Não tenho escrito aqui. Mais uma vez, o tanto monstro de vida que já aconteceu. Desde "A grosseria", onde pus pra fora aquelas metáforas bem verdadeiras, tenho escrito muito mas, como disse, não aqui. O caso é que arrumei um emprego. Muito mais corrido do que jamais imaginei. Se antes eu tinha tempo e não tinha dinheiro pra nada, agora não tenho tempo e nem dinheiro. Ainda não recebi o primeiro salário e meus amigos já me fizeram prometer metade dele em cervejas pra comemorar o trabalho novo.
Depois de tanto tempo e com uma cobrança muito forte (externa e interna), verguei. A ansiedade quase me abateu. Lembrei daqueles dias, naquele jornal, onde acumulava funções acadêmicas e no estágio e ainda era bem menos resistente do que sou hoje. Com pouquíssimo tempo, desisti. Tadinha de mim, mas eu realmente não podia naquela época lidar com aquilo tudo. Hoje eu posso. Hoje eu consegui. Já estou de volta à normalidade, que eu sabia que voltaria.
Nesse meio-tempo, milhares de pensamentos à noite. Zilhares de tuítes, de escritos internos, de pensamentos de chamar. Mas o que mandou em mim foram as saudades. Ahhh, as saudades.
Acabo de chorar, na verdade. Hoje são três meses que o meu amor inventou de ir-se de mim. Três meses de choros convulsivos, que ainda hoje (como acabei de provar), ainda me tomam, mesmo que o mais frequente sejam só pequenas lágrimas ou o marejar dos olhos. Às vezes eu me esqueço que ela se foi. Em ocasiões como essa, onde eu arrumei um emprego e fiquei super feliz e depois fiquei super mal por causa da ansiedade, eu sabia que deveria ligar e contar a novidade pra ela. Aí me lembrava. Aí, óbvio, doía de novo. Ferida aberta, ainda. Só coberta com um pano. Se mexer, claro que vai doer.
Outras saudades também me invadem. Apesar de os anos longe de casa terem endurecido o meu coração, estive várias vezes à beira de ligar pra minha mãe e pedir socorro. Aquela parada de querer o colo mesmo. De lembrar do tempo em que meu coração pesava (meu coração sempre pesou, mesmo criança. Incrível.) e eu sabia que a única solução viável era contar pros meus pais. Eles iriam tomar conta de tudo. Puta que pariu. Como será que é ter essa responsabilidade na vida de alguém, hein? Não. Não liguei pra nenhum dos dois. Não pedi ajuda, nem socorro. Aguentei. Segurei minha onda. Chamei os amigos, escrevi no twitter, pedi abraços e os recebi. Faz alguns dias, senti a normalidade voltar à minha pele. Espero manter-me assim. Ir, mas ter a certeza de voltar: é o único jeito que eu posso.
Também tenho mais saudades que essas descritas. E, nessa parte, também não tenho o que fazer. Andei sonhando umas coisas que me machucariam, se fossem verdade. Vai ver até são, né? Não sei. Não sei de mais nada. Mas sonhar e ter a consciência de que me machucariam, mesmo eu achando que não, me preocupou bastante. Ontem, conversando com amigos a respeito desses sonhos despropositais, me falaram aquilo que eu sei ser verdade: a gente não esquece alguém assim, por querer ou vontade, com o simples uso da razão, com a mera decisão dos pensamentos. E acaba que o que me resta é saber o que sei, o mantra final que me ajuda a continuar na vida, mesmo sabendo que ela pode ser (e na maioria das vezes é mesmo) muito escrota: isso também vai passar. Em alguma hora, vai passar. As coisas vão mudar sorrateiramente de status e, quando eu parar de pensar nisso, vou atinar que o mundo terá mudado. Mais uma vez. Vai ocupar outro espaço no coração. E estaremos todos bem assim.
22:57 e eu já deveria estar dormindo há uma hora. Parece que o jogo virou, não é mesmo, insônia?
A boa noite aos que carregam bons corações.
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