar a força do punho pra fazer o corte na profundidade certa: "Vocês... Vocês acham que é justo o Prefeito estar naquela casa, andando de carro importado, e nós perdermos tudo o que a gente fez durante a vida toda?"
Não, Senhor. Não acho justo e nem acho que foi culpa sua que isso tenha te acontecido. Pelo contrário, o senhor é uma vítima.
Pena que ninguém teve coragem pra responder nada. Vinha um caminhão e o homem teve que sair do meio. Acho que a cara daquele senhor vai ficar pra sempre marcada. O corte foi bem feito.
Vou compartilhar algumas, mas não espere muita coisa, certo?
Certa vez eu estava voltando da escola com o meu pai. Isso da época que ele ainda ia deixar eu e o meu irmão na escola, de bicicleta. Em certa altura do trajeto, numa esquina de uma outra escola da cidade, tinha um pequeno aglomerado de pessoas, todas ao redor de um rapaz de seus 15, 16 anos. Ele tinha roubado uma bicicleta e o dono correu atrás dele e conseguiu pegar. Alguns populares ainda deram uns tapas no rapaz, que chorava e pedia até pelo amor de Deus pra não levarem ele pra polícia. Mas o dono da bicicleta estava irredutível e ficou segurando o rapaz até a polícia chegar.
Eu devia ter uns 11 anos. Na hora que passamos, eu olhei de longe e perguntei pro meu pai o que poderia ter sido e ele logo reconheceu o que era. Eu disse: "Éguas! Que massa!" E comecei a rir da cara do rapaz. Meu pai não riu, mas não ralhou como de costume, disse apenas que não imaginava a vergonha que aquele rapaz, claramente arrependido, deveria estar sentindo naquele momento...
Eu estudei numa mesma escola durante 11 anos. Desde o 1º período do jardim de infância, até a 8ª série. Em um recreio de algum dia de todos esses dias, eu derramei suco no uniforme de uma amiga, em plena segunda-feira, ou seja, a farda tava tinindo de limpinha. Suco de cajú ainda por cima, que deixa uma nódoa desgraçada. Na hora que o suco caiu, eu esperava até que ela fosse me delatar na secretaria, e por causa disso eu ia ser expulsa, presa, exilada, essas coisas... Ela começou foi a rir e disse que não tinha problema, ela tinha duas fardas. Talvez isso tenha me marcado tanto, porque eu acho que não teria tido essa generosidade, se fosse o contrário. Acho que essa foi uma lição de como ser alguém melhor.
Lembra da enchente desse ano, que
Ele falou pausadamente, como se fosse um cirurgião que tivesse que pesar a força do punho pra fazer o corte na profundidade certa: "Vocês... Vocês acham que é justo o Prefeito estar naquela casa, andando de carro importado, e nós perdermos tudo o que a gente fez durante a vida toda?"
Não, Senhor. Não acho justo e nem acho que foi culpa sua que isso tenha te acontecido. Pelo contrário, o senhor é uma vítima.
Pena que ninguém teve coragem pra responder nada. Vinha um caminhão e o homem teve que sair do meio. Acho que a cara daquele senhor vai ficar pra sempre marcada. O corte foi bem feito.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Vai sim, vai ser sempre assim
A sua falta vai me incomodar,
E quando eu não agüentar mais
Vou chorar baixinho, pra ninguém ouvir.
Vai sim, vai ser sempre assim,
Um pra cada lado, como você quis
E eu vou me acostumar,
Quem sabe até gostar...*
Mesmo que eu tenha que mudar
Móveis e lembranças do lugar,
O meu olhar ainda vê o seu
Me devorando bem devagar.
Vem, que eu ainda quero, vem.
Quando menos espero a saudade vem
E me dá essa vontade, vem
Que eu ainda sinto frio
Sem você é tudo tão vazio
Vem me dar essa vontade,
Vem que esse amor ainda é meu.
Troco todos os meus planos por um beijo seu
E essa noite pode terminar bem.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Casa dos horrores
Assistir o jornal é praticamente um tapa na cara. Dizem-me que eu sou uma idiota, otária, imbecil, burra, e que finalmente, tomei no toba. Mas não posso dar o dedo pra esses filhos da puta, então toma:
VÃO TUDINHO CAGAR DE CU PRA CIMA, BANDODEPORRA! MORRAAAAAAAAAAAAAAM!
Pronto, pronto... calma, respira, respira...
UPDATE: Lembrar de nunca mais escrever nada neste (nem em algum outro) blog, com o fígado. Perdón! Ninguém precisa(va) ler os meus pitis...
VÃO TUDINHO CAGAR DE CU PRA CIMA, BANDODEPORRA! MORRAAAAAAAAAAAAAAM!
Pronto, pronto... calma, respira, respira...
UPDATE: Lembrar de nunca mais escrever nada neste (nem em algum outro) blog, com o fígado. Perdón! Ninguém precisa(va) ler os meus pitis...
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Mais páginas de mim mesma
19 de Julho (supondo isso). Com certeza mais de uma hora da manhã de 20. (Uma suposição com mais embasamento.)
Querido diário, hoje acho que seja mais necessário dizer-te mais coisas da minha própria alma do que assuntos relacionados ao dia. Preciso colocar isso em algum lugar, não quero mais uma noite de sono perdida, com isso vagando nos meus sonhos.
Muitas vezes eu penso sobre as coisas da minha vida, tento analisar e na medida do possível, buscar respostas pras minhas perguntas. Tu sabes disso, muitas vezes isso aconteceu às essas horas da noite, escrevendo tudo aqui. Sabe, e vendo bem de todos os meus problemas, ou da maioria imensa deles, sabe qual é o ponto comum entre todos? O medo.
Eu sei muito bem que pra vencê-lo é necessária a exposição. Mas pouca gente sabe o quanto é difícil isso. Tenho buscado, depois daquele grande velho problema, manter-me sempre no que eu resolví denominar de "eixo", ou seja, conseguir ser senhora de minhas emoções. A tranquilidade habitual é o que não pode escapar da minha mão nunca.
Esse medo é algo totalmente devastador, impede-me de viver, sufoca os meus sentidos, me tira da realidade. Todas as vezes que algo quer me tirar desse eixo, eu já sei bem o que fazer: fugir, fugir e fugir de tudo o que pode me levar a ir ao seu encontro.
