terça-feira, 12 de julho de 2011

Las colores

Há uma lua no céu brilhando como nunca e eu aqui, escrevendo pra não explodir.

Não é verdade que sempre existiram soluções pro que não se achava possível?

Inventaram a lâmpada, a roda, o fogo (esse descoberto).

Eu queria uma solução pros meus impasses. Quero inventar a minha roda, ou talvez minha engrenagem, pra que a minha vida vá. Não que me fuja como das outras vezes.

É tão difícil não chorar quando o mundo se apresenta tal como eu o vejo por vezes. Tenho medo de não ver o mundo com cores sempre.

Pois que esteja decidido: todas as vezes que o mundo estiver em preto e branco, que eu considere como as fotografias que ficam mais artísticas e mais bonitas desse jeito.

Que toda vez que ele estiver em sépia, que eu lembre de um céu amarelado que uma vez fez em Bacabal, logo depois das chuvas de janeiro, com um arco-íris sem cores, mas impressionantemente lindo.

Que toda vez que o mundo estiver somente negro, que eu lembre da janela desse quarto que não é meu, e me lembre da lua gloriosa que está agora e, com isso, lembre que não há escuridão que não ressalte alguma coisa e que eu possa lembrar também da felicidade que eu já toquei por várias vezes, para que as cores voltem.

Amém.

Às 1:25 de 11/07/2011

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O ano improvável.

Como não poderia deixar de ser, um texto pro final desse ano. Já estamos no dia 29 e provavelmente não entrarei na internet antes do reveillón e nem depois!

Praticamente em todos os dias, esse ano me trouxe surpresas.
Foi o ano que eu dei o meu 5º beijo, no 1º dia do ano.
Foi o ano que eu passei pro que eu queria, duas vezes. Desisti da primeira e meti os peito na segunda.
Foi o ano que eu abandonei, com uma dor no coração, Pedagogia. Depois de um ano e meio pedalando com a pobre Lois Lane praquela UEMA, passando raiva, tendo ódio de gente, rindo, amando algumas seletas pessoas. Não, não foi pra nada que eu fiz Pedagogia. Foi uma das mais surpreendentes aventuras da minha vida. Pena ter que ter de deixar tudo isso pra trás.
Foi o ano do meu primeiro carnaval!
Foi o ano que eu fui morar fora, depois de quase perder o curso de Jornalismo, por um erro no meu cadastro na UFPI.
Foi o ano que quatro pessoas me fuderam com toda a crueldade com que se pode fuder alguém. E digo FUDER mesmo, sem eufemismos, sem duplo sentido. A marca que ainda está em mim mostrou o quanto um dia pode fazer tanta diferença na vida de uma pessoa.
Foi o ano que eu conheci o maior número de gays da minha vida. (\o/ Lesgal! Atoron!)
Foi o ano que eu conheci pessoas e as amei, quase que instantâneamente. E, pelo menos uma dessas pessoas me amou com toda a intensidade que poderia ter. E foi, infelizmente, o ano que eu não pude retribuir o tesouro que me era dado.
Foi o ano que eu subi na mesa (não digo o meu estado*!) e cantei "Hay amores" pra umas 20 pessoas. Sei que serei lembrada pra sempre por isso. (gravaram, porra!)
Foi o ano que eu beijei mais do que em toda a minha vida inteira. A contagem não vai ser revelada, mas, pelos meus padrões, foi muito, mésti.
Foi o ano que eu beijei e não morri. (Sim, eu poderia. Se você me conhece, sabe o porquê!)
Foi o ano que eu fui assaltada pela primeira vez. Corri, o ladrão não me pegou, o celular sobreviveu, mas eu dei uma topada e torci o pé! Grrr
Foi o ano que, por causa da topada, pela primeira vez na vida, coloquei o gesso no pé. (Vai me dizer que quando você era criança não tinha esse sonho de usar gesso só pros outros assinarem? TÁ! Nem vem!)
Foi o ano que eu me sujeitei trabalho escravo às aulas de uma professora acolá, que me deu uma mínima amostra do que é o mercado de trabalho.
Foi o ano que eu dei um ataque de fúria e xinguei meus pais na cara deles! =O EU fiz isso. Até hoje não acredito... Não só ter feito, mas como não acredito ter sobrevivido. Gulp!
Foi o ano que parei de dormir com a minha vó, depois de quase cinco anos.
Foi o ano que passei fui personagem de três reportagens de tv. (Tipo, eu passava lá atrás na escala rolante do shopping, mas mesmo assim, foi a minha estréia. Meu nome agora não é mais Jamila Carvalho, meu nome artístico agora é Íris Katherynni, ok?)
Foi o ano que eu vi o tanto que eu tava lascada sem amigos.
Foi o ano que eu fui assaltada pela segunda vez. E pela segunda vez, o meu celular resistiu.
Foi o ano que eu parei de escrever no meu diário. Infelizmente, muito, absurdamente.
Foi o ano que eu vi que eu não sei de porra nenhuma e que eu sou igual a uma formiga andando distraída pela sala. E que não sabe que o seu pé vai pisá-la e esmagá-la a qualquer momento.

Pelo menos eu sou daquelas formigas teimosas, que não morrem logo.

*Eu vou dizer meu Estado sim: Maranhão!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Eu já escreví isso?


Jamila sempre foi conhecida por suas manias. Desde muito pequena, não conseguia ficar quieta um só instante. Odiava ter que entrar em casas com pisos de azulejos, porque faltava enlouquecer pra não pisar nas malditas linhas. Da mesma forma era com as calçadas. Talvez por isso mesmo que não gostava muito de ter que andar, mas tinha.

Agora que já é menina moça, anda por aí sem olhar para o chão. Ainda é muito difícil resistir a um bom desafio.

Jamila não chora fácil. Não, não mesmo. Nada de tpm’s que a fazem chorar com comerciais de manteiga, muito pelo contrário. A sua TPM a faz inflamar de ódio. Coitado do vento que triscar. Nomes feios, nomes baixos, nomes altos e sonoros saem da sua (voluptuosa) boca. Mas certa vez, a pobre garota chorou. Chorou até suas lágrimas secarem no rosto. Desde esse dia nunca mais chorou tão copiosamente, nem tanto e nem pretende. Mas a lembrança do dia do choro extremo nunca saiu de sua cabeça. É bom lembrar que depois disso, ela dormiu como se tivesse tomado diazepan na veia.

Ela já gostou de matemática, mas como qualquer pessoa normal, no Ensino Médio, veio a odiar essa triste invenção com todas as suas forças. Algo como três TPM’s acumuladas. Em dia de prova, saia de casa cheirosa, arrumada, cabelo penteado e alguma sombra no olho, mas nunca com uma faca, que era o que ela mais desejava carregar.

Sem perceber, entendeu que os seus dotes davam pra escrever. Mas ao mesmo tempo, também entendeu que podia escrever sem dar. Desde então, mantém cadernos avulsos, sempre comuns e entediantes, sem canetas coloridas, onde tem a oportunidade de ficar totalmente nua. Só às vezes, sexy.

Meninos bonitos demais não têm vez com ela. Mas só pelo único motivo de nunca um ter tido vontade de entrar na fila.*

Por vezes, vai dormir muito linda. Invariavelmente acorda feia. Nesse caso, já desistiu de esconder as eternas olheiras, porque nem cimento resolve.

É limpinha e cheirosa, porém os cabelos... Os seus cabelos têm vida própria. Quando eles encasquetam que não querem sair de casa, é um puxa daqui, repuxa dacolá, e muitos fios são sacrificados nessa batalha vencida quase à sangue. E, triunfante, ela joga o que tiver de creme em cima dos coitados exânimes. Certa vez, ela inventou de domá-lo à gel. Nem uma pedrada na cabeça movia algum fio. Só aí ela percebeu o quanto a Hebe Camargo deve sofrer. Desde então, a menina é partidária de qualquer meio que descaracterize o cabelo miscigenado das povas brasileiras, mas nunca teve coragem de meter qualquer química no seu.

A jovem ama e vive. De um jeito muito particular, de um jeito muito intenso, mas de um jeito não tão estereotipado como ela queria que fosse. E, porra!, apesar dos pesares, ela é uma garota normal. Ok, atipicamente normal.


[i]*Peraí, existe uma fila?[/i][:o]

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Segunda do Dia da Felicidade.


Percebí que sou filha do vento.
Meu pai me carrega por entre as árvores
Beija-me e abraça-me completamente.
Ele disse: -Vai, filha.
Tenha-me dentro de ti.
Lembre-se dos meus beijos.
Deixe que eu me revolva em seu ser.
Vá por entre o mundo,
Assim como fomos entre as árvores.
Faça seus próprios tornados.
Destrua-se e volte a ser novamente.
Sopre para longe os males,
Assim como eu carrego as folhas secas reunidas.
Deteste as amarras,
Não as que ligam seu coração,
Mas as que perpetram no seu cérebro.
Vai, minha filha.
Chore. Eu secarei suas lágrimas.
Ria. Eu brincarei com os teus cabelos.
Ame. E terás uma brisa em seu rosto.
Apaixone-se. E verás um enorme furação.
Vai, filha.
Num simples balanço das mãos eu estarei contigo.

Primeira do Dia da Felicidade (31/08)

Senhor cavalheiro,
Se me quiseres,
Terás de mim o beijo mais doce
Terás as palavras que aquecem o coração
Terás o carinho que lampeja a alma.

