terça-feira, 18 de março de 2008

Fotografia: Henri Cartier-Bresson x Sebastião Salgado

Dois nomes expressivos da fotografia do século XX. Ambos trabalharam como repórter fotográfico, e tinham a preferência pela fotografia em p&b - talvez cientes de que estavam eternizando um momento presente que seria evocado em algum lugar do futuro. A fotografia como um resgate do passado em tempo presente.

Enquanto Cartier-Bresson se ocupava, na maior parte do tempo, em fotografar cenas do cotidiano, seja em Paris ou em alguma cidade chinesa, Salgado dava preferência aos temas sociais, nos levando aos lugares onde repousavam as "minorias" ignoradas pela sociedade de consumo.



Cartier-Bresson
Uma das características que o próprio fotógrafo destaca em seu trabalho é seu senso de geografia, talvez oriunda de sua formação acadêmica em artes plásticas (Cartier-Bresson também pintava e desenhava). Seu trabalho é marcado pela espontaneidade de seus temas.

Considerado um dos cinco maiores artistas do século XX, Cartier-Bresson já foi comparado ao grande escritor russo Tolstoi, por também testemunhar o movimento da
história do século XX, oferecendo à humanidade seu ponto de vista do desenrolar da História.

Alguns críticos sublinham a sensibilidade e intuição como pontos fortes das imagens capturadas por Bresson. O próprio fotógrafo concorda, e inclui a geometria como elemento principal da composição de suas fotos.

Para Bresson, o momento da fotografia é mágico, e acontece apenas quando ele é pego pelo objeto fotografado. Ou seja, quando o objeto o seduz. Este seria o momento para apertar o botão e fazer o obturador funcionar. Cartier-Bresson não pensa enquanto fotografa. O que atua no instante da foto é sua sensibilidade.

Possuía trânsito livre em muitos locais do Globo. Fotografou desde os últimos dias de Gandhi ao cotidiano do socialismo soviético in loco.

Em relação ao modo de vida e ideologias, o fotógrafo-desenhista-pintor se define como anarquista e pacifista, o que, para ele, transcende qualquer conceito, tornando-se uma ética oportuna para se basear a vida, oferecendo diretrizes de comportamento em sociedade. Bresson temia o crescente aumento da tensão (ricos x pobres) das relações que o mundo globalizado produz, acreditando que, inevitavelmente, the world will tear apart.

Sebastião Salgado
É a versão tupiniquim-contemporânea do fotógrafo francês.

Talvez o valor artístico das imagens produzidas por Salgado não seja tão evidente quanto o presente na fotografia de Henri Cartier-Bresson, ainda que sua qualidade técnica seja indiscutível. Porém, aquela intuição existente na obra do fotógrafo francês (e tão fundamental nas obras artísticas), praticamente desaparece no trabalho de Sebastião Salgado. Suas fotos são pensadas, montadas, produzidas.

Sua preocupação em retratar a vida dos excluídos faz com que seus temas se repitam e, muitas vezes, beirem o clichê. No entanto, isso não tira o caráter brilhante de sua coleção "Êxodos".

Uma opinião controversa, é verdade, mas sincera.


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Links com obras e mais informações sobre os fotógrafos:

Portraits
Magnum Photos
Sebastião Salgado

Posted by: Agatha

Um comentário:

Anônimo disse...

gosto dos dois fotografos, mas também gosto de pierre verger, que completa o post dos meus preferidos embora não faça exatamente o fotojornalismo tal qual salgado e bresson-cartier