Não respeito o medo, mas sou submissa à ele. Sou uma escrava de seus desmandos. Eu tenho a pretensa e tristíssima impressão que comigo é diferente do que outras pessoas sentem, que é um medo normal, que não aprisiona, mas freia de consequências piores. Eu não tenho que enfrentar apenas ele, mas o seu superlativo. Pouca gente sabe o que é isso. Ainda bem! Não queria um mundo onde todos fossem prisioneiros.
Mas se a única solução que existe (aliás, a mais cruel) é sentir o medo, se expôr à ele, e eu não consigo não fugir, o que fazer? Ora essa, fazer o que tem que ser feito: ter coragem (que é justamente a ausência do medo) e ir. Algo totalmente paradoxal.
Eu fujo porque eu sei o que ele é capaz de fazer. Eu fujo porque eu já fui vítima de uma situação muito mais catastrófica, e o meu pior medo é de um dia retornar à ela. Soma de medos, entende?
O que me adianta saber disso, meu Deus? Ter consciência de uma coisa se eu não consigo usar isso para solucionar? Ainda assim, eu sei que não é em vão. Ainda assim, ainda existe fé (confesso que em mim mesma) de que um dia isso vai mudar. Coisas tão grandiosas só podem trazer resultados grandiosos também. Ainda bem que de todoas as desgraças, a pior é a que não se aprende nada com ela.
Sei que ainda posso superar, mas sei que sou a minha pior oponente. Nesse caso, só depende de mim. Eu já cansei dessa situação, algum preço tem que ser pago, infelizmente, muito alto.
Não posso fugir pra sempre, nem me lamentar pro resto dos meus dias. Isso tomou muito mais de mim do que deveria. Eu só espero me lembrar de tudo o que escreví da próxima vez que me confrontar com outra situação que queira me tirar do eixo. Entender e não fazer, é não entender. Adaptando Ghandi.
Acho que consegui colocar mais esse expurgo pra fora. Infelizmente, hoje minha memória pra daqui a muuuito tempo, vai ficar só nisso. Tomara que leia isso com um sorriso nos lábios e dizendo: eu consegui!
+ de 2, com certeza!
Boa noite pra mim, Jamila.
***
Acho que se tem uma grande vantagem em se ter um diário, é que nele você pode simplesmente expurgar. É um amigo, sem dúvidas, dos mais reais. Nele, eu mesma me explico. Aonde que um dia eu imaginei ter um diário, principalmente que começasse com "querido diário"? Sempre achei uma pataquada de menininhas fúteis e mimadas e ví que estava completamente errada. Ainda bem, não poderia ter tido melhor idéia.
De novo, não tem alteração de uma vírgula sequer, mesmo que a tentação seja imensa. Seria injusto com o papel e a caneta...
Querido diário, hoje acho que seja mais necessário dizer-te mais coisas da minha própria alma do que assuntos relacionados ao dia. Preciso colocar isso em algum lugar, não quero mais uma noite de sono perdida, com isso vagando nos meus sonhos.
Muitas vezes eu penso sobre as coisas da minha vida, tento analisar e na medida do possível, buscar respostas pras minhas perguntas. Tu sabes disso, muitas vezes isso aconteceu às essas horas da noite, escrevendo tudo aqui. Sabe, e vendo bem de todos os meus problemas, ou da maioria imensa deles, sabe qual é o ponto comum entre todos? O medo.
Eu sei muito bem que pra vencê-lo é necessária a exposição. Mas pouca gente sabe o quanto é difícil isso. Tenho buscado, depois daquele grande velho problema, manter-me sempre no que eu resolví denominar de "eixo", ou seja, conseguir ser senhora de minhas emoções. A tranquilidade habitual é o que não pode escapar da minha mão nunca.
Esse medo é algo totalmente devastador, impede-me de viver, sufoca os meus sentidos, me tira da realidade. Todas as vezes que algo quer me tirar desse eixo, eu já sei bem o que fazer: fugir, fugir e fugir de tudo o que pode me levar a ir ao seu encontro.
Não respeito o medo, mas sou submissa à ele. Sou uma escrava de seus desmandos. Eu tenho a pretensa e tristíssima impressão que comigo é diferente do que outras pessoas sentem, que é um medo normal, que não aprisiona, mas freia de consequências piores. Eu não tenho que enfrentar apenas ele, mas o seu superlativo. Pouca gente sabe o que é isso. Ainda bem! Não queria um mundo onde todos fossem prisioneiros.
Mas se a única solução que existe (aliás, a mais cruel) é sentir o medo, se expôr à ele, e eu não consigo não fugir, o que fazer? Ora essa, fazer o que tem que ser feito: ter coragem (que é justamente a ausência do medo) e ir. Algo totalmente paradoxal.
Eu fujo porque eu sei o que ele é capaz de fazer. Eu fujo porque eu já fui vítima de uma situação muito mais catastrófica, e o meu pior medo é de um dia retornar à ela. Soma de medos, entende?
O que me adianta saber disso, meu Deus? Ter consciência de uma coisa se eu não consigo usar isso para solucionar? Ainda assim, eu sei que não é em vão. Ainda assim, ainda existe fé (confesso que em mim mesma) de que um dia isso vai mudar. Coisas tão grandiosas só podem trazer resultados grandiosos também. Ainda bem que de todoas as desgraças, a pior é a que não se aprende nada com ela.
Sei que ainda posso superar, mas sei que sou a minha pior oponente. Nesse caso, só depende de mim. Eu já cansei dessa situação, algum preço tem que ser pago, infelizmente, muito alto.
Não posso fugir pra sempre, nem me lamentar pro resto dos meus dias. Isso tomou muito mais de mim do que deveria. Eu só espero me lembrar de tudo o que escreví da próxima vez que me confrontar com outra situação que queira me tirar do eixo. Entender e não fazer, é não entender. Adaptando Ghandi.
Acho que consegui colocar mais esse expurgo pra fora. Infelizmente, hoje minha memória pra daqui a muuuito tempo, vai ficar só nisso. Tomara que leia isso com um sorriso nos lábios e dizendo: eu consegui!