Senhor cavalheiro,
Se me aceitares,
Terás um coração cheio de amor e de dor
Que reconhece a cada face e que faz curar
Que morreria por um sorriso de felicidade.

Senhor cavalheiro,
Se me amares,
Terás também o corpo casto que possuo
E todas as suas violentas formas
Que serão para ti e para mim uma fonte inesgotável.

Senhor cavalheiro,
Peço-lhe que me queiras,
Porque já não é a vida sem ti
Mas se não aceitasres minha oferta,
Terás porém estes versos
Que já eram seus antes de nós mesmos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010


O declínio do amor romântico


Uma história popular relata o caso de uma jovem que desejava muito viver uma relação de amor e então deixou um bilhete num local onde seria fácil de ser encontrado. A mensagem era a seguinte: “A quem encontrar este bilhete: eu te amo.” Parece improvável? Mas é isso mesmo o que acontece por aí, só que de forma mais sutil.

Na verdade, não faz muita diferença quem encontre o bilhete. Quantas vezes ouvimos a descrição do parceiro amoroso de alguém como sendo uma pessoa maravilhosa, bonita, inteligente e quando somos apresentados a ela levamos um choque?

O amor romântico não é construído na relação com a pessoa real, mas sobre a imagem que se faz dela, trazendo a ilusão de amor verdadeiro. Deseja-se tanto vivê-lo que, quando alguém o critica, provoca grande desapontamento. Não é para menos. Nada pode unir tanto duas pessoas como a fusão romântica.

A questão é que, por mais encantamento e exaltação que cause num primeiro momento, ela se torna opressiva por se opor à nossa individualidade.
Vivemos um período de grandes transformações no mundo, e, no que diz respeito ao amor, o dilema atual se situa entre o desejo de simbiose com o parceiro e o desejo de liberdade. É inegável que a fusão proposta pelo amor romântico é extremamente sedutora. Que remédio melhor para o nosso desamparo do que a sensação de nos completarmos na relação com outra pessoa?


No entanto, quando alguém alcança um estágio de desenvolvimento pessoal em que descobre o prazer de estar sozinho, se dá conta de uma profunda mudança interna. Preservar a própria individualidade passa a ser fundamental, e a idéia básica de fusão do amor romântico, em que os dois se tornam um só, deixa de ser atraente. Quanto à possibilidade de as pessoas alcançarem essa independência, existe certo pessimismo, alimentado pela crença de que o desejo de fusão com o outro está arraigado aos nossos ideais. Não participo muito dessa convicção.


O terapeuta e escritor Roberto Freire afirma em um dos seus livros que lhe custou muita dor, solidão e desespero aprender que sentir amor era uma potencialidade vital sua, produção criativa própria, e que para amar dependia apenas dele mesmo. A expressão e comunicação do seu amor eram produtos da liberdade pessoal e social conquistada. “Em minha inocência e ignorância, eu atribuía a algumas pessoas o poder de liberar, produzir, fazer exercer-se e se comunicar o amor em mim e de mim. Esse amor pertencia, pois, exclusivamente a essas pessoas, ficando eu delas dependente para sempre. Se, por alguma razão, me deixassem ou não quisessem produzi-lo em mim, eu secava de amor e — o que é pior — ficava em seu lugar, na pessoa e no corpo, uma sangrenta ferida, como a de uma amputação, que não cicatrizaria jamais.”


Por enquanto, não há dúvida de que desejar viver relações de amor fora do modelo romântico pode ser frustrante. As pessoas são viciadas nesse tipo de amor e fica difícil encontrar parceiros que já tenham se libertado dele. Mas acredito ser apenas uma questão de tempo. As mudanças são lentas e graduais, mas definitivas, nesse caso.

Para quem imagina que vai perder alguma coisa ao desistir do amor romântico, Bonnie Kreps, cineasta canadense que escreveu um livro sobre o assunto, é animadora.

Ela diz que deixar o hábito de “apaixonar-se loucamente” para a novidade de entrar num tipo de amor sem projeções e idealizações também tem sua própria excitação. É a mesma sensação de utilizar novos músculos, que sempre tivemos, mas nunca usamos por causa de nosso modo de vida. Entretanto, ao começar a utilizá-los podemos fazer com nosso corpo coisas que antes nunca conseguimos.

Para ela, os músculos psicológicos também existem e devemos olhar através da camuflagem do mito do amor romântico a fim de encontrá-los — e, então, ver com o que se parecerá o amor quando mais pessoas começarem a flexioná-los.


Quem sabe não teremos grandes surpresas?

Regina Navarro

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Meu amigo.


Seu Sampaio dorme agora
na sua vida, eu sorri
na sua morte, eu não chorei
o rádio de pilha desligou
não tocará mais
O mundo mudou
E ainda não me dei conta
O meu mais velho amigo
mais jovem alegre
dormiu.
Agora, ele joga conversa fora
com meus avôs.
Deitado não o vi.
Apenas sentado, cantando.
É isso que ficará, amigo.

Durma em paz, querido amigo. Sentirei sua falta.

20:23 de 04/04/2010.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O infinito e nós.

Sete horas te escrevi que não poderia ser o melhor pra mim, meu querido. Olhei nas casas e elas me pareceram sombrias, por isso não me atrevi. Vaguei por mais lugares estranhos e ermos e eles não eram apropriados pra nós. Para nós, apenas um lugar poderia sustentar por alguns minutos as longas horas de amores guardados: o infinito. Se esse lugar existir, onde ele existir, de que modo existir, eu estarei lá, para sempre te esperando. O infinito nos hospedará por alguns minutos e esses minutos serão eternos, por causa do lugar que nos abriga. Horas, minutos, segundos, milésimos, tudo isso não terá nenhum significado. Onde quer que esteja o infinito, lá estarei eu e lá estaremos nós a nos perpetuarmos lancinantemente. Por isso somos mortais, para que possamos ter a oportunidade de nos tornarmos eternos. Por isso não me encontre onde eu te escreví cinco horas. O amor aqui, dessa maneira, jamais poderá acontecer.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A noite

é uma companheira e tanto. Não sei porque, quando dá de madrugada, parece que os meus neurônios querem funcionar mais rápido do que o normal. Eu passo a madrugada inteira "escrevendo" coisas na minha cabeça, criando textos lindíssimos, que na hora que dá o dia, que eu vou começar a escrevê-los, não saem com a mesma fluidez da madrugada.
Ontem, eu fiquei pensando na beleza. E nos seres apaixonantes e nos apaixonáveis. Eu pensei que há uma diferença entre esses dois tipos de gentes. Os apaixonantes seriam aqueles por quem se apaixonam muito fácil e os apaixonáveis seriam aqueles se apaixonam muito fácil ou por muito pouco. Por exemplo, pela beleza. Se apaixonar pela beleza é ser apaixonar muito fácil, porque a beleza é óbvia e evidente, só precisa-se de um olhar pra descobrí-la. E também é apaixonar-se por pouco, já que a beleza, apesar de grandiosa, é apenas uma coisa dentre tantas outras que podem levar uma pessoa a se apaixonar por outra.
Eu tenho um tio que é muito parecido comigo, quando se trata de pensar sobre as coisas. Uma vez estávamos conversando e ele me olhou e disse, com uma sinceridade que me desconcertou: "Você é perigosa, menina!" e eu perguntei porque. Ele me falou que era porque eu sou bonita e mulheres bonitas são perigosas. Eu era mais nova e isso me assustou um pouco, não porque eu não tivesse entendido o sentido do que ele me dizia, mas quando eu propus morar com a minha tia na capital, e ela não aceitou e me deu um monte de desculpas esfarrapadas pra isso, a fala do meu tio ecoou bem fundo na minha cabeça. Uma semana depois, ela revelou o real motivo pro meu pai de que era por causa do marido dela, um cara altamente apaixonável.

sábado, 3 de julho de 2010

O que é maior que dois

Num rompante, se despe por inteira. Não. Ainda não está por inteira. Ainda carrega no rosto sombra e um batom muito vermelho que faz com que seus lábios ressecados tenham um aspecto febril de que estão jorrando sangue. Tranca a porta com duas voltas na chave, ouve o barulho de um simples ventilador.

A noite está inesperadamente fria. O banho que tomou com água gelada faz com que todos os seus pêlos fiquem eretos. Ela não se enxuga, deixa a água correr e formar gotas que deslizarão suaves por suas curvas. Nota aí uma sensualidade que ninguém vê, é dela e apenas a ela pertence. Nesse momento, o desejo mostra-se e ela sente no seu secreto, uma ansiedade para o desconhecido.

O ventilador que é ligado no último grau quase fere o seu corpo. Enrijece-a e a quebra por dentro. E mesmo isso ela deseja. Vê nesse pequeno flagelo uma beleza. É para ela treinar seu corpo para pequenos invernos, resistir-se a si mesma, sentir a sensação do quase impossível na pele.

Segue a curva que é formada pelo seu seio, desce pela barriga e que se finda na virilha. Já não é ela mesma quem está ali, mas uma outra que se apossa e não tem medo de nada, nem de si mesma. Imagina a vastidão que se pode ter em tão delgado corpo e em suas falanges se encontram a passagem para a explosão ensaiada do êxtase.

O livro está aberto em uma página qualquer. Ela o nota e ri-se dessas travessuras que esse ser supremo lhe prega ao seu bel prazer. A vida, a quem não ensinaram os nãos, simplesmente atestara o seu estado: “(...) viver na verdade, não mentir nem a si próprio nem aos outros, só é possível se não houver público nenhum.”