+ de 2, com certeza!
Boa noite pra mim, Jamila.
***
Acho que se tem uma grande vantagem em se ter um diário, é que nele você pode simplesmente expurgar. É um amigo, sem dúvidas, dos mais reais. Nele, eu mesma me explico. Aonde que um dia eu imaginei ter um diário, principalmente que começasse com "querido diário"? Sempre achei uma pataquada de menininhas fúteis e mimadas e ví que estava completamente errada. Ainda bem, não poderia ter tido melhor idéia.
De novo, não tem alteração de uma vírgula sequer, mesmo que a tentação seja imensa. Seria injusto com o papel e a caneta...
sábado, 1 de agosto de 2009
Vem meu amor
Vamos invadir um site
Vamos fazer um filho
Vamos criar um vírus
Traficar armas
Poemas de Rimbaud...
Vem meu amor
Vamos invadir um site
Vamos fazer um filho
Vamos criar um vírus
Traficar armas
Escravos e rancor...
A vida é boa
A vida é boa
A vida é bela
A vida é boa
A vida é boa
A vida é bela
Quem teme um tapa, não
Não põe a cara na tela...
Como diz meu tio
Estelionatário
Ladrão que rouba ladrão
Tem cem anos de perdão
Malandro também tem
Seu dia de otário...
Vagabundo acha que eu tô rico
Nêgo pensa que eu sou bacana
Bacana! Bacana! Bacanão!...
Quando a barra aperta
Eu faço bico
Eu aplico
Eu não fico sem grana
Sem grana! Sem grana!
Sem grana não!...
Eu me viro daqui
Eu me arranjo de lá
Quem só chora não mama
No meio do pega prá capá...
Malandro que é malandro
Não teme a morte
Malandro que é malandro
Vai pro norte
Enquanto os patos
Vão pro sul...
Vem cá, vem ver
Como tem babaca na TV
Vem cá, vem cá
A vida é doce
Mas viver tá de amargar...
Baby eu te espero
Para o chat das cinco...
Quem sabe, sabe
Quem não sabe, sobra...
Baby eu te espero
Para o chat das cinco...
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida,
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida,
pra paixão sem orgasmos múltiplos ou
pro amor mal resolvido sem soluços.
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.
Não estou aqui pra que gostem de mim.
Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho.
E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos,com mais ou menos ou qualquer coisa.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos,com mais ou menos ou qualquer coisa.
Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros,mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou.
Maria de Queiroz
Eu acredito é em suspiros,mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou.
Maria de Queiroz
domingo, 5 de julho de 2009
A triste história de Pirró
Pelo que contam as pessoas desta estimada semi-circunferência (ou círculo?) do globo terrestre, hei de contá-los a triste história de Pirró. Um rapaz que foi além do limiar da infelicidade, por causa duma disgramada!
Rapaz cativante, por onde andava distribuia seu carisma e seu charme pra quem quer que fosse, tinha uma legião de fãs, porque além de bonito, era calmo, transparente, engraçado e tinha um sorriso que aaave maria! Que sorriso era aquele...
Dizia-se que aquela alegria que ele espalhava era por causa dela, do seu grande amor, um amor tão forte, tão bonito e tão profundo, que só Afrodite compreenderia e ainda assim, ficaria com ciúmes, pois nenhum de seus feitiços conseguiria desvirtuá-lo. Essa moça era uma graça... Era tão bonita e dizia a Pirró que seus filhos seriam cinco ao todo, três meninas e dois meninos, todos com cabelos castanhos e de olhos negros. Ela disse que só tinha se apaixonado porque o olho dele era negro, muito negro. Aquela coisa de não saber o que é menina do olho, o que é íris a fisgou.
Eles iam se casar, e ele tinha uma melhor amiga, Lena. Saíam, se divertiam, e o elo deles era excelente, toda a parentela de Lena era doida pra que eles namorassem, afinal, um bom partido não se pode deixar passar assim. Pena que a amiga também fosse amiga da namorada de Pirró.
Num casamento, a primeira garota citada foi, flertou com o noivo. Uma semana depois, deu pra ele. Fez o favor de dizer tudo pra Lena, depois ainda levou o amante pra conhecê-la.
Lena ficou naquela do "conto ou não conto?". Quer dizer, já imaginou se ele não acredita? E se acredita e mesmo assim aceita, ou se não acredita e não aceita, mas não quer mais falar por ter destruído a sua melhor ilusão?
A prima de Lena insistiu tanto que ela contasse pro rapaz, que ela acabou concordando, sabendo que era o seu dever de amiga, reuniu toda a coragem e foi na casa do rapaz.
(O pior que a gente sente quando algo não vai bem. Talvez, no fundo, no fundo, a gente sempre saiba.)
Na primeira vez que ela foi contar, o rapaz teve que sair pra um "compromisso" que ele tinha esquecido, às pressas, deixando suas desculpas e prometendo que escutaria tudo com muito prazer depois. Na segunda vez, outro empecilho. Na terceira, um: "Relaxa, Lena, depois você me conta, a gente não vai ver o filme?". Até que a pobre não se viu com mais coragem nenhuma...
Depois de muitas tentativas, a prima forçou. "Vem cá, Pirró! A Lena quer falar uma coisa muito importante contigo!". Não teve outra: um rapaz desorientado, que corria de um lado pro outro e que parecia não poder ouvir nem enxergar. Depois ele se lembrou que tinha voz e começou a gritar. Na mesma hora, antes do sangue esfriar, foi na casa da querida e pediu o colar de ouro que era o símbolo do amor (dele!).
Algum tempo depois, numa boate, eles se esbarraram: Lena com Pirró e Ela. A garota, com a consciência mais baixa que o carpete, pediu pra colocarem no letreiro da boate: PIRRÓ, POR FAVOR, ME PERDOA!
Na mesma hora, Pirró começou a chorar, foi correndo onde ela, a abraçou e se beijaram, rodando, no meio de um círculo que fizeram pra aplaudir e admirar. Foi só o tempo de o rapaz ir em casa deixar um amigo, a ex tava se agarrando com outro cara, e nem se deu o trabalho de escapar das vistas de Lena. Ele veio e viu e mais uma vez, sangrou. Pediu explicações, mas ela só respondeu que tinha pedido perdão, não pra voltar. Dilacerado, chorou de novo o maior amargor de sua vida, que foi ser feito de idiota duas vezes pela mesma mulher.
A transformação foi horrenda. Do cara que sabia todas as piadas de pontinho ao cara que foi preso por brigar numa balada e quase perde a mão, duma garrafada.
Triste história verdadeira de Pirró. Eu soube ontem, pela prima que forçou Lena. Apesar da história pertencer aos donos, julgo muito mais sábio aprender pelas histórias alheias, pena que a gente seja que nem a criança que ainda não sentiu a dor do fogo e não sabe que queima, sempre querendo viver também...
Rapaz cativante, por onde andava distribuia seu carisma e seu charme pra quem quer que fosse, tinha uma legião de fãs, porque além de bonito, era calmo, transparente, engraçado e tinha um sorriso que aaave maria! Que sorriso era aquele...
Dizia-se que aquela alegria que ele espalhava era por causa dela, do seu grande amor, um amor tão forte, tão bonito e tão profundo, que só Afrodite compreenderia e ainda assim, ficaria com ciúmes, pois nenhum de seus feitiços conseguiria desvirtuá-lo. Essa moça era uma graça... Era tão bonita e dizia a Pirró que seus filhos seriam cinco ao todo, três meninas e dois meninos, todos com cabelos castanhos e de olhos negros. Ela disse que só tinha se apaixonado porque o olho dele era negro, muito negro. Aquela coisa de não saber o que é menina do olho, o que é íris a fisgou.
Eles iam se casar, e ele tinha uma melhor amiga, Lena. Saíam, se divertiam, e o elo deles era excelente, toda a parentela de Lena era doida pra que eles namorassem, afinal, um bom partido não se pode deixar passar assim. Pena que a amiga também fosse amiga da namorada de Pirró.
Num casamento, a primeira garota citada foi, flertou com o noivo. Uma semana depois, deu pra ele. Fez o favor de dizer tudo pra Lena, depois ainda levou o amante pra conhecê-la.
Lena ficou naquela do "conto ou não conto?". Quer dizer, já imaginou se ele não acredita? E se acredita e mesmo assim aceita, ou se não acredita e não aceita, mas não quer mais falar por ter destruído a sua melhor ilusão?
A prima de Lena insistiu tanto que ela contasse pro rapaz, que ela acabou concordando, sabendo que era o seu dever de amiga, reuniu toda a coragem e foi na casa do rapaz.
(O pior que a gente sente quando algo não vai bem. Talvez, no fundo, no fundo, a gente sempre saiba.)
Na primeira vez que ela foi contar, o rapaz teve que sair pra um "compromisso" que ele tinha esquecido, às pressas, deixando suas desculpas e prometendo que escutaria tudo com muito prazer depois. Na segunda vez, outro empecilho. Na terceira, um: "Relaxa, Lena, depois você me conta, a gente não vai ver o filme?". Até que a pobre não se viu com mais coragem nenhuma...
Depois de muitas tentativas, a prima forçou. "Vem cá, Pirró! A Lena quer falar uma coisa muito importante contigo!". Não teve outra: um rapaz desorientado, que corria de um lado pro outro e que parecia não poder ouvir nem enxergar. Depois ele se lembrou que tinha voz e começou a gritar. Na mesma hora, antes do sangue esfriar, foi na casa da querida e pediu o colar de ouro que era o símbolo do amor (dele!).
Algum tempo depois, numa boate, eles se esbarraram: Lena com Pirró e Ela. A garota, com a consciência mais baixa que o carpete, pediu pra colocarem no letreiro da boate: PIRRÓ, POR FAVOR, ME PERDOA!
Na mesma hora, Pirró começou a chorar, foi correndo onde ela, a abraçou e se beijaram, rodando, no meio de um círculo que fizeram pra aplaudir e admirar. Foi só o tempo de o rapaz ir em casa deixar um amigo, a ex tava se agarrando com outro cara, e nem se deu o trabalho de escapar das vistas de Lena. Ele veio e viu e mais uma vez, sangrou. Pediu explicações, mas ela só respondeu que tinha pedido perdão, não pra voltar. Dilacerado, chorou de novo o maior amargor de sua vida, que foi ser feito de idiota duas vezes pela mesma mulher.
A transformação foi horrenda. Do cara que sabia todas as piadas de pontinho ao cara que foi preso por brigar numa balada e quase perde a mão, duma garrafada.
Triste história verdadeira de Pirró. Eu soube ontem, pela prima que forçou Lena. Apesar da história pertencer aos donos, julgo muito mais sábio aprender pelas histórias alheias, pena que a gente seja que nem a criança que ainda não sentiu a dor do fogo e não sabe que queima, sempre querendo viver também...
domingo, 28 de junho de 2009
Eis-me aqui...VELHA!!!
Aqui estou...não tinha planejado escrever nada pra marcar essa data, esse marco, essa coisa de ter 25 anos... Não planejei justamente por ser essa pessoa, essa mulher ( não acho que posso mais me chamar de moça com 25 anos, embora me tratar como mulher ainda soe esquisito), não planejo quase nada...e nada a longo prazo...MENTIRA!!!!
Estou planejando a festa da minha formatura que será em 31.07.2010...e estou fazendo assim por não ter como ser de outra maneira... essa porra de festa vai ser cara pro meu padrão financeiro modesto ( pobre é lasca).
Enfim... Chegando a esse dia, 30.06.2009, eu posso me dizer uma pessoa feliz...cheia de problemas, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes...
Citando grandes poeteiros: NÃO SEI DIZER O QUE MUDOU, MAS NADA ESTÁ IGUAL! O.o
Poderia também citar grandes nomes da literatura, dos grandes pensadores do século XX...mas não... Aprendi ao longo dessa minha nada mole vida que, eu não quero ter medo de parecer assim ou assado... não tenho que pensar em mim de fora pra dentro... Entendi por fim que EU TENHO MEU RITMO...espero que seja por muito tempo...um RITMO DE FESTA...na verdade tenho apenas essa vontade a longo prazo..Ser feliz pra sempre!!!