Depois do riso, o ventilador pode então descansar. Olha o relógio e são três da madrugada. Lembra-se que na imensidão de uma noite são sempre três da madrugada.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

ADORO PAU MOLE - MARIA REZENDE


Adoro pau mole.
Assim mesmo.
Não bebo mate
não gosto de água de coco
não ando de bicicleta
não vi ET
e a-d-o-r-o pau mole.

Adoro pau mole
pelo que ele expõe de vulnerável e pelo que encerra de possibilidade.

Adoro pau mole
porque tocar um pressupõe a existência de uma intimidade e uma liberdade
que eu prezo e quero, sempre.

Porque ele é ícone do pós-sexo
(que é intrínseca e automaticamente
- ainda que talvez um pouco antecipadamente)
sempre um pré-sexo também.

Um pau mole é uma promessa de felicidade sussurrada baixinho ao pé do ouvido.

É dentro dele,
em toda a sua moleza sacudinte de massa de modelar,
que mora o pau duro e firme com que meu homem me come.

sábado, 19 de junho de 2010

Poema privado.

Em certos momentos insanos
é que nos damos a conhecer
a crueza de nossas palavras
que vêm para desdizer
tudo o que outrora se disse
e tudo o que se pensou
disse, portanto e ferí
ferí quem não magoou
se irou-me por um tempo
no outro só deu compaixão
por isso te peço, amigo
que me dê o seu perdão.
se quebras a testa ou a venta
com isso eu tenho a ver
por que com raiva fico
da dor que se deixou doer
mas se com raiva fico
não posso te maltratar
agora és um ferido
do chifre tem que cuidar.
Se pra você que lê agora
este meu poema imbecil
e não entendeu nada
vá torcer pelo Brasil
que aqui só é uma amiga
que tem a boca grande demais
e tudo por causa da formiga
que a carregue o satanás
Júnior, não mate mais formigas
largando a venta no chão
eu não sou tua mãe
mas tu me mata de preocupação
vai fazer um filme
vai estudar
que se tu tacar o chifre na quina do puff de novo
e não prometo não te xingar
E findamos assim
a nossa conversação
se tu não me ligar em dez minutos
eu te passou outro carão.



=D

terça-feira, 13 de abril de 2010

Devo confessar

Porque me sinto latanhada pelas unhas de um amor mal curado, que me persegue e há de me perseguir até os dias findos da minha vida, é que choro sem lágrimas nesse momento. Porque não há, em nenhum outro lugar, alguém que me diga que isso irá passar e me mostre com uma certeza absoluta de que não está enganado.

Enquanto choro, ele vive, ama, goza e eu vivo, choro e gozo a dor. Apenas a dor.

Enfeitiçou-me como um homem que me olhou profundamente às cinco da tarde de um dia que eu achei que fosse não terminar. Justamente por que ele era aquele homem, que atravessou o meu caminho e não saiu do meio para que outros ocupassem esse mesmo lugar. Atolou-se na lama de minhas lamúrias, aninhou-se no ventre de minhas angústias e apossou-se do órgão que controla o amor: o meu cérebro.

Que Deus abençoe a minha noite, para que possa dormir em paz. E que mais uma vez, possa ver o dia para ter de amá-lo tudo de novo. Porque se já não sai mais da minha vida, já não sei mais ser possível a vida sem a sua sombra.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Conheceu-se

A cada dia, uma lembrança nova surgia. Ela não imaginou que seu nome não era o que lhe haviam dito. Levantou, pisou os pés descalços no chão frio e uma voz que ela não sabia de onde avisava-a pra que se calçasse. "Pisar no chão com o corpo quente deixa a boca torta!", ouviu.
Uma sensação de familiaridade a tocou e ela sentou no colchão sem capa que tinham dado a ela. Andressa olhou em volta e não reconheceu o seu passado dentro daquele quarto recém rebocado. Pensou que poderia ser tudo um sonho. Olhar pra trás e ver que tudo não passou de um sonho é realmente um sonho, às vezes.
De repente, como que num passe de mágica, o coração voltou a fazer o que teimava há 7 anos. Bater descompassadamente enquanto um frio intenso subia pela sua espinha. Era o retorno do desespero. A garota deitou-se de novo e não pediu ajuda pra ninguém. Aquela seria a última vez na vida em que sentiria aquilo. Seria a última vez que esperava passar, sabendo que voltaria. Isso era a única coisa que ela ainda sabia das velhas reminiscências.
Andou até a cozinha, pegou uma faquinha de mesa, ainda suja de margarina. Lavou-a, mesmo entendendo que não havia sentido em se preocupar com a higiene naquele momento, mas seu instinto nunca deixou que fosse tão porquinha.
Com ódio e com uma profunda tristeza, decidiu apulanhar o seu coração, para que parasse à força. Olhou primeiro pra todos os lados e não havia ninguém daquela família que a acolhera, quando acordou numa avenida movimentada em noite de temporal, suja, com a testa sangrando e trêmula.
Apenas nesse momento, quando a decisão foi tomada, ela fechou os olhos e como sabia que o que a esperava era o descanso eterno, não tesou os músculos, mas relaxou-os inadvertidamente. Foi aí que sentiu que toda ela era agora serena e que o coração parava de bater agressivamente, e passava a bater como numa tarde dormida em uma rede na varanda da casa, com o céu azul e com um vento tranquilo.
A partir daí, abriu os olhos suavemente, tomou consciência de que a vida ainda era possível mesmo assim. Tentou ver onde teve início a sensação ruim e lembrou: quando estava andando à cavalo, na fazenda de um senhor de cabelos brancos. E lembrou que o senhor de cabelos brancos se chamava Augusto e era muito gentil. E lembrou que Augusto tinha um filho chamado Alberto que era muito valente. E lembrou que Alberto criava uma menina muito feliz chamada Manoela e logo se viu num espelho.
Já o coração retornava às batidas fortes, que não eram certeza de morte, mas sim uma profunda certeza de vida. Formigava o seu corpo esbelto dos pés à cabeça, sabendo que agora tinha mais uma razão pra viver e viu também, que mesmo que não tivesse descoberto que ainda tinha essa razão pra viver, ainda assim viveria, pois ao ser humano só cabe viver.
Forçou-se a encontrar a saída. A cozinha já estava cheia de luz, o sol já tinha raiado. Pegou o telefone e digitou aqueles oito números que vieram à cabeça. Uma voz feminina amargurada respondeu e ela já tinha ouvido aquela voz. "Peraí, é a mesma que me disse pra calçar os chinelos!"
Sim, era sua mãe que também se forçava a viver desde que Manoela sumiu no mundo pra nunca mais.

O nunca é sempre demais. O amor e o desejo de viver também. No final das contas, nós é que escolhemos qual das opções queremos pra nós. Se a vida, nos momentos maus, parece nada mais que um punhado de sofrimentos, ela ainda costuma ser maravilhosa e imprevisível. Ainda vale a pena tentar.

Tem amores



Também não deixa de ser uma falta do que fazer. Mas uma falta do que fazer muito digna!

sexta-feira, 26 de março de 2010

A música da vez



Iris - The goo goo dolls

E eu desistiria da eternidade para tocá-la
Pois eu sei que você me sente de alguma maneira
Você é o mais perto do paraíso do que eu jamais estarei
E eu não quero ir para casa agora

E tudo que eu sinto é este momento
E tudo que eu respiro é a sua vida
Porque mais cedo ou mais tarde isso irá acabar
e eu não quero sentir a sua falta essa noite

E eu não quero que o mundo me veja
Porque eu não acho que eles entenderiam
Quando tudo é feito para ser quebrado
Eu só quero que você saiba quem eu sou

E você não pode lutar contra as lágrimas que não estão vindo
Ou o momento da verdade em suas mentiras
Quando tudo parece como nos filmes
É, você sangra só para saber que está vivo

E eu não quero que o mundo me veja
Porque eu não acho que eles entenderiam
Quando tudo é feito para ser quebrado
Eu só quero que você saiba quem eu sou

domingo, 21 de março de 2010

Uma constatação

"Porque por mais que o tempo passe, por mais que eu não o veja, por mais que o mundo mude e nós próprios mudemos, ele é o homem que me habita, não tem jeito." (eu, como sempre, nos cadernos avulsos de toda noite.)


O que se passa nas minhas entranhas nesse momento é a certeza de que o que se vai, também sofre desesperadamente. Mas o que fica sofre mais.
Eu sou a que fui. Estou no lugar de onde ele veio. Agora a visão dele me perturba a todo o tempo, me chamando pra algum lugar do passado que eu não sei mais voltar. Saber que ele é uma certeza me dói.
Eu amo de uma forma, que só de saber que piso agora onde ele pisou, me causa euforia. Eu sou feliz só por saber que ele existe. Isso não é o suficiente, mas já me basta.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Como a vida mudou

Mudou demais. Moro agora em Teresina no Piauí. Curso o curso que sempre quis. Não estou doente, nem só, nem infeliz.
Porra! Pra falar a verdade, eu tô é feliz pra caraleo.
Eu disse que por você eu conseguiria. Pois é, você não sabe que eu disse isso, mas eu disse, há algum tempo atrás. A vida mudou pra mim e só agora eu posso dizer isso.
=D

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Sabe o cachorrinho que corre atrás do carro?