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Um problema
Tenho um grande problema em escrever: sou transparente demais. Escrevo e meus textos são crus e simples, terrivelmente compreensíveis. Não consigo não me mostrar demais, não consigo esmagar de palavras as entrelinhas, como disse a poeta. As entrelinhas não existem, ou suponho que não existam... Ou simplesmente, elas não acontecem num escrito meu.
É quase que como escrever no meu diário: como se apenas eu fosse ler aquilo, e por isso, estivesse tentando me compreender - obscuridade nesse caso seria tolice - e isso por vezes me aborrece.
Quando eu tento parecer mais prosaica, ou romântica, ou nostálgica, eu consigo. Mas o que me irrita é que eu não estou tentando parecer, eu estou sendo mesmo! Tenho que parar de ser tão intensa, dissimular é preciso.
Talvez caiba a comparação com a nudez. Escrevo como se tivesse me despindo pra um espelho, um gesto banal, não como se tivesse tirando a roupa sensualmente para um moço...rs
Bom, o que mais me conforta é saber que essa clareza toda que eu demonstro será proveitosa se um dia eu virar mesmo a Jornalista que eu sonho (ava) ser...
Isso seria falta de sexo?
sexta-feira, 17 de abril de 2009
terça-feira, 31 de março de 2009
acho que a vida anda passando a mão em mim
a vida anda passando a mão em mim
acho que a vida anda passando
a vida anda passando
acho que a vida anda
a vida anda em mim
acho que há vida em mim
a vida em mim anda passando
acho que a vida anda passando a mão em mim
e por falar em sexo quem anda me comendo
é o tempo
na verdade faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás
um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos
acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando
Do livro Pensamento do Chão, de Viviane Mosé
quinta-feira, 26 de março de 2009
Blues do ano 2000 - CAZUZA na voz do MOSKA
Se até o ano 2000 o mundo não acabar
E eu estiver vivo na rua ou num bar
Eu vou pra sempre te esperar
Blues é assim, baby
Blues é assim
Blues é assim, baby
Blues é assim
Quando eu estiver velho, tarado e gagá
Com um copinho de cana eu vou lembrar
Do teu gingado, e os meus olhos vão brilhar
Blues é assim, baby
Blues é assim
Blues é assim, baby
Blues é assim
Mesmo que outras pessoas eu venha amar
E encontre com elas um pouco de paz
Eu vou pra sempre te esperar
Blues é assim, baby
Blues é assim
Blues é assim, baby
Blues é assim
Estou com uma tremenda saudade do Cazuza...
segunda-feira, 23 de março de 2009
Me deu uma louca vontade de...
Escrever. Não me pergunte o motivo, óbvio é que eu não sei de nenhum. Parece que o impulso aconteceu comigo desta vez. Matar uma aula de vez em quando não dói, a não ser que eu ainda tivesse na quarta-série e minha mãe descobrisse. Certa vez eu matei aula no Ensino Médio e fiquei o horário inteiro escondida no banheiro feminino, foi aí que se deu o desassossego: a coordenadora entrou e me pegou no flagra e quem cabulou do lado de fora, na maior cara de pau, brincou de vôlei, baleada, tacobol, penalinha guerriô e esconde-esconde. (Sim, estamos falando de ensino médio.) E eu me fudí. Tudo bem, aprendí a lição.
Nunca mais cabulei aula. Agora estou fazendo-o e meu pai nem me perguntou porque que eu não fui pra Universidade, ele só me olhou aqui e capotou no quarto ao lado, e eu estou vendo-o daqui. (Vou tirar uma foto disso.) Cena boa essa de paz, mesmo que provisória e até um pouco instantânea, não deixa de liberar umas morfinas no cérebro da gente. (Olha eu pagando de cult)
Drugs, a cachorra começou a latir e eu esquecí o que eu ia digitar! Vou atender a porta.
Atendí, era só uma pessoa que eu não conheço perguntando pela minha mãe.
Voltando... ao assunto da Universidade né? Não fui porque não dava mesmo, uma amiga me ligou de manhã e disse que era pra eu levar o relatório da pesquisa, que eu não fiz. Agora maquino uma desculpa esfarrapada.
Ah, a propósito, eu tirei a foto. Acho que vou sentir saudades quando eu não puder mais ver meu pai dormindo de calça depois do almoço, mas calma Jamila, você ainda tem alguns meses por aí. (Não, eu não pretendo morrer.) Só acho que o meu tempo nessa cidade já deu, infelizmente. Vou sentir saudades desse lugar, apesar de saber que ele vai continuar uma bela bosta, vou sentir saudades. Desculpem, estou um pouco blasé hoje, maldição! Deve ser a tpm. Sou muito nova pra sentir cólicas e tpm.
Ainda tendo certeza que vou chorar longas noites com saudades, é o jeito. É melhor pensar que estou pra viver os melhores dias da minha vida, já que os piores já passaram. Ah não, tem a falta de dinheiro também... Droga!
Acredite, essa resma tava cheia há uma semana atrás; gastei toda a tinta da impressora imprimindo baboseiras. Engraçado como ele faz isso todo dia e quando se acorda, pergunta as horas, invariavelmente, mesmo tendo um relógio no pulso.
E o gran finale: A cachorra acaba de deixar um presente no chão do quarto.
Fim do impulso.
Nunca mais cabulei aula. Agora estou fazendo-o e meu pai nem me perguntou porque que eu não fui pra Universidade, ele só me olhou aqui e capotou no quarto ao lado, e eu estou vendo-o daqui. (Vou tirar uma foto disso.) Cena boa essa de paz, mesmo que provisória e até um pouco instantânea, não deixa de liberar umas morfinas no cérebro da gente. (Olha eu pagando de cult)
Drugs, a cachorra começou a latir e eu esquecí o que eu ia digitar! Vou atender a porta.
Atendí, era só uma pessoa que eu não conheço perguntando pela minha mãe.
Voltando... ao assunto da Universidade né? Não fui porque não dava mesmo, uma amiga me ligou de manhã e disse que era pra eu levar o relatório da pesquisa, que eu não fiz. Agora maquino uma desculpa esfarrapada.
Ah, a propósito, eu tirei a foto. Acho que vou sentir saudades quando eu não puder mais ver meu pai dormindo de calça depois do almoço, mas calma Jamila, você ainda tem alguns meses por aí. (Não, eu não pretendo morrer.) Só acho que o meu tempo nessa cidade já deu, infelizmente. Vou sentir saudades desse lugar, apesar de saber que ele vai continuar uma bela bosta, vou sentir saudades. Desculpem, estou um pouco blasé hoje, maldição! Deve ser a tpm. Sou muito nova pra sentir cólicas e tpm.
Ainda tendo certeza que vou chorar longas noites com saudades, é o jeito. É melhor pensar que estou pra viver os melhores dias da minha vida, já que os piores já passaram. Ah não, tem a falta de dinheiro também... Droga!
Acredite, essa resma tava cheia há uma semana atrás; gastei toda a tinta da impressora imprimindo baboseiras. Engraçado como ele faz isso todo dia e quando se acorda, pergunta as horas, invariavelmente, mesmo tendo um relógio no pulso.
E o gran finale: A cachorra acaba de deixar um presente no chão do quarto.
Fim do impulso.
sexta-feira, 20 de março de 2009
Alguns versos tristes
(Não, não é esse o nome do poema, na verdade eu não tenho a mínima noção de como seja o nome do poema.)
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
Pablo Neruda.
Às vezes eu me sinto assim, tentando encontrar o último momento da dor. Mas é aí que eu me engano redondamente, porque procurando o último momento, eu estou prolongando-a. Mas é algo que não tenho como fugir, eu só sinto, sem querer. E parece que tudo é pior quando as lembranças vem e mudam nossas feições repentinamente, tudo de repente se torna frio, mesmo com o pulsar violento do coração.
Não sei, queria eu ter a força de Neruda pra dizer que são as últimas linhas que escrevo por ele... Mas essas são as únicas que alguém possa ler.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
Pablo Neruda.
Às vezes eu me sinto assim, tentando encontrar o último momento da dor. Mas é aí que eu me engano redondamente, porque procurando o último momento, eu estou prolongando-a. Mas é algo que não tenho como fugir, eu só sinto, sem querer. E parece que tudo é pior quando as lembranças vem e mudam nossas feições repentinamente, tudo de repente se torna frio, mesmo com o pulsar violento do coração.
Não sei, queria eu ter a força de Neruda pra dizer que são as últimas linhas que escrevo por ele... Mas essas são as únicas que alguém possa ler.
quarta-feira, 18 de março de 2009
Tolice
Vivendo sossegadamente,
E alguém diz: ainda chegará a tua hora
De encontrar o grande amor.
Espera, não demora.
E ficamos nesses termos,
Esperando e sempre esperando,
Com o coração apertado
Quando se conhece um novo rapaz.
As perguntas, enfim:
É esse que não vai me deixar dormir?
É com esse que sonharei?
Beijos escondidos recheados de paixão,
Que põe o corpo em sério perigo
De alguma violação?
De sentimentos enchem-se nosso viver,
E passam e alguns ficam por obrigação
E abalam tudo o que nos possa deixar em paz
E andamos sempre em algumas ledas ilusões,
Na expectativa do grande dia chegar,
E vivemos sempre nessa tola esperança de encontrar esse alguém.
E é tola justamente por esperarmos.
E alguém diz: ainda chegará a tua hora
De encontrar o grande amor.
Espera, não demora.
E ficamos nesses termos,
Esperando e sempre esperando,
Com o coração apertado
Quando se conhece um novo rapaz.
As perguntas, enfim:
É esse que não vai me deixar dormir?
É com esse que sonharei?
Beijos escondidos recheados de paixão,
Que põe o corpo em sério perigo
De alguma violação?
De sentimentos enchem-se nosso viver,
E passam e alguns ficam por obrigação
E abalam tudo o que nos possa deixar em paz
E andamos sempre em algumas ledas ilusões,
Na expectativa do grande dia chegar,
E vivemos sempre nessa tola esperança de encontrar esse alguém.
E é tola justamente por esperarmos.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Duas páginas de mim mesma
Bom, já é dia 1 de Fevereiro, mas só fazem duas horas, ainda não conta.
Fico me perguntando o que minha mãe pensa.
Realmente não sei. Sei tudo de como ela se comporta, e em cima disso, fico fazendo cálculos de como será o pensamento dela, mas no final de tudo, não posso afirmar nem desafirmar nada.
Me tomo como exemplo disso, eles podem até saber como eu me comporto, mas nem sonham de todos os meus verdadeiros pensamentos... por quê isso? Por quê esse abismo todo criado na nossa família? Quem foi que o construiu, por quê todo esse muro que nos cerca?
Estou tentando fazer desta noite algo produtivo, quer dizer, fazer pelo menos um dos trabalhos que eu preciso entregar nessa semana, por que acima de tudo, tenho certeza de que amanhã não farei absolutamente, eu me conheço, e prefiro perder essa noite de sono.
Mas por qual razão minha mãe simplesmente não consegue nem dormir, sem que eu durma - ou melhor, sem que esteja deitada naquela cama também? Por que não simplesmente, deitar e dormir o que tem direito, como o Pai está fazendo agora? (claro que não sem antes brigar também)
Esse tipo de coisa me incomoda tanto! Como pode ser que eu quero ser livre, se nem ao menos na minha própria casa eu posso passar uma noite acordada estudando? Será tão difícil assim pra eles saberem que eu não posso ser assim tão encabrestada?
O que eu tenho que fazer pra conseguir a minha independência? É isso que eu me pergunto... será preciso que eu case? Que vá embora dessa cidade? (Se bem que eu tenho a plena certeza também, de que mesmo à distância, o controle vai persistir e isso me dá sérios calafrios.)
São tantas as perguntas que eu me faço nessa hora... e delas eu julgo saber a resposta, sem , de fato, ter plena certeza, mas tudo me leva a crer que é apenas pra me manter no controle, pra eu ter na cabeça que ém que manda, pra eu saber que não sou adulta, pra eu saber que eu não sei de nada da vida, que não sou esperta o bastante, que ainda não viví nada e por isso não estou nem minimamente pronta pra nada.