Corre, corre, corre e claro, nunca alcança o carro. Só que um dia um desses carros para. E o cachorrinho pensa: "Mas o que... !?!?" e fica parado, tentando pensar no que fazer a partir de agora.

Dia 5 eu soube da notícia que espero desde os 15 anos. Quando sugerí a uma amiga, que em dúvida da profissão que iria seguir, me perguntou se eu sabia de alguma profissão em que você poderia conhecer muitas pessoas, viajar muito e tal... E eu, martelando com meus botões, respondí, triunfante: "Porque tu não vira Jornalista?". Mal sabia que aquela resposta para aquela pergunta era resposta pras minhas próprias.

Desde então, quis ser Jornalista. Lembro muito bem que o meu sonho profissional anterior era de fazer parte da esquadrilha da fumaça do Brasil (!). Mas quando parei pra pensar que eu tenho medo de altura, entre outros empecilhos, ví que Jornalismo era para o que eu tinha sido feita. Uma vocação, um dom, alguma coisa do tipo.

Desde essa época também, tive bastante trabalho pra convencer os meus pais que eu não seria médica. Nem advogada, nem fisioterapeuta, nem enfermeira, nem nada. Eu seria jornalista e eles teriam que aceitar. Quem foi que mandou me incentivarem a paixão pela leitura e a consequente pela escrita?

Em 2006, eu estava prestes a completar 16 anos. Novinha ainda, uma criança, arrisco dizer. Sobreveio sobre mim a maior tempestade que já enfrentei nessa ainda curta vida: Síndrome do Pânico. Não tenho intenção de descrever aqui o sofrimento que é. No entanto, isso marcou minha vida de tal maneira que hoje, quase 4 anos depois, vejo meu coração contrito por causa dos desafios que agora a vida me colocou na frente.

Moro nessa em Bacabal (MA), desde que me entendo por gente e alguma coisa dentro de mim, dizia que o meu futuro não estaria aqui. Sonhei bastante com esse dia, com a alegria que seria, com as saudades que eu sentiria. Em suma: eu sabia que não seria fácil. Mas eu não achei que seria tão difícil.

Pra quem não sabe sobre a Síndrome, uma das características é a ansiedade descontrolada. O que gera o medo. E só o fato de eu pensar que posso ter uma crise por conta do medo, tenho mais medo. Bola de neve, saca? Ainda bem que eu seguí um tratamento rigoroso e ao contrário das minhas expectativas de 2006, que eram apenas que eu não sobreviveria pra ver o 2007, hoje eu levo uma vida normal.

Assim, pude concluir o Ensino Médio, dar risadas, fazer novos amigos e o mais importante de tudo: enxergar um amanhã livre! Assim, não tive dúvidas de colocar o curso pra uma cidade muito longe, onde não tenho parentes, não conheço nada, nunca pisei na vida. Eu estava com uma coragem absurda, absurda mesmo, que mesmo com os parentes falando de todas as dificuldades, eu dizia: "Eu posso superar!"

E ainda continuo achando que posso. No entanto, meu coração está pesado demais. Penso em como vai ser lá sem minha mãe, meu pai, meu irmão, minha avó querida... Em como vai ser se eu tiver uma crise por lá, sem ninguém pra me socorrer. Eu sei que eu só estou pensando nas dificuldades, e não estou pensando no que aquela cidade me reserva de bom.

Não quero desistir. Não quero mesmo. Estou fazendo de tudo pra me forçar a rasgar a "razão" do meu desespero e partir em paz.

Ontem lí uma coisa que me deu um pouco mais de força: "Pessoas sofridas são perigosas, diz alguém... São perigosas porque sabem que podem sobreviver." (daqui)

Corrí, corrí atrás de um sonho e quando ele finalmente se apresenta possível, eu fico como fico. Mesmo que não acreditem em Deus, eu acredito. Ele vai me dar forças pra aguentar tudo, firme e forte.

Eu posso. Eu já pude muito mais.

***

Agora que pude

Agora que pude, choro o choro dos justos. Tenho orgulho da minha coragem.
2010 foi o ano "improvável" pra mim. Muito do que eu esperava da vida aconteceu e muito do que eu não esperava também. Como eu já disse, me amaram, me fuderam no pior dos sentidos e eu estou aqui. Dá vontade de abrir a janela e gritar: EEEEEUU ESTOOOU AQUIIIII, PORRAAAAAAA!
Hoje, pela noitinha, chorei ao lado de uma amiga que amo.
Dividir emoções... Em um lugar que até tão pouco tempo atrás era totalmente inóspito pra mim...
Já é 2011 e sei que mais coisas estão por vir. Estou até agora (2:35) lendo esses meus antigos textos desse tão estimado blog e lembrando coisas que escrevi nos meus cadernos sem tranca (o meu grande pecado) que eu chamava de diário. Meu Deus! Quanto de vida já passou por mim? Quanto!!!
Olho pra trás e sinto apenas o orgulho de ser quem eu sou. Olho pra frente e sinto medo - por que eu sou eu, né? - mas não me sai do juízo que tudo também há de dar certo.
Eu já falei que eu acredito numa poderosíssima instituição chamada de Vida? Pois é. Pra mim, ela é uma mulher de muitas cores, com um vestido esvoaçante. Ela é faceira, séria, puta, nojenta, sem-vergonha, amorosa, amiga. Ela é tudo. Não ensinaram os nãos pra ela. De uns tempos pra cá eu senti que ela finalmente se apresentou na sua imensidão pra mim. Não só uns pedacinhos, mas eu vi ela toda e percebi que ela é mais bela do que feia. Ela é imperfeita, assim como eu, por isso agora somos amigas, somos irmãs. Eu a agarrei e ela se entranhou em mim. Vida, sua louca, você não me escapa nunca mais!
Sinto-me feliz e realizada por ter podido. Como eu disse nesse dia que escrevi a comparação com o cachorrinho, com o coração tão pesado quanto o do Frodo pra destruir o anel, eu sabia que podia. Ia ser putaqueparilmente difícil, mas eu podia. E eu pude.
Eu já pude muito mais.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Novidades!

Eu, sem ter mais o que fazer e me lembrando que esse blog existe e deve ser lido por mais gente, coloquei o link na LP. A Vã e o Chalaça querem colaborar com o blog e tornar isso aqui um pouco mais movimentado... Porém, enquanto não arranjar uma forma de que eles façam isso por sí mesmos, eu publicarei os textos deles.

E pra começar, um texto belíssimo, que me foi enviado há alguns instantes atrás, escrito "junho do ano passado numa madrugada fria com cigarros e chocolate quente!", da Vã:

A Madrugada e eu

Todo o mundo dorme, exceto eu que apreendo o alento da noite nas curvas que tremem a caneta sobre o papel.
Escrevo sem saber por quais linhas pousam meus pensamentos. Faço anotações num escuro tentador.
A noite, as curvas e a palavra são duvidosas, o que causam em mim uma inquietaçao necessaria.
Busco os cheiros do mundo com olhos arregalados, afobados, de quem tem ansia de vida. De quem pediu e recebeu, e agora, deve crescer para assumir as rédeas do próprio destino.
O mundo dorme, a lua pendura-se pela metade, e eu escrevo letras tremidas, por estradas onde não enxergo.
Em cada letra há uma confiança solta, um descompromisso da escrita fora de linha e das curvas.
Enquanto o mundo dorme, eu firmo os olhos no escuro, assim como quem tem medo, mas não teme se deixar levar pelos buracos da estrada.
Distante do que torna tudo uniforme, eu não me preocupo com o sentido das coisas. Da escrita e do caminho só saberei amanha. Talvez ria de tudo. Talvez jogue fora. Talvez mostre a alguem. Ou até coloque no blog tornando publico, quem sabe. Por hora, colocarei a tampa na caneta. Fecharei o caderno e os olhos.
Distante de tudo que acho que é, mergulharei por inteiro na noite e repousarei com o mundo, sem pressa, sendo o que sei ser de melhor, eu mesma.

sábado, 2 de janeiro de 2010

2010 e eu


Esse ano será cheio de viradas radicais...

Termino meu curso... e por mais que eu esteja adiando isso, terei que ser uma mulher adulta ¬¬

É que ser estagiária, embora seja um trabalho com responsabilidades e tal e coisa, dá uma sensação de liberdade... Uma impressão de juventude...

Tem a convivência com as meninas da faculdade que diminuirá... A perda da minha carteira de estudante ( até a pós, ou outra graduação ou sabe-se lá)..

Muitas coisas boas tb, eu sei... Meu maninho que começará uma nova etapa...

As novas e maravilhosas pessoas que eu ganhei da vida em 2009 e outras que virão em 2010 ( eu espero)...

Os planos são muitos...

Desde as básicas promessas de Ano Novo: emagrecer, me exercitar, ser mais organizada, ler mais...etc etc...

Até essa nova disposição em mim...

A de tomar nas minhas mãos a minha vida...

Ela me parecia meio solta, aos cuidados do acaso, de Deus ou da sorte...

Entendi um dia desses que a vida é minha e eu devo tomar conta dela, muito bem...ao que me consta eu só tenho uma!!!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Coisas que se aprendem ocasionalmente (ou não)*

Bacabal, 25 de Outubro de 2009.

Deve ser 1:00 hr de 26.