É essa a sensação que eu tenho, que a maioria das ordens que eles me dão são apenas pra isso: pra me deixar cônscia disso. Pra eu escapar dessa minha segurança de que tudo depende de mim, pra eu parar de pensar que ninguém pode efetivamente me levar pra qualquer caminho, sem que antes eu queira também ir por ele.
Eu mudei. Mudei demais.
Talvez tenha mudado intensamente em um curto espaço de tempo e eu sei que isso também os assusta, mas eu não tenho tanta certeza de que eles saibam o tamanho e a profundidade dessa mudança, desse incômodo que eu sinto todos os dias que acontecem essas pequenas coisas, esses sutis avisos... ou será que apenas eu interpreto-os dessa forma?
Eu não sou mãe, mas posso apenas imaginar o quão difícil seja pros pais deixarem que seus filhos enveredem pelos caminhos que escolheram, eu tenho a sensação que os pais acham que eles estão abandonados à própria sorte à espera de algum predador que sinta os seus cheiros. Mas, por Deus, eles já deveriam estar se preparando pra isso e preparar suas crianças pra isso também, pra hora de tomar novos rumos.
O que eles querem que eu vire? Uma mulher de meia idade que viva com um marido medianamente fiel e que a trate medianamente bem e que more aqui numa ruazinha próxima e que todas as tardes traga os seus netos pra eles paparicarem? Sim, que disse que isso não é bom? É! É muito bom sim! Mas não é o melhor! Não suporto imaginar que minha juventude, minha força e meus sonhos podem se perder nessa vida, dessa mesma maneira, desse mesmo modo, sem nenhuma perspectiva, sem nada de novo no horizonte, apenas para garantir o conforto da segurança, da estabilidade... mas é tudo tão difícil pra mim quando eu acabo de ver minha mãe se acabando de chorar no quarto ao lado, apenas pela minha recusa em deitar no horário que ela mandou.
Minha cabeça se enche de porquês nesse momento. Como eu posso ter forças pros piores momentos da minha vida, como eu posso ultrapassar sozinha as montanhas, se os meus próprios pais me impedem e nem ao menos se dão conta disso? Achando que isso é pro meu bem?
Várias vezes me sentí como em uma redoma de vidro e pra onde quer que eu grite o som sempre vai voltar pra mim mesma, várias vezes achei que a qualquer momento eu poderia explodir e deixar que a fera da minha língua dominasse tudo em mim e plantasse o ódio mais uma vez.
Meu desespero é sem tamanho quando eu vejo todo o meu futuro, toda uma gama de possibilidades e de oportunidades que podem ser abertas pra mim - e que eu sou perfeitamente capaz de conquistá-las - podem acabar perdidas por aí, sem que eu posso usurfruir e eu viva apenas nessa vidinha que os meus pais levam, boa e medianamente confortável.
Acho às vezes que a vontade deles é que um dia eu acorde e veja que isso tudo é apenas frivolidade, apenas algo passageiro, temo mesmo que a cham em mim se apague e que eu acabe achando mesmo que o melhor pra mim é isso, isso que eu vejo todos os dias nesse lugar. Temo ficar imersa nesse pensamento e são nessas pequenas e cotidianas situações que eu me pego pensando nisso tudo e mais um pouco do que eu escreví. Infelizmente, aprendí desde cedo a controlar meus sentimentos e me cerrar em minhas emoções, aprendí a desde cedo a ser valente em muitas horas, mas nessas horas ser apenas uma covarde no meio da multidão. Não há como não se entristecer por isso.
Agora, que o choro dela está mais convulsivo e minha cabeça está doendo tanto que eu poderia espocar, vou mesmo dormir - ou pelo menos tentar - já são 3:15 da manhã e já não tenho mais forças pra "lutar". Mais uma covardia que alimenta o comportamento deles, mais uma vez que me dobro ante àquilo que eles julgam ser o certo.
Eu só vou dormir, mas parece que volto de uma batalha, da qual não fui vitoriosa.
Só espero que o dia de acordar e achar que tudo é frivolidade nunca chegue e que eu nunca me lembre disso com o mínimo de vergonha por ter sido tão ingênua. Isso nunca!
Talvez, a convicção (por que não a esperança?) de meus pais é que um dia eu tenha uma filha como eu. Eu já respondí uma vez: "pelo menos eu a entenderia".
Eu ainda não desistí.
(isso já faz um tempo que escreví, mas só agora quis postar, nem sei mesmo porquê. Taí, sem alteração de uma vírgula, pra quem ainda se lembrar de que o blog da liga ainda existe.)
Fico me perguntando o que minha mãe pensa.
Realmente não sei. Sei tudo de como ela se comporta, e em cima disso, fico fazendo cálculos de como será o pensamento dela, mas no final de tudo, não posso afirmar nem desafirmar nada.
Me tomo como exemplo disso, eles podem até saber como eu me comporto, mas nem sonham de todos os meus verdadeiros pensamentos... por quê isso? Por quê esse abismo todo criado na nossa família? Quem foi que o construiu, por quê todo esse muro que nos cerca?
Estou tentando fazer desta noite algo produtivo, quer dizer, fazer pelo menos um dos trabalhos que eu preciso entregar nessa semana, por que acima de tudo, tenho certeza de que amanhã não farei absolutamente, eu me conheço, e prefiro perder essa noite de sono.
Mas por qual razão minha mãe simplesmente não consegue nem dormir, sem que eu durma - ou melhor, sem que esteja deitada naquela cama também? Por que não simplesmente, deitar e dormir o que tem direito, como o Pai está fazendo agora? (claro que não sem antes brigar também)
Esse tipo de coisa me incomoda tanto! Como pode ser que eu quero ser livre, se nem ao menos na minha própria casa eu posso passar uma noite acordada estudando? Será tão difícil assim pra eles saberem que eu não posso ser assim tão encabrestada?
O que eu tenho que fazer pra conseguir a minha independência? É isso que eu me pergunto... será preciso que eu case? Que vá embora dessa cidade? (Se bem que eu tenho a plena certeza também, de que mesmo à distância, o controle vai persistir e isso me dá sérios calafrios.)