Apesar de eu sentir-me tentada muitas vezes a acreditar no "destino", quando paro pra pensar racionalmente (sim, porque se pode pensar com a emoção também), vejo que o mesmo não existe. Bom, não é que não exista de fato. Pode até existir, mas tenho que admitir que nossas decisões são o nosso destino. Tenta-me muito mesmo pensar "que estava tudo escrito", mas não está. Não está!

Ah, outra coisa: se pode mudar. E como se pode mudar. Veja a sua vida de dez anos atrás e repare em quantas coisas mudaram desde então, tantas que você nem imaginava. E em tantos aspectos...
Muitas pessoas acham que existe uma "natureza interna" da qual não se pode fugir. Bom, não sou profunda conhecedora do ser humano, mas se existe uma boa desculpa no mundo é a que: "não pude fugir da minha natureza... Foi mais forte do que eu"!

Nunca ninguém pode saber o que teria acontecido. Só se podem fazer especulações. Existem coisas que para o conhecimento, apenas a vivência é capaz de ensinar.

Bom, como se pode mudar, não podemos dizer que algo seja eterno. Podemos supor que seja - em alguns casos, torcer - mas sempre caímos na mesma teia de nossas esperanças que nos castigam quando não se concretizam, pois poucas coisas no mundo são mais tristes do que esperar o que, simplesmente, não vai chegar. Mas ao mesmo tempo, também existem sentimentos incrustados. Pessoas incrustadas, tal flepa na carne. Coisas que dão a sensação de que não vão curar.

Também não quero dar a impressão de que tudo seja efêmero. Algumas coisas realmente duram muito, duram mesmo pra sempre, pro nosso sempre, que é até a hora derradeira. O que eu quero dizer é que não podemos simplesmente acreditar que dure. Talvez dure. Tomara que dure, mas pode não durar.

Uma pessoa me desagrada muito. Ok! Eu posso abrir a boca para dizer: "Eu não gosto dessa pessoa"! Mas não é muito sábio abrir a boca e dizer: "Eu nunca gostarei dessa pessoa"! Porque pode acontecer que se mude de ideia um dia. A vida tem uma constância tão volúvel, que o que parecia eterno pode se desfazer por causa de um sonho.

A maturidade é como um carro com os faróis virados para trás. Quando a temos, as oportunidades para usá-las já ficaram no passado e, ironicamente, por causa delas mesmo é que podemos reinvindicá-la. Não é necessariamente uma questão de idade, contudo, é óbvio que alguém que já viveu mais tempo teve mais oportunidades. Mas não são somente as experiências que nos dão-na. Em suma, é o que fazemos com elas que nos ensinam alguma coisa.

O inteligente aprende com seus erros, o sábio aprende com os dos outros. Eis o privilégio dos mais jovens! Economizar anos e anos por causa da lição contida na história da vida alheia. Infelizmente, é característica do ser humano querer ver se o fogo queima mesmo ou se é balela que os outros estão contando.

Existem pesssoas que não fazem sentido. Não se apaixone por elas!

Jamila Carvalho.




*livremente inspirado em "O Menestrel" de William Shakespeare. Óbvio, não dá pra comparar... rs

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Virtual(mente)





De onde vim? Pra onde irei? Não sei
Nada está no mesmo lugar
Meus olhos no espelho, ainda estão vermelhos
Não agüentam me ver chorar

Eu daqui, você de lá
Encontros virtuais todo dia
Já nem sei no que vai dar
Nossa paisagem nova, pop filosofia

Outra realidade pra anestesiar
Nossa viagem sem sair do lugar
Eu sei que o nosso amor ainda navega
Mas tudo que eu grito não chega aos seus ouvidos

Nada mantém o meu coração refém
Preso no espaço sideral
No abismo da rede, ondas que vão e vêm
Alimentando o amor ideal

Tudo bem, tudo igual
Novamente sem seu sorriso
Até amanhã, e ponto final
Pra ir pro paraíso, tudo que eu preciso é

De outra realidade pra anestesiar
Nossa viagem sem sair do lugar
Eu sei que o nosso amor ainda navega
Mas tudo que eu grito não chega aos seus ouvidos

Eu, numa ilha, sem balanço do mar
Mal, minhas garrafas sempre voltam pra cá
Talvez tudo vá se encaixar
Mas sei: solidão a dois, nunca mais

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Parabéns Chay!!!!


Vou falar dessa impressão que se tem na adolescência de que aos 30 anos estaríamos velhas. Nós, mulheres do século 21, ou seja, nascidas entre 75 e 85 do século PASSADO, que a essa altura do campeonato(2009) ou já estão estabelecidas ou estão se estabelecendo... Certamente, ao menos, sabem muito do muito que desejam.

Não tenho 30 anos ( estou a caminho e já vejo a pontinha da montanha no horizonte), como falar desta idade tão especial?


Ora, minha Chay está fazendo 30 aninhos hoje!!!!! \0/

E embora ela seja uma referência pra mim desde seus 22 anos, ver esta mulher, hoje uma balzaquiana, é uma honra e um prazer!

Minha amada Dandan... Sei que você sabe que a sua felicidade diária é tão importante pra mim quanto a minha...

E todo amor que dentro de mim pode haver hoje emana em sua direção com os mais fortes desejos de alegria, saúde e realizações!!!


Vamos comemorar até o fim do ano!!!!!!

domingo, 13 de setembro de 2009

Nunca te deixarei sozinho



Eu deveria mesmo não deixar que o tempo passasse, mas está passando. Eu penso que não, mas está. Coitados de nós, pobres mortais, que não temos todo o tempo do mundo... (ou seria a eternidade uma maldição?)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sabe aquelas situações que você vive na sua vida, e que por razões que ninguém sabe responder, ficaram marcadas? Situações incrivelmente banais, ou até mesmo com alguns resquícios de heroísmo, ou qualquer outra coisa do tipo, que não saem da sua cabeça, mesmo que se passem os anos? Então... Fiquei me lembrando delas hoje. Dentre as perguntas que me surgem quando eu penso nelas é o porquê que justamente elas, ficaram marcadas, no meio de tantas outras coisas mais importantes e mais interessantes que eu já ví.
Vou compartilhar algumas, mas não espere muita coisa, certo?

Certa vez eu estava voltando da escola com o meu pai. Isso da época que ele ainda ia deixar eu e o meu irmão na escola, de bicicleta. Em certa altura do trajeto, numa esquina de uma outra escola da cidade, tinha um pequeno aglomerado de pessoas, todas ao redor de um rapaz de seus 15, 16 anos. Ele tinha roubado uma bicicleta e o dono correu atrás dele e conseguiu pegar. Alguns populares ainda deram uns tapas no rapaz, que chorava e pedia até pelo amor de Deus pra não levarem ele pra polícia. Mas o dono da bicicleta estava irredutível e ficou segurando o rapaz até a polícia chegar.
Eu devia ter uns 11 anos. Na hora que passamos, eu olhei de longe e perguntei pro meu pai o que poderia ter sido e ele logo reconheceu o que era. Eu disse: "Éguas! Que massa!" E comecei a rir da cara do rapaz. Meu pai não riu, mas não ralhou como de costume, disse apenas que não imaginava a vergonha que aquele rapaz, claramente arrependido, deveria estar sentindo naquele momento...


Eu estudei numa mesma escola durante 11 anos. Desde o 1º período do jardim de infância, até a 8ª série. Em um recreio de algum dia de todos esses dias, eu derramei suco no uniforme de uma amiga, em plena segunda-feira, ou seja, a farda tava tinindo de limpinha. Suco de cajú ainda por cima, que deixa uma nódoa desgraçada. Na hora que o suco caiu, eu esperava até que ela fosse me delatar na secretaria, e por causa disso eu ia ser expulsa, presa, exilada, essas coisas... Ela começou foi a rir e disse que não tinha problema, ela tinha duas fardas. Talvez isso tenha me marcado tanto, porque eu acho que não teria tido essa generosidade, se fosse o contrário. Acho que essa foi uma lição de como ser alguém melhor.

Lembra da enchente desse ano, que terminou de lascar alagou o Maranhão? A minha cidade em especial... Um dia eu e alguns amigos da Universidade fomos ver o rio. No meio daquelas pessoas que estavam saindo de suas casas para os abrigos e mais outros curiosos, passou um senhor, com o olho muito vermelho, que nos viu fardados e nos parou. Dois colegas eram homens, mas nós, as mulheres, ficamos com medo. Quer dizer, todo mundo ficou com muito medo, mas os rapazes tinham uma reputação a zelar... rs
Ele falou pausadamente, como se fosse um cirurgião que tivesse que pesar a força do punho pra fazer o corte na profundidade certa: "Vocês... Vocês acham que é justo o Prefeito estar naquela casa, andando de carro importado, e nós perdermos tudo o que a gente fez durante a vida toda?"
Não, Senhor. Não acho justo e nem acho que foi culpa sua que isso tenha te acontecido. Pelo contrário, o senhor é uma vítima.
Pena que ninguém teve coragem pra responder nada. Vinha um caminhão e o homem teve que sair do meio. Acho que a cara daquele senhor vai ficar pra sempre marcada. O corte foi bem feito.

terça-feira, 18 de agosto de 2009


Vai sim, vai ser sempre assim
A sua falta vai me incomodar,
E quando eu não agüentar mais
Vou chorar baixinho, pra ninguém ouvir.
Vai sim, vai ser sempre assim,
Um pra cada lado, como você quis
E eu vou me acostumar,
Quem sabe até gostar...*
Mesmo que eu tenha que mudar
Móveis e lembranças do lugar,
O meu olhar ainda vê o seu
Me devorando bem devagar.
Vem, que eu ainda quero, vem.
Quando menos espero a saudade vem
E me dá essa vontade, vem
Que eu ainda sinto frio
Sem você é tudo tão vazio
Vem me dar essa vontade,
Vem que esse amor ainda é meu.
Troco todos os meus planos por um beijo seu
E essa noite pode terminar bem
.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Casa dos horrores

Assistir o jornal é praticamente um tapa na cara. Dizem-me que eu sou uma idiota, otária, imbecil, burra, e que finalmente, tomei no toba. Mas não posso dar o dedo pra esses filhos da puta, então toma:

VÃO TUDINHO CAGAR DE CU PRA CIMA, BANDODEPORRA! MORRAAAAAAAAAAAAAAM!

Pronto, pronto... calma, respira, respira...


UPDATE: Lembrar de nunca mais escrever nada neste (nem em algum outro) blog, com o fígado. Perdón! Ninguém precisa(va) ler os meus pitis...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Mais páginas de mim mesma

19 de Julho (supondo isso). Com certeza mais de uma hora da manhã de 20. (Uma suposição com mais embasamento.)

Querido diário, hoje acho que seja mais necessário dizer-te mais coisas da minha própria alma do que assuntos relacionados ao dia. Preciso colocar isso em algum lugar, não quero mais uma noite de sono perdida, com isso vagando nos meus sonhos.
Muitas vezes eu penso sobre as coisas da minha vida, tento analisar e na medida do possível, buscar respostas pras minhas perguntas. Tu sabes disso, muitas vezes isso aconteceu às essas horas da noite, escrevendo tudo aqui. Sabe, e vendo bem de todos os meus problemas, ou da maioria imensa deles, sabe qual é o ponto comum entre todos? O medo.
Eu sei muito bem que pra vencê-lo é necessária a exposição. Mas pouca gente sabe o quanto é difícil isso. Tenho buscado, depois daquele grande velho problema, manter-me sempre no que eu resolví denominar de "eixo", ou seja, conseguir ser senhora de minhas emoções. A tranquilidade habitual é o que não pode escapar da minha mão nunca.
Esse medo é algo totalmente devastador, impede-me de viver, sufoca os meus sentidos, me tira da realidade. Todas as vezes que algo quer me tirar desse eixo, eu já sei bem o que fazer: fugir, fugir e fugir de tudo o que pode me levar a ir ao seu encontro.
Não respeito o medo, mas sou submissa à ele. Sou uma escrava de seus desmandos. Eu tenho a pretensa e tristíssima impressão que comigo é diferente do que outras pessoas sentem, que é um medo normal, que não aprisiona, mas freia de consequências piores. Eu não tenho que enfrentar apenas ele, mas o seu superlativo. Pouca gente sabe o que é isso. Ainda bem! Não queria um mundo onde todos fossem prisioneiros.
Mas se a única solução que existe (aliás, a mais cruel) é sentir o medo, se expôr à ele, e eu não consigo não fugir, o que fazer? Ora essa, fazer o que tem que ser feito: ter coragem (que é justamente a ausência do medo) e ir. Algo totalmente paradoxal.
Eu fujo porque eu sei o que ele é capaz de fazer. Eu fujo porque eu já fui vítima de uma situação muito mais catastrófica, e o meu pior medo é de um dia retornar à ela. Soma de medos, entende?
O que me adianta saber disso, meu Deus? Ter consciência de uma coisa se eu não consigo usar isso para solucionar? Ainda assim, eu sei que não é em vão. Ainda assim, ainda existe fé (confesso que em mim mesma) de que um dia isso vai mudar. Coisas tão grandiosas só podem trazer resultados grandiosos também. Ainda bem que de todoas as desgraças, a pior é a que não se aprende nada com ela.
Sei que ainda posso superar, mas sei que sou a minha pior oponente. Nesse caso, só depende de mim. Eu já cansei dessa situação, algum preço tem que ser pago, infelizmente, muito alto.
Não posso fugir pra sempre, nem me lamentar pro resto dos meus dias. Isso tomou muito mais de mim do que deveria. Eu só espero me lembrar de tudo o que escreví da próxima vez que me confrontar com outra situação que queira me tirar do eixo. Entender e não fazer, é não entender. Adaptando Ghandi.
Acho que consegui colocar mais esse expurgo pra fora. Infelizmente, hoje minha memória pra daqui a muuuito tempo, vai ficar só nisso. Tomara que leia isso com um sorriso nos lábios e dizendo: eu consegui!

+ de 2, com certeza!


Boa noite pra mim, Jamila.

***
Acho que se tem uma grande vantagem em se ter um diário, é que nele você pode simplesmente expurgar. É um amigo, sem dúvidas, dos mais reais. Nele, eu mesma me explico. Aonde que um dia eu imaginei ter um diário, principalmente que começasse com "querido diário"? Sempre achei uma pataquada de menininhas fúteis e mimadas e ví que estava completamente errada. Ainda bem, não poderia ter tido melhor idéia.
De novo, não tem alteração de uma vírgula sequer, mesmo que a tentação seja imensa. Seria injusto com o papel e a caneta...

sábado, 1 de agosto de 2009


Vem meu amor
Vamos invadir um site
Vamos fazer um filho
Vamos criar um vírus
Traficar armas
Poemas de Rimbaud...





Vem meu amor
Vamos invadir um site
Vamos fazer um filho
Vamos criar um vírus
Traficar armas
Escravos e rancor...

A vida é boa
A vida é boa
A vida é bela
A vida é boa
A vida é boa
A vida é bela
Quem teme um tapa, não
Não põe a cara na tela...

Como diz meu tio
Estelionatário
Ladrão que rouba ladrão
Tem cem anos de perdão
Malandro também tem
Seu dia de otário...

Vagabundo acha que eu tô rico
Nêgo pensa que eu sou bacana
Bacana! Bacana! Bacanão!...

Quando a barra aperta
Eu faço bico
Eu aplico
Eu não fico sem grana
Sem grana! Sem grana!
Sem grana não!...

Eu me viro daqui
Eu me arranjo de lá
Quem só chora não mama
No meio do pega prá capá...

Malandro que é malandro
Não teme a morte
Malandro que é malandro
Vai pro norte
Enquanto os patos
Vão pro sul...

Vem cá, vem ver
Como tem babaca na TV
Vem cá, vem cá
A vida é doce
Mas viver tá de amargar...

Baby eu te espero
Para o chat das cinco...

Quem sabe, sabe
Quem não sabe, sobra...

Baby eu te espero
Para o chat das cinco...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Eu nunca fui uma moça bem-comportada.



Eu nunca fui uma moça bem-comportada.
Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida,

pra paixão sem orgasmos múltiplos ou
pro amor mal resolvido sem soluços.


Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo.
Não estou aqui pra que gostem de mim.

Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho.

E pra seduzir somente o que me acrescenta.
Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra.
A palavra é meu inferno e minha paz.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.

Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.


Por isso, não me venha com meios-termos,com mais ou menos ou qualquer coisa.


Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...


Eu acredito é em suspiros,mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis,
em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.

Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma,no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.

Eu acredito em profundidades.

E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou.


Maria de Queiroz

domingo, 5 de julho de 2009

A triste história de Pirró

Pelo que contam as pessoas desta estimada semi-circunferência (ou círculo?) do globo terrestre, hei de contá-los a triste história de Pirró. Um rapaz que foi além do limiar da infelicidade, por causa duma disgramada!
Rapaz cativante, por onde andava distribuia seu carisma e seu charme pra quem quer que fosse, tinha uma legião de fãs, porque além de bonito, era calmo, transparente, engraçado e tinha um sorriso que aaave maria! Que sorriso era aquele...
Dizia-se que aquela alegria que ele espalhava era por causa dela, do seu grande amor, um amor tão forte, tão bonito e tão profundo, que só Afrodite compreenderia e ainda assim, ficaria com ciúmes, pois nenhum de seus feitiços conseguiria desvirtuá-lo. Essa moça era uma graça... Era tão bonita e dizia a Pirró que seus filhos seriam cinco ao todo, três meninas e dois meninos, todos com cabelos castanhos e de olhos negros. Ela disse que só tinha se apaixonado porque o olho dele era negro, muito negro. Aquela coisa de não saber o que é menina do olho, o que é íris a fisgou.
Eles iam se casar, e ele tinha uma melhor amiga, Lena. Saíam, se divertiam, e o elo deles era excelente, toda a parentela de Lena era doida pra que eles namorassem, afinal, um bom partido não se pode deixar passar assim. Pena que a amiga também fosse amiga da namorada de Pirró.
Num casamento, a primeira garota citada foi, flertou com o noivo. Uma semana depois, deu pra ele. Fez o favor de dizer tudo pra Lena, depois ainda levou o amante pra conhecê-la.
Lena ficou naquela do "conto ou não conto?". Quer dizer, já imaginou se ele não acredita? E se acredita e mesmo assim aceita, ou se não acredita e não aceita, mas não quer mais falar por ter destruído a sua melhor ilusão?
A prima de Lena insistiu tanto que ela contasse pro rapaz, que ela acabou concordando, sabendo que era o seu dever de amiga, reuniu toda a coragem e foi na casa do rapaz.
(O pior que a gente sente quando algo não vai bem. Talvez, no fundo, no fundo, a gente sempre saiba.)
Na primeira vez que ela foi contar, o rapaz teve que sair pra um "compromisso" que ele tinha esquecido, às pressas, deixando suas desculpas e prometendo que escutaria tudo com muito prazer depois. Na segunda vez, outro empecilho. Na terceira, um: "Relaxa, Lena, depois você me conta, a gente não vai ver o filme?". Até que a pobre não se viu com mais coragem nenhuma...
Depois de muitas tentativas, a prima forçou. "Vem cá, Pirró! A Lena quer falar uma coisa muito importante contigo!". Não teve outra: um rapaz desorientado, que corria de um lado pro outro e que parecia não poder ouvir nem enxergar. Depois ele se lembrou que tinha voz e começou a gritar. Na mesma hora, antes do sangue esfriar, foi na casa da querida e pediu o colar de ouro que era o símbolo do amor (dele!).
Algum tempo depois, numa boate, eles se esbarraram: Lena com Pirró e Ela. A garota, com a consciência mais baixa que o carpete, pediu pra colocarem no letreiro da boate: PIRRÓ, POR FAVOR, ME PERDOA!
Na mesma hora, Pirró começou a chorar, foi correndo onde ela, a abraçou e se beijaram, rodando, no meio de um círculo que fizeram pra aplaudir e admirar. Foi só o tempo de o rapaz ir em casa deixar um amigo, a ex tava se agarrando com outro cara, e nem se deu o trabalho de escapar das vistas de Lena. Ele veio e viu e mais uma vez, sangrou. Pediu explicações, mas ela só respondeu que tinha pedido perdão, não pra voltar. Dilacerado, chorou de novo o maior amargor de sua vida, que foi ser feito de idiota duas vezes pela mesma mulher.
A transformação foi horrenda. Do cara que sabia todas as piadas de pontinho ao cara que foi preso por brigar numa balada e quase perde a mão, duma garrafada.