São tantas as perguntas que eu me faço nessa hora... e delas eu julgo saber a resposta, sem , de fato, ter plena certeza, mas tudo me leva a crer que é apenas pra me manter no controle, pra eu ter na cabeça que ém que manda, pra eu saber que não sou adulta, pra eu saber que eu não sei de nada da vida, que não sou esperta o bastante, que ainda não viví nada e por isso não estou nem minimamente pronta pra nada.
É essa a sensação que eu tenho, que a maioria das ordens que eles me dão são apenas pra isso: pra me deixar cônscia disso. Pra eu escapar dessa minha segurança de que tudo depende de mim, pra eu parar de pensar que ninguém pode efetivamente me levar pra qualquer caminho, sem que antes eu queira também ir por ele.
Eu mudei. Mudei demais.
Talvez tenha mudado intensamente em um curto espaço de tempo e eu sei que isso também os assusta, mas eu não tenho tanta certeza de que eles saibam o tamanho e a profundidade dessa mudança, desse incômodo que eu sinto todos os dias que acontecem essas pequenas coisas, esses sutis avisos... ou será que apenas eu interpreto-os dessa forma?
Eu não sou mãe, mas posso apenas imaginar o quão difícil seja pros pais deixarem que seus filhos enveredem pelos caminhos que escolheram, eu tenho a sensação que os pais acham que eles estão abandonados à própria sorte à espera de algum predador que sinta os seus cheiros. Mas, por Deus, eles já deveriam estar se preparando pra isso e preparar suas crianças pra isso também, pra hora de tomar novos rumos.
O que eles querem que eu vire? Uma mulher de meia idade que viva com um marido medianamente fiel e que a trate medianamente bem e que more aqui numa ruazinha próxima e que todas as tardes traga os seus netos pra eles paparicarem? Sim, que disse que isso não é bom? É! É muito bom sim! Mas não é o melhor! Não suporto imaginar que minha juventude, minha força e meus sonhos podem se perder nessa vida, dessa mesma maneira, desse mesmo modo, sem nenhuma perspectiva, sem nada de novo no horizonte, apenas para garantir o conforto da segurança, da estabilidade... mas é tudo tão difícil pra mim quando eu acabo de ver minha mãe se acabando de chorar no quarto ao lado, apenas pela minha recusa em deitar no horário que ela mandou.
Minha cabeça se enche de porquês nesse momento. Como eu posso ter forças pros piores momentos da minha vida, como eu posso ultrapassar sozinha as montanhas, se os meus próprios pais me impedem e nem ao menos se dão conta disso? Achando que isso é pro meu bem?
Várias vezes me sentí como em uma redoma de vidro e pra onde quer que eu grite o som sempre vai voltar pra mim mesma, várias vezes achei que a qualquer momento eu poderia explodir e deixar que a fera da minha língua dominasse tudo em mim e plantasse o ódio mais uma vez.
Meu desespero é sem tamanho quando eu vejo todo o meu futuro, toda uma gama de possibilidades e de oportunidades que podem ser abertas pra mim - e que eu sou perfeitamente capaz de conquistá-las - podem acabar perdidas por aí, sem que eu posso usurfruir e eu viva apenas nessa vidinha que os meus pais levam, boa e medianamente confortável.
Acho às vezes que a vontade deles é que um dia eu acorde e veja que isso tudo é apenas frivolidade, apenas algo passageiro, temo mesmo que a cham em mim se apague e que eu acabe achando mesmo que o melhor pra mim é isso, isso que eu vejo todos os dias nesse lugar. Temo ficar imersa nesse pensamento e são nessas pequenas e cotidianas situações que eu me pego pensando nisso tudo e mais um pouco do que eu escreví. Infelizmente, aprendí desde cedo a controlar meus sentimentos e me cerrar em minhas emoções, aprendí a desde cedo a ser valente em muitas horas, mas nessas horas ser apenas uma covarde no meio da multidão. Não há como não se entristecer por isso.
Agora, que o choro dela está mais convulsivo e minha cabeça está doendo tanto que eu poderia espocar, vou mesmo dormir - ou pelo menos tentar - já são 3:15 da manhã e já não tenho mais forças pra "lutar". Mais uma covardia que alimenta o comportamento deles, mais uma vez que me dobro ante àquilo que eles julgam ser o certo.
Eu só vou dormir, mas parece que volto de uma batalha, da qual não fui vitoriosa.
Só espero que o dia de acordar e achar que tudo é frivolidade nunca chegue e que eu nunca me lembre disso com o mínimo de vergonha por ter sido tão ingênua. Isso nunca!
Talvez, a convicção (por que não a esperança?) de meus pais é que um dia eu tenha uma filha como eu. Eu já respondí uma vez: "pelo menos eu a entenderia".
Eu ainda não desistí.
(isso já faz um tempo que escreví, mas só agora quis postar, nem sei mesmo porquê. Taí, sem alteração de uma vírgula, pra quem ainda se lembrar de que o blog da liga ainda existe.)
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Aula De Matemática - Tom Jobim
Pra que dividir sem raciocinar
Na vida é sempre bom multiplicar
E por A mais B
Eu quero demonstrar
Que gosto imensamente de você
Por uma fração infinitesimal,
Você criou um caso de cálculo integral
E para resolver este problema
Eu tenho um teorema banal
Quando dois meios se encontram desaparece a fração
E se achamos a unidade
Está resolvida a questão
Prá finalizar, vamos recordar
Que menos por menos dá mais amor
Se vão as paralelas
Ao infinito se encontrar
Por que demoram tanto dois corações a se integrar?
Se desesperadamente, incomensuravelmente,
Eu estou perdidamente apaixonado por você.
Na vida é sempre bom multiplicar
E por A mais B
Eu quero demonstrar
Que gosto imensamente de você
Por uma fração infinitesimal,
Você criou um caso de cálculo integral
E para resolver este problema
Eu tenho um teorema banal
Quando dois meios se encontram desaparece a fração
E se achamos a unidade
Está resolvida a questão
Prá finalizar, vamos recordar
Que menos por menos dá mais amor
Se vão as paralelas
Ao infinito se encontrar
Por que demoram tanto dois corações a se integrar?
Se desesperadamente, incomensuravelmente,
Eu estou perdidamente apaixonado por você.
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