Triste história verdadeira de Pirró. Eu soube ontem, pela prima que forçou Lena. Apesar da história pertencer aos donos, julgo muito mais sábio aprender pelas histórias alheias, pena que a gente seja que nem a criança que ainda não sentiu a dor do fogo e não sabe que queima, sempre querendo viver também...

domingo, 28 de junho de 2009


Eis-me aqui...VELHA!!!



Aqui estou...não tinha planejado escrever nada pra marcar essa data, esse marco, essa coisa de ter 25 anos... Não planejei justamente por ser essa pessoa, essa mulher ( não acho que posso mais me chamar de moça com 25 anos, embora me tratar como mulher ainda soe esquisito), não planejo quase nada...e nada a longo prazo...MENTIRA!!!!

Estou planejando a festa da minha formatura que será em 31.07.2010...e estou fazendo assim por não ter como ser de outra maneira... essa porra de festa vai ser cara pro meu padrão financeiro modesto ( pobre é lasca).
Enfim... Chegando a esse dia, 30.06.2009, eu posso me dizer uma pessoa feliz...cheia de problemas, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes...

Citando grandes poeteiros: NÃO SEI DIZER O QUE MUDOU, MAS NADA ESTÁ IGUAL! O.o

Poderia também citar grandes nomes da literatura, dos grandes pensadores do século XX...mas não... Aprendi ao longo dessa minha nada mole vida que, eu não quero ter medo de parecer assim ou assado... não tenho que pensar em mim de fora pra dentro... Entendi por fim que EU TENHO MEU RITMO...espero que seja por muito tempo...um RITMO DE FESTA...na verdade tenho apenas essa vontade a longo prazo..Ser feliz pra sempre!!!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Um problema



Tenho um grande problema em escrever: sou transparente demais. Escrevo e meus textos são crus e simples, terrivelmente compreensíveis. Não consigo não me mostrar demais, não consigo esmagar de palavras as entrelinhas, como disse a poeta. As entrelinhas não existem, ou suponho que não existam... Ou simplesmente, elas não acontecem num escrito meu.
É quase que como escrever no meu diário: como se apenas eu fosse ler aquilo, e por isso, estivesse tentando me compreender - obscuridade nesse caso seria tolice - e isso por vezes me aborrece.
Quando eu tento parecer mais prosaica, ou romântica, ou nostálgica, eu consigo. Mas o que me irrita é que eu não estou tentando parecer, eu estou sendo mesmo! Tenho que parar de ser tão intensa, dissimular é preciso.
Talvez caiba a comparação com a nudez. Escrevo como se tivesse me despindo pra um espelho, um gesto banal, não como se tivesse tirando a roupa sensualmente para um moço...rs
Bom, o que mais me conforta é saber que essa clareza toda que eu demonstro será proveitosa se um dia eu virar mesmo a Jornalista que eu sonho (ava) ser...

Isso seria falta de sexo?

sexta-feira, 17 de abril de 2009


Quem é que surge
De algum lugar lá do céu
Se movimentando
Rapidinho como um vaga - lume
Se algum problema você encontrar
Quem é que aparece
Pra ajudar?


Os Ursinhos Carinhosos
Estão ai pra ajudar
Se precisar é só chamar
Os Ursinhos Carinhosos
Estão ai pra ajudar
Se precisar é só chamar
5,4,3,2,1

terça-feira, 31 de março de 2009


acho que a vida anda passando a mão em mim

a vida anda passando a mão em mim

acho que a vida anda passando

a vida anda passando

acho que a vida anda

a vida anda em mim

acho que há vida em mim

a vida em mim anda passando

acho que a vida anda passando a mão em mim

e por falar em sexo quem anda me comendo

é o tempo

na verdade faz tempo mas eu escondia

porque ele me pegava à força e por trás

um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo

se você tem que me comer

que seja com o meu consentimento

e me olhando nos olhos

acho que ganhei o tempo

de lá pra cá ele tem sido bom comigo

dizem que ando até remoçando


Do livro Pensamento do Chão, de Viviane Mosé

quinta-feira, 26 de março de 2009

Blues do ano 2000 - CAZUZA na voz do MOSKA


Se até o ano 2000 o mundo não acabar
E eu estiver vivo na rua ou num bar
Eu vou pra sempre te esperar
Blues é assim, baby

Blues é assim
Blues é assim, baby
Blues é assim


Quando eu estiver velho, tarado e gagá
Com um copinho de cana eu vou lembrar
Do teu gingado, e os meus olhos vão brilhar
Blues é assim, baby

Blues é assim
Blues é assim, baby
Blues é assim


Mesmo que outras pessoas eu venha amar
E encontre com elas um pouco de paz
Eu vou pra sempre te esperar
Blues é assim, baby
Blues é assim
Blues é assim, baby
Blues é assim
Estou com uma tremenda saudade do Cazuza...

segunda-feira, 23 de março de 2009

Me deu uma louca vontade de...

Escrever. Não me pergunte o motivo, óbvio é que eu não sei de nenhum. Parece que o impulso aconteceu comigo desta vez. Matar uma aula de vez em quando não dói, a não ser que eu ainda tivesse na quarta-série e minha mãe descobrisse. Certa vez eu matei aula no Ensino Médio e fiquei o horário inteiro escondida no banheiro feminino, foi aí que se deu o desassossego: a coordenadora entrou e me pegou no flagra e quem cabulou do lado de fora, na maior cara de pau, brincou de vôlei, baleada, tacobol, penalinha guerriô e esconde-esconde. (Sim, estamos falando de ensino médio.) E eu me fudí. Tudo bem, aprendí a lição.
Nunca mais cabulei aula. Agora estou fazendo-o e meu pai nem me perguntou porque que eu não fui pra Universidade, ele só me olhou aqui e capotou no quarto ao lado, e eu estou vendo-o daqui. (Vou tirar uma foto disso.) Cena boa essa de paz, mesmo que provisória e até um pouco instantânea, não deixa de liberar umas morfinas no cérebro da gente. (Olha eu pagando de cult)
Drugs, a cachorra começou a latir e eu esquecí o que eu ia digitar! Vou atender a porta.
Atendí, era só uma pessoa que eu não conheço perguntando pela minha mãe.
Voltando... ao assunto da Universidade né? Não fui porque não dava mesmo, uma amiga me ligou de manhã e disse que era pra eu levar o relatório da pesquisa, que eu não fiz. Agora maquino uma desculpa esfarrapada.
Ah, a propósito, eu tirei a foto. Acho que vou sentir saudades quando eu não puder mais ver meu pai dormindo de calça depois do almoço, mas calma Jamila, você ainda tem alguns meses por aí. (Não, eu não pretendo morrer.) Só acho que o meu tempo nessa cidade já deu, infelizmente. Vou sentir saudades desse lugar, apesar de saber que ele vai continuar uma bela bosta, vou sentir saudades. Desculpem, estou um pouco blasé hoje, maldição! Deve ser a tpm. Sou muito nova pra sentir cólicas e tpm.
Ainda tendo certeza que vou chorar longas noites com saudades, é o jeito. É melhor pensar que estou pra viver os melhores dias da minha vida, já que os piores já passaram. Ah não, tem a falta de dinheiro também... Droga!

Acredite, essa resma tava cheia há uma semana atrás; gastei toda a tinta da impressora imprimindo baboseiras. Engraçado como ele faz isso todo dia e quando se acorda, pergunta as horas, invariavelmente, mesmo tendo um relógio no pulso.
E o gran finale: A cachorra acaba de deixar um presente no chão do quarto.
Fim do impulso.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Alguns versos tristes

(Não, não é esse o nome do poema, na verdade eu não tenho a mínima noção de como seja o nome do poema.)

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

Pablo Neruda.

Às vezes eu me sinto assim, tentando encontrar o último momento da dor. Mas é aí que eu me engano redondamente, porque procurando o último momento, eu estou prolongando-a. Mas é algo que não tenho como fugir, eu só sinto, sem querer. E parece que tudo é pior quando as lembranças vem e mudam nossas feições repentinamente, tudo de repente se torna frio, mesmo com o pulsar violento do coração.
Não sei, queria eu ter a força de Neruda pra dizer que são as últimas linhas que escrevo por ele... Mas essas são as únicas que alguém possa ler.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Tolice

Vivendo sossegadamente,
E alguém diz: ainda chegará a tua hora
De encontrar o grande amor.
Espera, não demora.
E ficamos nesses termos,
Esperando e sempre esperando,
Com o coração apertado
Quando se conhece um novo rapaz.
As perguntas, enfim:
É esse que não vai me deixar dormir?
É com esse que sonharei?
Beijos escondidos recheados de paixão,
Que põe o corpo em sério perigo
De alguma violação?
De sentimentos enchem-se nosso viver,
E passam e alguns ficam por obrigação
E abalam tudo o que nos possa deixar em paz
E andamos sempre em algumas ledas ilusões,
Na expectativa do grande dia chegar,
E vivemos sempre nessa tola esperança de encontrar esse alguém.
E é tola justamente por esperarmos.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Duas páginas de mim mesma

Bom, já é dia 1 de Fevereiro, mas só fazem duas horas, ainda não conta.

Fico me perguntando o que minha mãe pensa.
Realmente não sei. Sei tudo de como ela se comporta, e em cima disso, fico fazendo cálculos de como será o pensamento dela, mas no final de tudo, não posso afirmar nem desafirmar nada.
Me tomo como exemplo disso, eles podem até saber como eu me comporto, mas nem sonham de todos os meus verdadeiros pensamentos... por quê isso? Por quê esse abismo todo criado na nossa família? Quem foi que o construiu, por quê todo esse muro que nos cerca?
Estou tentando fazer desta noite algo produtivo, quer dizer, fazer pelo menos um dos trabalhos que eu preciso entregar nessa semana, por que acima de tudo, tenho certeza de que amanhã não farei absolutamente, eu me conheço, e prefiro perder essa noite de sono.
Mas por qual razão minha mãe simplesmente não consegue nem dormir, sem que eu durma - ou melhor, sem que esteja deitada naquela cama também? Por que não simplesmente, deitar e dormir o que tem direito, como o Pai está fazendo agora? (claro que não sem antes brigar também)
Esse tipo de coisa me incomoda tanto! Como pode ser que eu quero ser livre, se nem ao menos na minha própria casa eu posso passar uma noite acordada estudando? Será tão difícil assim pra eles saberem que eu não posso ser assim tão encabrestada?
O que eu tenho que fazer pra conseguir a minha independência? É isso que eu me pergunto... será preciso que eu case? Que vá embora dessa cidade? (Se bem que eu tenho a plena certeza também, de que mesmo à distância, o controle vai persistir e isso me dá sérios calafrios.)
São tantas as perguntas que eu me faço nessa hora... e delas eu julgo saber a resposta, sem , de fato, ter plena certeza, mas tudo me leva a crer que é apenas pra me manter no controle, pra eu ter na cabeça que ém que manda, pra eu saber que não sou adulta, pra eu saber que eu não sei de nada da vida, que não sou esperta o bastante, que ainda não viví nada e por isso não estou nem minimamente pronta pra nada.
É essa a sensação que eu tenho, que a maioria das ordens que eles me dão são apenas pra isso: pra me deixar cônscia disso. Pra eu escapar dessa minha segurança de que tudo depende de mim, pra eu parar de pensar que ninguém pode efetivamente me levar pra qualquer caminho, sem que antes eu queira também ir por ele.
Eu mudei. Mudei demais.
Talvez tenha mudado intensamente em um curto espaço de tempo e eu sei que isso também os assusta, mas eu não tenho tanta certeza de que eles saibam o tamanho e a profundidade dessa mudança, desse incômodo que eu sinto todos os dias que acontecem essas pequenas coisas, esses sutis avisos... ou será que apenas eu interpreto-os dessa forma?
Eu não sou mãe, mas posso apenas imaginar o quão difícil seja pros pais deixarem que seus filhos enveredem pelos caminhos que escolheram, eu tenho a sensação que os pais acham que eles estão abandonados à própria sorte à espera de algum predador que sinta os seus cheiros. Mas, por Deus, eles já deveriam estar se preparando pra isso e preparar suas crianças pra isso também, pra hora de tomar novos rumos.
O que eles querem que eu vire? Uma mulher de meia idade que viva com um marido medianamente fiel e que a trate medianamente bem e que more aqui numa ruazinha próxima e que todas as tardes traga os seus netos pra eles paparicarem? Sim, que disse que isso não é bom? É! É muito bom sim! Mas não é o melhor! Não suporto imaginar que minha juventude, minha força e meus sonhos podem se perder nessa vida, dessa mesma maneira, desse mesmo modo, sem nenhuma perspectiva, sem nada de novo no horizonte, apenas para garantir o conforto da segurança, da estabilidade... mas é tudo tão difícil pra mim quando eu acabo de ver minha mãe se acabando de chorar no quarto ao lado, apenas pela minha recusa em deitar no horário que ela mandou.
Minha cabeça se enche de porquês nesse momento. Como eu posso ter forças pros piores momentos da minha vida, como eu posso ultrapassar sozinha as montanhas, se os meus próprios pais me impedem e nem ao menos se dão conta disso? Achando que isso é pro meu bem?
Várias vezes me sentí como em uma redoma de vidro e pra onde quer que eu grite o som sempre vai voltar pra mim mesma, várias vezes achei que a qualquer momento eu poderia explodir e deixar que a fera da minha língua dominasse tudo em mim e plantasse o ódio mais uma vez.
Meu desespero é sem tamanho quando eu vejo todo o meu futuro, toda uma gama de possibilidades e de oportunidades que podem ser abertas pra mim - e que eu sou perfeitamente capaz de conquistá-las - podem acabar perdidas por aí, sem que eu posso usurfruir e eu viva apenas nessa vidinha que os meus pais levam, boa e medianamente confortável.
Acho às vezes que a vontade deles é que um dia eu acorde e veja que isso tudo é apenas frivolidade, apenas algo passageiro, temo mesmo que a cham em mim se apague e que eu acabe achando mesmo que o melhor pra mim é isso, isso que eu vejo todos os dias nesse lugar. Temo ficar imersa nesse pensamento e são nessas pequenas e cotidianas situações que eu me pego pensando nisso tudo e mais um pouco do que eu escreví. Infelizmente, aprendí desde cedo a controlar meus sentimentos e me cerrar em minhas emoções, aprendí a desde cedo a ser valente em muitas horas, mas nessas horas ser apenas uma covarde no meio da multidão. Não há como não se entristecer por isso.
Agora, que o choro dela está mais convulsivo e minha cabeça está doendo tanto que eu poderia espocar, vou mesmo dormir - ou pelo menos tentar - já são 3:15 da manhã e já não tenho mais forças pra "lutar". Mais uma covardia que alimenta o comportamento deles, mais uma vez que me dobro ante àquilo que eles julgam ser o certo.
Eu só vou dormir, mas parece que volto de uma batalha, da qual não fui vitoriosa.
Só espero que o dia de acordar e achar que tudo é frivolidade nunca chegue e que eu nunca me lembre disso com o mínimo de vergonha por ter sido tão ingênua. Isso nunca!
Talvez, a convicção (por que não a esperança?) de meus pais é que um dia eu tenha uma filha como eu. Eu já respondí uma vez: "pelo menos eu a entenderia".
Eu ainda não desistí.




(isso já faz um tempo que escreví, mas só agora quis postar, nem sei mesmo porquê. Taí, sem alteração de uma vírgula, pra quem ainda se lembrar de que o blog da liga ainda existe.)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Aula De Matemática - Tom Jobim


Pra que dividir sem raciocinar
Na vida é sempre bom multiplicar
E por A mais B
Eu quero demonstrar
Que gosto imensamente de você
Por uma fração infinitesimal,
Você criou um caso de cálculo integral
E para resolver este problema
Eu tenho um teorema banal
Quando dois meios se encontram desaparece a fração
E se achamos a unidade
Está resolvida a questão
Prá finalizar, vamos recordar
Que menos por menos dá mais amor
Se vão as paralelas
Ao infinito se encontrar
Por que demoram tanto dois corações a se integrar?
Se desesperadamente, incomensuravelmente,
Eu estou perdidamente apaixonado por você.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Poema de Natal - Vinicius de Moraes



Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.


Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.


Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.


Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas


Nascemos, imensamente.



Para meus mui amados amiguinhos da LP e LJ, desejo um Natal muito gostoso, com uma ceia bem calórica e muito vinho!!!

ENGOV ANTES E DEPOIS... Sem esquecer algum anti-ácido também!!!!


JESUS NASCEU!!! VAMO COMEMORAR \0/



sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Para Dolores

Menina que me vê
Na moldura da janela
Olhando pra você
Como olha Monalisa
Olhar sem compromisso
Como um quê que se admira
Olhar sem perceber
Cega o verso desta lira





* Vi sua reclamação ali embaixo e tive que responder prontamente. Saiu isso aí.

Beijos :)